quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Coisas de viagens

Você se imagina viajando para descansar, rever amigos e familiares, conhecer novos lugares, buscar negócios, estudos, enfim, está ali carregando malas e maletas, cheias principalmente, e não lhe ocorre que vai enfrentar algumas coisas bem curiosas, ou quase isso.


Caso de gente que senta ao seu lado, às vezes bem maior do que a capacidade da poltrona. E, pior, quando senta na janela ou no meio do setor central, parece que ele é que levou azar de ir ao banheiro mais vezes que você.


Desta viagem que estou acabando de fazer, por exemplo, tive que enfrentar um companheiro de viagem, entre Salt Lake City e Los Angeles, que não conseguia parar de mexer com a perna direita, fazendo algum barulho, quando não encostava no seu joelho. Pensei em perguntar se ele tinha algum problema, se era um cacoete, se estava nervoso, mas isso iria iniciar uma conversa que talvez derivasse para clima nada interessante. Nem mesmo depois, quando no ar, ele parou de mexer rapidamente com a perna...


As empresas aéreas descobriram um bom filão agora com os excessos de peso de malas dos passageiros. Foi-se o tempo em que você fazia uma viagem internacional e podia levar duas malas de até 32 kh cada. Hoje, tanto nos vôos internos quanto nos internacionais, são 2 kg e o restante você deve pagar. Algumas empresas brasileiras, como a TAM e a Gol, dão alguma fechada de olhos dependendo do número de passageiros. E tudo, a cada aeroporto que você 'visita', cada ocorrência lhe tira não menos que 50 dólares...


Em viagens mais longas, era comum assistir de forma coletiva a filmes. Hoje a coisa está evoluída, pois cada assento possui um aparelho para ver filmes e programas, ouvir, jogar, etc. Facilidade e conforto de um lado mas algum incômodo de outro, pois as empresas embutem anúncios a cada busca de filme ou programa de TV. Mas, como você tem poucas opções, sendo uma delas desligar tudo e totalmente, o jeito é absorver ou se estressar com as peças publicitárias.

Viajar é abrir horizontes, sempre se ouvia isso, e ainda se ouve, mas ultimamente você ter que tirar o cinto com fivela de metal, os sapatos, tirar o boné, relógio, óculos e outros instrumentos pessoais chega a ser risível. Mas, como isso se imagina fruto de sandices e burrices de alguns, a gente agüenta e se submete, afinal está indo e vindo neste mundo. Os erros de uns condenam a todos.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Ser vendedor...

Levei bom tempo para descobrir que sou um vendedor. Isso demorou porque nunca admiti que tinha aptidões para. Esqueci na verdade o fato de que, pequeno, ganhava das minhas tias Sofia e Guênia as sobras das verduras que tinham levado para vender nas feiras livres de Curitiba ou nas quitandas de seus contatos. Como não queriam levar de volta, deixavam comigo as verduras e eu, de carrinho, oferecia às vizinhas da rua Pará e Paranaguá. Num tapa as consultadas abasteciam suas casas de verduras frescas, sem qualquer agrotóxico. Tinha sempre um dinheiro acumulado, por horas, claro, fruto das minhas vendas.

Meu primeiro emprego foi um armazém de secos e molhados, ma rua Engenheiro Niepce da Silva, com o Arthur e Osny Feld. Menor de idade, carteira assinada, aprendi um pouco da arte de atender à freguesia, como servir cachaça em copinho pequeno para os habituês, medir/pesar mercadorias e entregar aos clientes.

Quando ingressei no jornalismo, aos 17 anos, tendo carteira assinada no dia 01 de dezembro de 1963 apenas, fiquei distanciado de vendas de um modo inconsciente, acho. Aprendia a redigir e enviar as matérias que eram publicadas na 'Última Hora', grande jornal da época, sem vincular seu conteúdo a qualquer sentido comercial, a não ser mesmo fidelizar leitores nos temas trabalhados. Ou seja, vendi ao jornal minha capacidade de trabalhar, vendi meu trabalho. Essa venda ficou apropriada primeiro por UH e depois pelo 'Diário do Paraná', Rádio Colombo, Rádio Cultura do Paraná, e por outros veículos mais, de modo oculto, sem que eu tenha sentido ter vendido o meu próprio trabalho.

Pois bem: a redescoberta de minha condição de vendedor pôde ser registrada com maior evidência e consciência quando fazia compras e vendas, tanto de casas e apartamentos quanto de veículos de minha propriedade. Uma após outra, essas vendas ocorriam sempre de modo satisfatório para ambos os lados, tanto para mim, que conseguia vender, quando para o comprador, que se satisfazia com o que adquirira. Lembro uma vez quando queria vender o meu SP 2 e o tinha exposto numa esquina ideal, na Coronel Dulcídio com Av. Batel: um casal simples, com uma criança no colo, extasiava-se com o veículo e queria porque queria comprar o produto. Eu tive dois ímpetos, um de que sempre dizia a verdade sobre o produto que estava vendendo, ou seja, os seus defeitos, se no motor, se na lataria, e outro porque estava com pena do casal candidato a comprar o veículo. O carro dera-me boas dores de cabeça e eu avaliei que aquele modesto casal teria mais problemas para manter e consertar o veículo quando de seu uso. Falei francamente dos defeitos por um tempo, após o que o sujeito me respondeu: "pelo jeito o sr. gosta muito do carro porque está colocando os defeitos para não vender". Não era verdade no todo, mas, pensei, já que o cara quer, que leve...

Tenho mesmo vendido muita coisa na vida, e todas sempre dizendo a verdade sobre o produto, mesmo que alguns negócios demorem para ser concretizados. Descobrir que somos vendedores é uma boa, desde que tenhamos em mente de que qualquer venda deve ser boa para os dois lados, para quem vende e para quem compra. Se descobrirmos com bastante antecedência de que temos inclinação para negócios, seguramente quando vendermos o nosso trabalho para uma empresa ou uma outra pessoa teremos uma melhor noção do nosso próprio valor...

Você já pensou nisso algum dia?