sábado, 19 de novembro de 2011

Estou ficando incompetente, mesmo!

Tenho para mim que, já nos cinquenta e tantos anos de atividades e de vivência com outros, fiquei incompetente para tratar de coisas que se relacionem com uma casa, um lar, um lugar onde os guerreiros teriam que descansar, curtir a vida, usufruir das benesses que uma pessoa com conhecimento e experiência mereceriam.

Vejam só que desgraça: ao precisar de um colocador de trilhos nas janelas e tetos novíssimos, eis que se telefona para um profissional, aquele que distribui cartões mil por toda parte, na portaria do seu prédio, no salão de beleza, nos balcões dos comércios, mostrando cores dos seus serviços. Você combina com ele a hora de fazer uma avaliação, quantos trilhos e janelas são, que tipo de cortinas quer colocar. Ele fica de telefonar para dizer a hora ideal, para ele, em lhe servir. Você espera, espera e nada vem de retorno. Você telefona a ele e recebe como resposta, bastante animada, uma promessa de lhe ligar mais tarde, até o início da noite, para dizer como estaria a agenda dele para o dia seguinte. Claro que não vem resposta alguma. E lá vai você, buchas, arruelas, parafusos, brocas e a sua máquina de fazer buracos resolver, sozinho, a sua necessidade....

Você combina com a fornecedora de gás que precisa de gás, claro, para acionar seus chuveiros e suas torneiras. Primeiro, a atendente pergunta detalhes de sua vida, dados, cep do seu prédio, como se não tivesse enviado antes um contrato de prestação de serviços de gás. Pergunta-me se já pedi ligação, pois enviar o contrato não queria dizer muita coisa, apenas mostrei interesse em receber gás em meu ninho de concreto. Bom, disse-lhe então que estava pedindo a ligação, ninguém me deu número de contrato e muito menos aquele necessário e longo número de protocolo. (Um parênteses: quando você pede um serviço por telefone, precisaria de tantos números de protocolo? São mais de treze números?!!!!!). A mocinha, responsável pelo atendimento, responde que está bem, iria agendar o atendimento, ou seja, ligar a torneirinha de luz no meu andar para que eu passasse a garantir mais ainda o seu salário, e que em até 48 horas úteis eu seria atendido. Tinha um feriado no meio, como se no feriado você não precisasse de gás para seu fogão e seu aquecedor, mas tudo bem, esperaria os até 48 horas para receber atendimento. Passaram-se as quarenta e oito horas e, pasmo estou eu, nada de virem me atender. Ligo de novo e ameaço que, se eu passar o final de semana sem gás, acionaria os meus direitos de consumidor. Meu pedido por fone foi na segunda, pois só no final de sexta, 60 horas depois, é que fui atendido!!!!

Você combina com a operadora de internet, telefone e sistema de canais de TV, naquele famoso e manjado ´combo´ (por que não chamam de pacote?!!!) que estaria interessado em receber os serviços, que estaria mudando de operadora de telefone e de banda larga. Recebe uma programação de que no sábado, das 8 às 12 horas, seguramente eu estaria atendido, pedindo por gentileza de que estivesse à espera do seu técnico. Vai lá, deixo de fazer meu programa, aguardo ansiosamente pela chegada do meu salvador e, passadas as 12 horas, ligo para o técnico e soube que o dito foi no meu prédio depois das 12 horas e a portaria não o deixou entrar pois o meu novo prédio não permite que depois do meio dia de sábado haja qualquer trabalho, por medidas regulamentares internas. E lá vou eu a telefonar para meu corretor, digo o que quero como consumidor, educadamente desta feita, e recebo a informação do supervisor que`"vou estar agendando atendimento para a semana que vem". E, assim, nesse horrível gerundismo telefônico, vou estar aguardando não sei quantos dias e quantas semanas para receber o tal do ´combo!....

Quase desolado, penso que fiquei incompetente para tratar de coisas simples, mas importantes, nesta vida maluca de cidade concretada nos sentimentos e nas facilidades que o mundo moderno oferece, ou deveria oferecer. Haja paciência. Tentarei sobreviver, no entanto.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Quando os engodos assolam a vida nacional

Tenho para mim que vivemos num país debaixo de engodos. Quando o governo anuncia tolerância zero para combater a corrupção, não se observa apoio algum dos políticos que exercem cargos representativos, todos se amoitam, se escondem, não há uma declaração sequer nos noticiários, nos sites deles, nos blogs, no facebook, no inovador tweeter, que muitos usam e abusam. Nas defesas, como visto nesta semana a partir do ministro do Trabalho, chega-se a debochar de quem o nomeou e a quem deve obediência, com bravatas sonoras diante de microfones e câmeras. Todo o dinheiro roubado, desviado, 'dado' para ONGs acopladas ao sistema de benesses governamentais ou partidárias, não volta aos cofres da nação adormecida em berço esplêndido...

O engodo do nosso combustível varonil: pagamos quase 3 reais por litro de gasolina mista quando a estatal privatizada em gabinetes nacionais vende gasolina sem mistura para a combalida Argentina por 65 centavos e, lá, nossos hermanos pagam o equivalente a 1 real por litro. Os motores dos seus carros, se usarem a nossa gasolina, pifam em seguida. E aqui, se usarmos gasolina pura, nossos veículos pifam também por não estarem preparados para isso, para usar gasolina limpa.

Se você estiver num coquetel qualquer, saborear um chocolate com licor, e, na volta para sua casa, tiver a infelicidade de se envolver num acidente de trânsito, ou for abordado por um guarda de trânsito, esteja certo que vai se submeter a mais um engodo: vão lhe condenar até 10 anos. Os 'congressistas' preocupam-se com coisas amenas; quem beber além da conta deve ser responsabilizado pelos seus atos, deve pagar pela infração, mesmo que as leis existentes devam ser aplicadas e cumpridas, que os executores das penalidades se comportem lenientes, complacentes, empurrando com a barriga decisões que imponham respeito aos direitos e deveres dos cidadãos.

Soltar fumaça em ambientes abertos, e até em praça pública, é coisa de criminoso, muitos protestam, reclamam, mas usam carros que poluem, permitem que empresas queimem resíduos e larguem mau cheiro em todos os cantos. Se realmente o fumo é prejudicial à saúde, como se proclama por aí, iniba-se a produção e o plantio, fechem as fábricas de cigarros ou aumentem seus impostos mais ainda para acabar de vez com o tal problema da fumaça. Mas, como deixar de recolher bilhões de impostos anualmente para que um gabinete presidencial possa gastar 20% do orçamento sem justificar destinos? Melhor continuar com o engodo.

Muitas enganações poderíamos ainda registrar para justificar nossas constantes perplexidades, sem soluções para um viver justo, respeitoso, adequado. Mas, tudo vai para debaixo dos tapetes nas salas de quem tem o poder, concursados, nomeados, designados ou simplesmente abrigados nas dezenas de partidos políticos...

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Uma cidade onde a fila por vezes não anda

Convivendo quase dez anos com situações urbanas lageanas e serranas, tenho que considerar algumas coisas de comportamento na agradável e por vezes curiosa cidade, onde a vida é curtida de modo descansado, creio eu.
No trânsito, é comum você conviver com pessoas ao volante que costumam botar a mão na buzina por qualquer situação. Contrastando com o jeito lageano, parece que esse alguém está se apressando por alguma coisa no seu dia-a-dia.

O som alto, com músicas estranhas que nada têm a ver com sonoridade audível e normal, grassa as artérias, com gente ao volante querendo aparecer, dizer que existe ou que está no pedaço.

Nas sinaleiras, ou nos sinaleiros, então, a coisa é estressante para quem quer andar normalmente. A sincronização, demorada e demasiada em algumas direções, não incomoda muito os motoristas, pois eles demoram para arrancar e, passados quatro ou cinco carros, eis que a fila estanca, não anda. E lá ficam veículos e mais veículos enfileirados à espera do novo sinal verde... Curioso que, nestas ocasiões, ninguém buzina, todos ficam ali vendo e deixando o tempo passar.

Fico curioso, também, quando presencio carros se movendo em algumas ruas a mais de 70 km por hora, entre um sinaleiro e outro. Que prazer tem esse motorista em correr tanto, tão desnecessariamente? O condutor estaria chapado ou drogado para se comportar assim, ou a adrenalina corre toda hora tão alta nas suas veias em todos os seus momentos?

Na área de prestação de serviços, a coisa fica no mesmo ritmo demorado das sinaleiras. Combina-se com o prestador de serviços uma hora para avaliar o pedido de sua necessidade, marca-se determinada hora e se fica no aguardo do ´favor´ do sujeito. Ele nem se comunica com você para dizer que não pode vir, ou para justificar alguma dificuldade de atendimento, e você fica ali na espera, muitas vezes dias e semanas. Ou, quando comparece, analisa o trabalho em vista e fica devendo um orçamento, que acaba não apresentando. Conheço muitos profissionais que almejam mudar esse paradigma.

Uma das coisas boas na cidade é o setor de estacionamento: poucas vezes você é multado e, se o for, comparece no departamento, compra como multa um talão ou dois e fica livre de autuação. Poucas cidades têm esse tipo de ação urbana. Contraste lageano para o mundo assanhado de aumentar receitas públicas.

Se é uma cidade ideal para morar? Claro que é, principalmente para aposentados ou pessoas que queiram uma vida calma, sem atropelos, respeitosa em alguns cruzamentos centrais. Mesmo enfrentando as situações descritas acima.

Se pudesse, ficaria aqui por mais tempo para não me estressar com as correrias da vida lá fora.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Vida do Malhado não é fácil, não

Vivi um inusitado momento numa madrugada de sábado de outubro, quando cheguei cansado de uma das viagens semanais ao interior. Cheguei na casa de Araucária, abri o portão, conduzi o carro até o interior e o deixei funcionando, puxando o freio de mão que não funciona como deveria. Saí do carro para fechar o portão, rapidamente, Quando voltei meus olhos para o carro, este estava descendo ladeira abaixo, davagarzinho, em direção à casinha do cachorro chamado Malhado.
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Corri atrás do veículo, que estava com a porta esquerda aberta e, dois metros antes dele bater na casinha do cachorro e nuns pés de uvarana e pau d´água, tentei pisar no freio, mas pisei apenas na embreagem, tentando segurar o carro com o ombro direito. O coitado do cachorro, acuado na corrente, perto de sua casinha, estava apavorado, não sabendo o que fazer. E eu, ali, lamentando a batida com para-choque de fibra partido...
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Agora sei porque o Malhado, quando me vê chegar com a camionete branca, no portão, corre rapidamente para sua casinha. Vida de cachorro não é fácil, mesmo.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Acho que sei, mas o povo deveria saber!

Se dezenas de rodovias foram entregues para serem pedagiadas por empresas privadas, quantos veículos e quanto foi arrecadado e gasto nos últimos tempos seriam perguntas que nem eu ainda sei. Mas que o povo deveria saber, isso deveria.
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Se nos Ministérios dos Transportes e do Turismo houve desvios de dinheiro público, seus ministros sairam ou foram saídos, suas equipes também, o certo seria que houvesse uma divulgação dos valores roubados e seus responsáveis punidos. Mas, pelo que se vê, ex-ministros são absolvidos pelos políticos quadrilheiros, o dinheiro some, toma doril e o erário público (sim, o bolso do brasileiro) absorve. O tutu foi pelo ladrão, ops, ficou com o ladrão. E nada se sabe disso. O dinheiro era fantasma, se auto-diluiu...
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Todos pagamos impostos, não importa se temos emprego ou não, se somos moradores ou ocupantes de favelas, mocós ou residências de luxo. Quando temos uma certa renda mensal e anual e temos que pagar ainda o Imposto sobre a dita renda, o certo e o justo seria que abatêssemos os valores dos impostos que pagamos no feijão, arroz, água, luz, telefones, gasolina, escola dos filhos, universidades, INSS, FGTS, IPTU, ITR. Mas, duvido que todo o povo saiba que está pagando mais de 20% de imposto sobre os produtos básicos de sua sobrevivência. E os quadrilheiros da política distribuem o dinheiro público entre si, querendo a cada dia mais e mais para si.
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O brasileiro, normalmente, sobrevive vendo e sentindo as coisas acontecem diante de si e pouco liga. Vejam essas greves dos serviços antes vistos como essenciais: a cada período, ficam privados de enviar e receber correspondências porque os funcionários dos Correios entram em greve duas ou três vezes por ano. Contas que não chegam em sua casa e você tem que correr atrás. Precisam de atendimento hospitalar e eis que até médicos paralisam suas atividades por quererem ganhar mais, o justo pelos seus serviços. Tenho um raciocínio meio radical: duvido que esse pessoal entraria em greve se houvesse paralisação nos seus proventos. Mas, nossas leis são protetoras da leniência cada vez maior no nosso país...
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Nesse caminhar, imaginem quanto prejuízo é provocado quando o transporte coletivo entra em greve, quando cobradores cruzam os braços, quando a Receita Federal deixa de fiscalizar o contrabando nas fronteiras, quando os policiais (até militares) páram. Temos, mesmo, tendências cordeirísticas... Haja!

domingo, 18 de setembro de 2011

`Sueltos´ dominicais

Tentemos explicar os motivos porque muitos motoristas entram e circulam em vias de 60km por hora e, ali no meio da pista, vão a 40...
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Quando cai uma garoa ou uma pequena chuva, ficamos intrigados poque quase todos os veículos à sua frente diminuem o ritmo, mesmo que a pista à frente esteja limpa, chamando-os a andar...
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Se você ficar longe do noticiário, televisivo principalmente, por alguns dias, pensa que ficará por fora dos acontencimentos. Ao retornar, confirma que nada perdeu, pois a maior parte das notícias era policial e de tempo ruim tanto aqui quanto lá fora. Novidades, só ruins, as boas não dão audiência. Triste, isso.
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Muitos puristas de linguagem estranham que repórteres pronunciem erradamente a palavra Paraná (acentuam Párana) nos noticiários. Cacoetes deles, querem inovar ou chamar atenção? Não se sabe, mas que soa mal, isso soa.
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Na madrugada, vemos um programa novo da Globo sobre esportes. Falam de times apenas cariocas e paulistas, de outros Estados, nada. O eixo Rio-SP continua dominando, ou pensa que domina, as coisas brasileiras. Pena.
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Amigos mandam via email denúncia de que os deputados federais arquivaram o projeto do ficha limpa e que a midia foi proibida de divulgar. Voltamos à censura? Ou continuamos censurados e quase ninguém esperneia? Todos estão felizes com as coisas como estão, pelo jeito. Passivos e felizes.
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Você já caiu numa calçada, depois de tropeçar numa saliência ou no meio fio? A sensação é assustadora, mesmo, naqueles segundos antes de sentir o solo perto do seu rosto, de sua cara. Vivi isto nesta semana, machucando levemente o mindinho da mão esquerda...
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Nas estradas onde existem placas de que o DNIT está implantando obras, você observa que os funcionários apenas tapam buracos, jogando uma espécie de areia preta, uma mistura de asfalto com pedriscos. E as saliências de anos existentes na BR 153, por exemplo, entre General Carmeiro e Palmas, continuam colocando em risco os veículos e as pessoas.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Gestão, co-gestão e congestão

Nada como viver num país em que ninguém se preocupa com a palavra gestão. Para resolver qualquer problema, o governo (ou seja, nós, que elegemos as pessoas que ali estão) busca aumentar os impostos. Qualquer reforma que se faça, principalmente envolvendo valores financeiros, nunca o resultado diminui os custos, sempre há aumento dos custos. Corrijam-me se por acaso estou errado. - - - - - - O famigerado IPMF, sigla de Imposto Provisório de Movimentação Financeira, acabou quando se descobriu que a grande parte do que era recolhido compulsoriamente das nossas contas bancárias era desviada para outros setores e não especificamente para atender às necessidades da saúde. Lembram disso? Pois bem. O problema estava na gestão das coisas, como fazer chegar os recursos para atender às necessidades de saúde da população. Mas o que acontecia era que os recursos eram gestionados para cobrir buracos do orçamento da União, empréstimos internacionais não pagos, juros astronômicos de contas feitas por governos principalmente para atender a interesses de grandes empreiteiras... - - - - - - Temos um emaranhado sistema de poderes: todos querem mandar e poucos obedecer. Vejamos o que acontece com nossas leis, complicadas para serem seguidas: fazemos leis e mais leis para ordenar as coisas e elas nos custam os olhos da cara. Temos representantes eleitos para executar os programas e as necessidades da população e um monte de órgãos para fiscalizar. Sabemos o que isso nos custa, os olhos da cara, sim. Quando alguém está querendo implantar alguma obra, eis que um órgão descobre que os procedimentos não estão legalizados, não são normais, não estão dentro dos preceitos normativos. E dá-lhe atraso no benefício. - - - - - Nosso país é mais estatal do que privado, temos certamente mais funcionários públicos do que particulares. Terei que pesquisar isso, mas acredito que meu chute está acertado. Se tirarmos os jovens ainda sem trabalho e a multidão de desempregados, teremos sim um país de servidores públicos. E tenho absoluta certeza de que a maioria está na área burocrática, de preenchimento de papéis e de fiscalização, poucos estão na produção. Porque, quando existe uma obra comandada por empresa estatal, a maioria absoluta de trabalhadores virá de empreiteiras do serviço público, ou seja, pessoas contratadas por empresas particulares Os chamados terceirizados. Pois os servidores públicos, mesmo aqueles de empresas da dita economia mista, estão lá, belos e perfumados, atrás de uma mesinha, computadores modernos à sua frente, `fiscalizando`..... - - - - - Creio que os nossos maiores problemas estão na gestão das coisas comuns. O sonhado sistema de co-gestão, em que todos estariam envolvidos nos problemas e nas soluções dos problemas, virou apenas uma efetiva congestão mental... E todos sofremos com isso.

domingo, 11 de setembro de 2011

Um jacu morreu no console do meu carro

Era manhã do dia 8 de agosto, eu apressado na estrada para dar uma palestra a alunos do Colégio Estadual de Faxinal da Boa Vista, em Turvo, quase divisa com Prudentópolis. Num dado momento, nas proximidades de Irati, eis que ouço um barulho enorme no lado direito do painel, com o vidro para-brisa quebrado e algo caindo no console do meu carro, perninhas se mexendo para a dianteira, cabeça para trás. E uma nuvem de penas tomando todo o interior do veículo. Um susto, uma coisa de louco, nunca tinha experimentado tal situação. O carro em movimento, até parar e dá-lhe penas para todo o lado, todo o interior do carro. - - - - - Assustado e brabo, logo que o carro foi parado, pego a ave e sem olhar bem para ela, abro o vidro da janela esquerda e atiro o aninal para o acostamento. E começo a dirigir o carro até a cidade para dar um jeito no para-brisa. Claro que as penas continuavam a circular dentro do carro, algumas saindo pelas janelas abertas. Quando chego na oficina e descrevo o que aconteceu, o mecânico me diz que eu fui batido por um jacu, uma ave um pouco maior que uma galinha que normalmente está nas estradas em busca de alimento, de milho ou soja caido das carretas. E. de fato, tive que concordar com ele, pois dificilmente uma galinha voaria de um barranco na altura da parte superior do para-brisa do carro. O jacu deveria estar no barranco e tentou voar para outro lado da estrada, desgraçadamente para ele e para mim, naquela exata hora de minha passagem por ali.... - - - - - Lamentável que a ave escolheu (se é que poderia escolher) uma forma de morrer no console do meu carro. Sinal de alguma superstição? Isso estava marcado na agenda da minha vida? Serei um predador das estradas? Muita coisa se passa pela cabeça em situações assim. Terei que me conformar com a denominação de que sou pessoa diferente: quando acontecem as coisas, elas são inusitadas. Penso que deixarei isso para os posteriores.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Cantinho Métio (VII)

Tenho que admitir e talvez convencer alguns mais chegados de que os tempos de criança e de criancices deveriam ser perpetuados na memória própria e de quem a gente ama. Passo hoje pela João Bettega, no Portão, em Curitiba e vejo tudo tomado por moradias, prédios, etc. num lugar em que antes dos anos 60 era apenas pradaria, campo, árvores e por vezes alguma clareira com campinhos de futebol, gramado cheio de cogumelos que costumava colher e levar para casa.
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Nas ruas Morretes, Niepce da Silva, Pará, Paranaguá e outras perto a gente tomava conta do espaço com brincadeiras mil, troca de gibis, jogos de caspela, colecionando figurinhas das Balas Zequinha, jogando bola num campinho da Pará, entre Morretes e Paranaguá. A zoeira era enorme, as brincadeiras de esconde-esconde costumavam reunir todos os meninos e todas as meninas dali. Comprávamos as coisas no armazém Dondalski (esquina da Niepce da Silva com Morretes), soltávamos raias que mais tardes soubemos que se chamavam de pipas, pandorgas. As raias bidês eram feitas por mim para serem vendidas, coletávamos os palitos de painas, os papéis de seda e fazíamos a cola a partir da farinha de trigo, pois não havia colas químicas naquele tempo. Fazíamos e soltávamos balões, corríamos atrás deles, com ferimentos mil quando entrávamos nos banhados e nas capeiras ali existentes. E invadíamos casas e jardins, para pegar os ditos balões.
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Quantas e quantas vezes saía correndo do campinho de futebol, perseguido por garotos amigos e vizinhos, pelo fato de ter pego a minha bola e terminado o jogo que não estava me agradando... Ou quando a gente se pegava em brigas com meninos de outras ruas que não faziam parte da nossa turma.
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Penso que fui ou ainda sou um privilegiado por me lembrar daqueles tempos e poder dizer que aquilo moldou a forma de ser e de viver mais tarde. Os amigos e conhecidos daqueles tempos costumam se mostrar ou aparecer, nas andanças pelo mundo, a maioria sempre emocionada por termos vivido uma infância bela, cheia de emoções e de divertimentos. E que nos tornamos gente que fez, faz e ainda fará pelo próximo, pelos viventes que nos restam perto.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Política usada e abusada

Numa sexta cobrativa, nada mais justo que pensemos como se encontra a prática política partidária em nosso rincão. Executivos indicados por partidos continuam nos dois lados, comandam e são autocomandados.
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Seria coerente um ministro como Carlos Lupi ser presidente do PDT e, ele mesmo, se indicar como candidato a ministro? Ou o governador do Paraná Beto Richa estar no executivo estadual e ao mesmo presidir o partido PSDB? Existe compatibilidade ou apenas seus filiados, no afã de manter vínculos e cargos comissionados, deixam a coisa correr solta, usufruindo de benesses sem se preocuparem com a moral, com a ética e com valores? Ninguém está aí com isso e o povo deixa rolar como se isso fosse normal.
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Se alguém tiver a curiosidade de ler os estatutos dos partidos vai ver a riqueza de seus conceitos e preceitos. O que prevalece nesse sistema político dito democrático brasileiro é o corporativismo. Se há mais de dois candidatos a um cargo e houver dificuldades para as eleições, eis que se barganha candidaturas e filiações e o STF confirma o que se acerta debaixo ou sobre os panos da mesa.
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Não sei não, mas enquanto houver posturas passivas dos interpretadores das leis e um Congresso que só pensa nos interesses particulares dos chamados 'representantes do povo', esse quadro de incoerência, da falta de moral e da ética, permanecerá e nosso país continuará sendo visto no mundo como uma terra promissora, rica e ficará eternamente na lista dos emergentes...

Nunca é tarde para sonhar, uma palavra quase esquecida...

Vejam se isso estaria errado: muita gente esquece de sonhar com alguma coisa, com algum desejo, com alguma coisa boa para si ou para outros. Ficam morgando na maioria do tempo, indo a barzinhos, experimentando prazeres que a nada levam a não ser passar o tempo. Quando param para pensar, se é que têm tempo para isso, continuam tocando a vida com ter um sonho, um desejo, um almejar.
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Quando isso passa, já estão mais velhas essas pessoas sem ter realizado alguma coisa boa para si ou para outros. Claro, há os que conseguem atingir seus objetivos, na maioria das vezes materiais, como casa, apartamento, carros, viagens, mas isso é passageiro, as casas ou moradas envelhecem também, desgastam-se, os carros vão parando nas estradas e ruas e vão para as sucatas da vida. Desejos tidos e realizados? Só materiais? E os que na maioria das vezes nada custam, apenas exigiram gestos e posturas das pessoas. Isso foi feito e conseguido? Tiveram alegrias em oferecer alegrias aos outros, ao próximo?
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Sonhos nada custam, basta tê-los e realizá-los. Mas isso exige tomada de decisão, iniciativa, criatividade, sensibilidade, conscientização, ir em frente sem medir espaços, andares. Quantos de nós, em várias fases da vida, ficamos em dúvidas diante dos rumos a tomar hoje, amanhã e depois de amanhã!? Lembro uma boa fase de minha juventude em que tinha expectativas diante do amanhã, não via a hora de virar adulto, de ter meu espaço pessoal, dentro e fora da família, como profissional também. Tinha anseios e desejos de ter meu próprio espaço na vida. E isso parecia que nunca iria acontecer.
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Posso dizer hoje que esses tempos e essas expectivas passaram, obtive sucessos, tive fracassos e convivi com maldades, insucessos, com aproveitadores das minhas experiências e meus contatos e considero que os sonhos foram até ultrapassados pela postura que consegui impor no meu dia-a-dia. Sou sonhador, sim, sou otimista também, mas a falta momentânea de visão e dos sentimentos alheios pode muitas vezes atrapalhar o seu andar em busca dos sonhos em ver um mundo melhor à sua volta, de ter amigos sinceros que normalmente são poucos, ter uma família unida e compreensiva que não sofra, não tenha dificuldades e que as coisas funcionem proporcionando alegrias e felicidades.
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Sonhos reais e possíveis? Existem, sim, desde que você tenha consciência do seu potencial, tenha a sensibilidade e a percepção diante do sentir das outras pessoas e veja nelas também uma forma de conjugar esforços pelo bem comum, pelas coisas certas e que deixem as maldades e os egocentrismos de lado. Se a gente perceber que os nossos direitos terminam quando começam os direitos dos outros, quando sentirmos que estamos conjugando e somando, quando vermos que o mundo é bom se quisermos e o fizermos, está aí, talvez, a fórmula correta de que os sonhos são possíveis, são viáveis. Basta agir e buscá-los.
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Não existe coisa mais realizadora do que ver e sentir estampados no semblante dos outros o resultado de sua ação pelo bem comum.

domingo, 13 de março de 2011

Espaços do servir, ainda temos?

Longe de mim achar estar.certo em tudo o que faço ou o que proponho, mas me instiga o fato de que o crescimento do nosso Rotary submete muitos dos nossos líderes a um impasse e a uma pergunta bem simples: temos lugar em nossa cidade, em nosso bairro, em nossa localidade para criarmos mais um clube de serviços como o nosso, com sócios iguais ou melhores que nós?

Esse raciocínio me direciona a uma colocação que desejaria ser avaliada. As reuniões de noite passam do tempo ideal, digamos, daqueles sessenta minutos em que se congrega o grupo, se anota o que foi feito na semana e o que pode e deve ser .feito na próxima? Será que nossos encontros são cheios de companheirismo, amizade, respeito, confraternização e camaradagem? Quando trazemos um possível candidato e ele observa que nossa agenda foi cansativa, repleta de notícias e poucas ações realizadoras junto à comunidade a que servimos, essa seria uma boa mostra de como atuamos na nossa organização?

E as reuniões de dia, será que elas são curtas demais e não permitem que a gente se confraternize, troque idéias e novidades?

Mas, e aqueles líderes que não gostam ou não têm tempo para Rotary de noite ou ao meio dia? Não seria bom ver horários alternativos para os profissionais que são exemplares no uso de seu tempo? Digamos, seis horas da tarde? Ou das sete às oito da manhã, ou das oito às nove?

No nosso Distrito 4740, estamos com uma nova e pioneira experiência em Santa Catarina. Está praticamente criado e funcionando um clube café da manhã, em Lages, que se chama Rotary Clube Lages Alvorada, já com a lista de 29 fundadores pronta para ser enviada a Rotary International. São pessoas, homens e mulheres, maioria jovens, super ativas e que encontraram no horário das 8 às 9 horas, às quartas-feiras, tempo para servir antes de pensar em si.

Não é original o clube café da manhã, no Brasil. O primeiro que surgiu foi o Brasília Alvorada e o segundo o Curitiba Cidade Sorriso, no Paraná.

O interesse desta mensagem a todos os rotarianos do nosso Distrito 4740 é dar um leve toque nos companheiros e companheiras para as lacunas do servir que possuímos em nossa cidade. Uma delas é a que esquecemos de arregimentar professores e profissionais que trabalham de dia e de noite sem ter possibilidades de participar dos clubes em horários tradicionais. Com um clube pela manhã ou no final do expediente (esta é uma das super boas ideias também), poderemos oferecer a muitos a oportunidade de fazer o que costumamos cultivar, o de levantar necessidades na área de atuação, dar as soluções e entregar a continuidade aos líderes que formamos ali, afinar entre nós o companheirismo, a lealdade e a amizade, dando exemplo ao meio em que vivemos e trabalhamos.

Seria utopia de nossa parte pensar com visão ideal de futuro, sabendo que muitos líderes profissionais e de negócios estão aguardando a nossa chamada para o servir, na conjugação do nosso slogan permanente, o de Dar de Si Antes de Pensar em Si?

Corrijam-me, por favor, se em algumas dessas colocações estou errado.


Miecislau Surek
Sócio RC Lages Norte, PDG 96-97 D 4730 e Instrutor Distrital 4740 2010-11

sábado, 12 de março de 2011

Será que estamos ficando velhos ou velhas?

Você está ficando velho ou velha quando:

- começa a ter dificuldades de se curvar para amarrar os cadarços dos sapatos. Ah, sim, só pelo fato de ter e usar sapatos com cadarços já denuncia que você é do passado não tão recente...

- faz a barba apressadamente, se é que ainda pode, e deixa uns pelos do rosto sem cortar...

- deixa de tomar banho de noite, antes de dormir, para tomá-lo no outro dia e continua esse outro dia sem fazer o que devia ter feito ontem...

- costuma fazer o seu próprio café e esquece de desligar a cafeteira em seguida...

- compra uma máquina de fazer pão, dessas moderninhas, fica maravilhado por estar vivendo esse tipo de vida atual e eletrônica e mistura erradamente os ingredientes...

- continua achando estar bom de memória e esquece as encomendas que sua mulher ou seu marido lhe fizeram antes de ir ao supermercado...

- acha estar ainda na flor da idade e passa batom acima do necessário nos lábios...

- encontra um amigo ou uma amiga em qualquer lugar deste mundo e fica intrigado/a por não se lembrar do seu nome ou sobrenome...

- conta uma piada e apenas você acha graça...

- tira uma panela do fogo e deixa a chama acesa...

- assiste todo dia ao noticiário da TV e dez minutos depois nada se lembra do que viu ou ouviu.,..

- sente pontadas no peito ou zumbido nos ouvidos e esconde isso de seu companheiro ou sua companheira...

- vai a um encontro em que a maioria é de jovens e conta suas estórias/histórias sem parar e sem perceber que o grupo vai diminuindo aos poucos...

- usa aparelhos de surdez e, nas reuniões, abre um semblante de atenção total tendo desligado antes o volume deles...

- fica irritado ou irritada quando alguém mais jovem o chama de tio ou de tia...

- aumenta o tom de voz ao descrever algum fato ocorrido sem perceber a reação dos ou das ouvintes...

- esquece detalhes que originaram seu namoro ou seu casamento...


(qualquer semelhança não é verdadeira e nem invencionice, necessariamente!)

quarta-feira, 9 de março de 2011

Cantinho Métio (VII)

Nem sei mesmo quando foi isso, mas deve ter sido ali pelos anos 92 ou 93,. Estava eu com meu primo Mário Lesniovski na sua chácara, passeando num barco pequeno, pelas águas do Passaúna, ele me mostrando a sua enseada, num papo legal, quando ambos ficamos na mesma borda e viramos, caindo na água. De pronto, ficamos sob o barco, assustados e tentando respirar. O Mário conseguiu sair e eu dei uma mergulhada, ficando algum tempo sem sair. Ele, lá fora, começou a ficar desesperado por não ver o primo. Quando saí, foi um alívio, sentamos na beira do lago e começamos a rir e a rir da aventura e do susto que passamos.
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Dessa aventura o que ficou foi a perda de uma das mais confortáveis e belas sandálias que eu tinha. Eram tipo canoa, adquiridas em temporada de praia, de férias, em Santa Catarina, acho que em Porto Belo ou Bombinhas. Nunca mais vi as ditas, só ficaram na lembrança daqueles momentos assustadores...
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Vocês podem imaginar cair na água, de um barquinho, sentir a falta de espaço, ver água por todo lado, escura, mexer-se todo e não ter idéia de como sobreviver? Nunca queira experimentar isso.

Discriminação estatal

Tudo bem que a Petrobrás patrocine um time de futebol, que alardeia ser o de maior torcida do Brasil, a do Flamengo. Sabemos que a Petrobrás é um holding, com mais de sessenta por cento de seu capital nas mãos de grupos estrangeiros e a sua diretoria apontada por um sócio minoritário, o governo federal, por questões estatutárias e composição acionária.
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Agora, ver nas camisas de um time carioca a logomarca de uma empresa 100% estatal, a Eletrobrás, que não tem concorrente, sendo a empresa que comanda o sistema elétrico nacional, salta aos olhos a discriminação de verbas publicitárias públicas. Algum juiz ou procurador federal denunciou isso algum dia? Claro que não. Vocë vê publicidade oficial do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal em equipes de volibol, de basquete, de futebol de praia, de futivolibol. Isso é justo para todos os brasileiros? Claro que não. E ninguém denuncia isso.
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Não sei bem como isso pode acontecer num país que se acha, apenas se acha, justo para os interesses comuns. Essas verbas, se fossem investidas nas escolinhas de esportes olímpicos, vai lá, daria para entender, pois precisamos incentivar a formação de campeões. Mas jogar dinheiro em clubes de investidores particulares, donos de passes de jogadores, mercadejadores dos talentos brasileiros, esquentadores de dinheiros escusos e ninguém, mas ninguém do Ministério Público denunciar esses descalabros e essas injustiças com o dinheiro comum é mesmo de virar a cachola.
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Em que país, na verdade, estamos?

A falta constante das palavras mágicas

Vocês já devem ter observado como a falta de educação e de gentileza tornou-se um hábito nos relacionamentos, nas comunicações entre pessoas. Conheço várias que dificilmente escrevem ou falam duas palavras que a gente costuma chamar de mágicas, quando queremos educar crianças: por favor. É doído sentir quando um atendente, no seu trabalho onde a polidez e a finura deveriam ser partes fundamentais na comunicação verbal com seus clientes, não dá demonstração alguma de que está sendo educado.
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Atendi a um telefonema de um atendente de prestadora de serviços que almejaria dar um recado para uma pessoa daqui da chácara. Perguntou por essa pessoa e, diante de minha resposta de que ela deveria estar fora do local onde reside, trabalhando, pediu para anotar o telefone para que fizesse contato até às 20 horas 40 minutos de hoje, sem falta. Nada de pedir por gentileza, por favor, nada mesmo. Na sequência, perguntou quem era eu na ordem do dia, o que era da pessoa. Respondi quem eu era e, pasme, do outro lado nada de pedir por favor, por gentileza. Eu, num ímpeto, disse: pode deixar que eu FAREI O FAVOR de dar o recado dele... Coisa de louco, e mal educado!!!!
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Outro dia, fui abordado por um sujeito que, de dentro do carro, quando parei no sinaleiro, me disse que eu tinha ultrapassado carros na rua João Bettega, no Portão, pelo acostamento daquela artéria. Espantando, perguntei quem era ele e qual a sua função para me dar admoestação por ter ultrapassado pelo acostamento. Não se apresentou, não disse quem era e repetiu que ´eu vou multar o senhor pela ultrapassagem!`. Disse-lhe que tudo bem, que esperaria a sua multada. Estava num carro particular, sem qualquer identificação de ser do Detran ou da Diretran, não saiu do veículo e nem mostrou credenciais. Eu mesmo, ainda espantado, procurei na João Bettega o dito acostamento e nada vi dele, apenas uma pista na calçada para pedestres e ciclistas. Eu usei uma das pistas disponíveis da rua, pela direita, que em certo ponto é usada para estacionamento de veículos. Estou procurando o dito acostamento e esperando a estapafúrdia multa... Que coisa de louco, nessa selva de pedra. Pode ser que o cara me abordou por estar com veículo com placa de Lages, Santa Catarina, pois ainda existe gente que discrimina pessoas de fora.
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Quero dizer que as palavras mágicas não foram extintas, não prejudicam em momento algum, fazem um bem danado para quem as usa e mostram que, sempre usadas, melhoram o mundo ao nosso redor.

terça-feira, 8 de março de 2011

Como nossa pronúncia é diversa!!!!

Fruto certamente das emissoras globais, nacionais e o uso de locutores com majoritária pronúncia, a do carioca, cheia de chiados e sons diferentes do que pede o vernáculo, eis que o brasileiro passa a ter nós na cabeça ao pretender falar corretamente. Não é inticação gratuita, como diria o catarinense do Litoral, mas quem almeja aprender a falar em público e ser entendido com mais propriedade, se se basear no noticiário carioquês, vai ter muita dificuldade em se comunicar com outrem.
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Vejamos: quando a palavra alguns tem o som de alguinsh? Só mesmo o ouvinte carioca vai achar que está certa; Paz é paz e não paish; susto não é sushto; e todas as palavras terminadas em o ou os não são pronunciadas como u e us.
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Tudo bem, tudo bem, muitos dos meus amigos vão dizer que essa diversidade se deve à cultura, aos usos e costumes regionalitas, à nossa geografia, aos nossos ancestrais ou aos nossos ´descobridores´, que aqui aportaram e deram as tintas na língua de além-mar. Mas que seria interessante e ideal que houvesse uma maior uniformização nas pronúncias, isso seria.
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O ideal seria que as redes globais, quando fossem difundir coisas de um Estado, usassem um mesmo estilo nas pronúncias ou, para mostrar a diversidade, a riqueza étnica, colocassem no ar todas as pronúncias existentes neste país muitas vezes adormecido para os aspectos culturais.
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Nós, fora do eixo carioca, merecemos mais atenções e que sejam respeitados com nossos costumes linguísticos regionais.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Cantinho Métio (VI)

Vamos para mais uma viagem ao passado infantil. Deveria ter uns seis ou sete anos e as brincadeiras possíveis lá em Serrinha, Contenda, onde morávamos, eram com bodes e cabritas. Todos os moradores tinham alguns desses animais, principalmente para leite. Não me lembro de ter comido cabrito, mas acho que em alguns momentos da família deveria ter havido carne nas refeições.
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Era comum aparecer caminhão tirando madeira dos bosques adjacentes. O modo de cortar as árvores chegava a ser rústico, no machado e nas serras puxadas a dois. Para colocarem as toras nas partes mais abertas, nos carreiros onde os caminhões podiam estacionar, cavalos encilhados arrastavam as ditas sob o comando, sob gritos dos adultos. Era um quadro que o menino via e procurava imitar.
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Como tínhamos alguns bodes, um ou dois eram por mim usados para fazer o mesmo, no tamanho infantil. Pedia para algum adulto cortar uma torinha para minhas brincadeiras. Com barbante forte, ou cordinhas formadas por uvaranas, 'encilhava' um ou dois bodes e amarrava a torinha para ser puxada. Pelo que ainda me lembro, as quedas e os esfolamentos de joelhos, mãos e braços eram constantes, quando não o rosto, que vivia arranhado. As cordas arrebentavam, os bodes fugiam e eu ali, estalado no chão, com a frustração da brincadeira interrompida...
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Desse local há lembranças da ferraria do meu pai Francisco, que ficava perto de uma aglomeração de casas e da escola. Muitas vezes, imitava meu pai ao esquentar um ferro e tentar, com martelo, na bigorna, fazer uma faca ou mesmo esticar o metal. Houve uma vez que me escapou o pedaço do ferro e atingiu canela da perna, com muita dor e me deixando um sinal, uma marca até hoje visível. Acidentes infantis, na tentativa de imitar ações dos adultos...
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Outra atividade infantil era apanhar canários terra, colocar em viveiros e vender para os passantes. Possuía muitas gaiolas, que eu mesmo fazia, usando painas e filetes de taquaras, alfinetes, fixados e amarrados entre si. Alçapões também, um tanto rústicos mas que apanhavam as pobres aves. Canarinhos amarelos, super amarelos, cantores, faziam parte do meu patrimônios para vendas. Pintassilgos também eram apanhados nas lavouras e nas beiradas de estrada. Não posso hoje me orgulhar dessas atividades, mas eram coisas e fatos que ocorriam no mundo de uma criança curiosa, ávida sem sentir pelo porvir.
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Depois que nos mudamos dali, quando tinha uns oito anos, para morarmos em Curitiba, na Rua Morretes, 88, bairro do Portão, ficaram apenas as lembranças das peripécias de menino. Nunca voltei para aquele lugar, mas ainda tenho tempo de, ah, tenho sim.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Temos muito de Tiririca, ah se temos!

Nenhum sociólogo deve ter levantado em suas pesquisas isso: o nosso legislativo e, mesmo, o executivo, está representando realmente o nível cultural do nosso povo, dos seus eleitores? Parece brincadeira de criança, sem muitas responsabilidade e é mesmo bastante hilário, mas todo povo tem no seu governo o que merece, o que está à sua altura e na sua real representatividade.
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Vejamos as eleições de figuras como o palhaço e humorista Tiritica, o jogador de futebol Romário, o Índio Juruna, até o jacaré Cacareco do Rio de Janeiro. Gozação irresponsável, sim, mas que mostra que a vontade do povo é diversa, difusa e uma forma de criticar o sistema eleitoral vigente, que é estabelecido e trabalhado por poucos para muitos nesta aldeia insensível de pedras urbanas. E o que faz o povo, em sua maioria? Com memória curta, achando que pode levar vantagens diversas, vende seu voto por ninharias, recebendo valores ou coisas que considera merecedores de suas tendências e vontades. E elege figuras folclóricas só para registrar seu nível de cultura pobre.
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Observemos o quadro dos nossos representantes nos Legislativos e, claro, por extensão, Executivos. Estão ali os representantes minoritários do povo, pelas regras eleitorais. Na somatória dos votos, pouco mais de 30 por cento de todos os votos garantem a presença dos representantes que, sempre no começo das Legislaturas, prometem fazer uma reforma eleitoral. Mas ficam apenas nas intenções, logo empurrarão com a barriga o assunto e tudo fica como está, deixando para o Judiciário decidir as confusões, os nepotismos, as regras desregradas que beneficiam aqueles mesmos marginais da ideal cidadania.
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E nós, Tiriticas da vida, continuaremos com nossas lidas.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Cantinho Métio (V)

Bom, no início da década de 50, os piás das Ruas Morretes, Pará, Niepce da Silva, principalmente, reuniam-se para duas coisas: jogar búrico ou caspela. O primeiro era bola de gude, coisa que a gente aprendeu depois, quando os meninos disputavam quem colocava as bolinhas num buraco, ou se chegava mais perto do buraco. Ganhava quem punha as ditas lá dentro ou sua bolinha chegava mais perto. Já o jogo da caspela era que você teria que ter uma arruela e, batendo no poste de madeira, chegava mais perto de uma marcação, na conhecida caspelada. Quem perdia, ou seja, ficasse mais longe da marca, tinha que pagar com figurinhas das famosas Balas Zequinha.
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Ah, sim, e as figurinhas das Balas Zequinha! Havia algum prêmio maior para quem completasse a coleção dos 100 Zequinhas. Sempre tinha uma delas difícil, era a de número 100. A gente gastava todas as economias, se é que os parcos dinheiros daquela gurizada podia ser chamada de economias, na compra das balas. As balas eram doces, sim, mas o papel que as envolviam continham figuras do Zequinha. Quem viveu nas periferias de Curitiba, naqueles tempos, deve se lembrar.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O preço da fama ou todos querem a desgraça dos vitoriosos?

Quando alguém como o jogador de futebol Ronaldinho resolve parar de trabalhar, aos trinta e quatro anos, alegando problemas de saúde, eis que surgem os que o apóiam e os que o criticam. Alguns, entristecidos naturalmente, por se tratar de um atleta de muito sucesso, no campo e fora dele, ainda mais pela sua contribuição para a beleza de jogadas de futebol no mundo. Se o chamaram de Fenômeno, havia motivos: em muitas oportunidades ele se mostrou fenomenal, pelo tipo de jogada, pelo jeito de botar a redonda no fundo das redes, lá no véu da noiva, no linguajar dos narradores.
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Agora, como tem gente maledicente quando alguém de sucesso na vida profissional resolve se ´aposentar´ naquilo que mais sabe e mais gosta! Se por um lado propiciou rendas e receitas para seus empresários e patrocinadores, percebendo também o que foi de seu direito, por outro um menino de sucesso, nascido nas periferias cariocas, ficou afamado pela vida desregrada fora de campo. Ouvi e vi a apresentadora Maria Braga descrever quantos filhos teve e tem, dentro do casamento e nas escapadas enquanto varava as noites e madrugadas fora. Parece normal que ele tenha tido um filho numa fortuita aventura depois de uma estada num bareco qualquer. Afinal, Ronaldinho podia fazer isso e seria bem normal. Hoje, aposentado, é descrito como um pai exemplar, que acorda de manhã e leva seu filho para a escola.
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Cruel deve ser a vida de gente com fama. Não tem sossego, em qualquer lugar, reunido com amigos na noite, é flagrado em alguns gestos que, ampliados pela imprensa sensacionalista, mostram estar aprontando. Se vai mal das pernas, engorda, a torcida pega no pé e o destrata. Chega um momento em que essa pessoa famosa resolve dar um basta, ser normal, embora tendo contribuído tanto para o esporte bretão. Mas, nem assim é deixado em paz, afinal, é o Ronaldo Fenômeno que, como pessoa, ser humano pensante, resolveu pendurar as chuteiras.
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Há setores da população que apreciam ver a desgraça alheia, assim como ficam embasbacados quando acontece um acidente em qualquer lugar. Mas, mais do nunca, muitos gostam de ver ou saber que alguém de tamanho sucesso na vida profissional, que tanto beneficiou o futebol brasileiro, finalmente chegou no lugar dos comuns cidadãos. Que pobreza de mentalidade e comportamento.
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Todos devemos homenagear Ronaldo, pelo que fez em sua brilhante carreira.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Cantinho Métio (IV)

Vão longe os tempos e as lembranças por vezes se esvaem, mas, antes que esfriem e desapareçam, é bom registrar.
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Imaginem ir para a aula descalço, calção curto e camiseta fina em pleno inverno, depois de uma tremenda geada, sem sentir que era sacrifício, era normal naqueles tempos, l953-54. Meus pés eram calejados, não usava sapatos e a escola não impedia que aluno pobre como eu estivesse na sala descalço.
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Façam ideia do susto e da dor em que um dia, por teimosia de garotinho, acho que com uns cinco ou seis anos, sua cabeça foi colocada num tanque com água gelada, apenas para receber ´educação paternal´ de que precisava lavar o rosto pela manhã, quando acordava... Era um tratamento de choque que, hoje, mereceria um B.O. Nunca mais deixei de lavar o rosto pela manhã, por mais fria que estivesse a água.
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Boas lembranças dos tempos em que ia de lotação, ou de bicicleta, até a rua André de Barros, em Curitiba, na firma onde meu pai trabalhava como ferreiro, na Transparaná. Levava a marmita para meu pai e, antes que reiniciassem as atividades, ali pelas 13,30, jogava volibol com os colegas de meu pai Francisco.
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Perto da Rua Morretes, já na Rua Pará, havia um campinho onde a gente jogava bola todo dia. Como a bola era minha, comprada com o fruto de minhas vendas de verduras na vizinhança, meu lugar no time, embora não fosse lá um grande jogador, era garantido pela propriedade. Se houvesse uma briga ou alguém queria entrar no meu lugar, o jogo terminava, muitas vezes numa desabalada corrida para casa, com bola grudada no corpo, e a turma querendo me pegar e bater...
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Já adolescente, com menos de 14 anos, fiz uma proposta e me transformei sócio da Sociedade Operária Beneficente do Portão, bem ao lado da Igreja, no início da João Bettega. Não sei como aceitaram sócio de menor, como era chamado na época. Ia aos bailes e matinês dançantes e cumpria a valer o costume de salão: se você convidasse uma moça para dançar e ela não quisesse, você tinha que ficar naquele lugar, na frente da mesa onde ela estava, como um fora social inadmissível. Muitas vezes ficava lá o Métio, plantado, sem deixar a mal educada garota dançar com outro....

Estamos felizes nas cavernas?

Se você ingressou numa organização internacional como Rotary, execeu quase todas as funções e atribuições delegadas pelos seus pares, aliás, super pares por serem líderes em suas atividades profissionais ou de negócios, chega num ponto de avaliação se realmente tudo o que fez foi útil, justo para todos os interessados, criou amizades e boa vontade e distribuiu reais benefícios a todos os interessados. Ah, e se você foi verdadeiro em tudo o que foi feito. Alguém do nosso relacionamento comunitário já avaliou isso algum dia?
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Pois estes pensamentos chegam por vezes em nosso dia-a-dia numa busca de se saber se o que foi realizado teve algum benefício. Creio sinceramente que para mim isso foi super importante, no que posso considerar de crescimento pessoal, aumento de auto-estima, ou preservação dela. Em eventos restritos ao clube, fora dele ou mesmo em acontecimentos regionais, nacionais ou internacionais, sente-se que o que está sendo feito tem importância, validade, beneficia muita gente, cria laços, faz com que não nos sintamos solitários no que pensamos e fazemos. Solidariedade é uma grande arma da vida em comum, mesmo que muitos criem cavernas para si mesmos.
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Sinto-me provocado quando constato que alguns desenvolvem as suas cavernas vivendo fora dali. Paradoxalmente, essas pessoas do meu relacionamento sabem difundir as regras, falam em amor e carinho, amizade, companheirismo, são até solidários em causas comuns, mas estão ainda nas suas cavernas. Conjugam aquela frase do faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço...
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Fico raciocinando que o egoismo se encalacra em algumas mentes e não há cartilhas ou livros que as façam sair de suas cascas. Será que elas conseguem abrir mão pelo comum, perdoar erros do próximo ou de si mesmas? Será que não sentem quão sublime é ser verdadeiro e saber realmente o sentido do ato de perdoar? Mundo difícil esse mundo do cada um para o seu lado, cada um faz o que quer sem vislumbrar que agir com solidariedade não é apenas dar alimento a quem tem fome ou água para quem tem sede... O ser humano dos atuais tempos deveria ser solidário consigo mesmo, aumentar os círculos de sua vivência e sobrevivência e trazer alento a quem está desesperado, mostrar caminhos que façam esse mundo mais pacífico, mais feliz e mais realizado.
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Assim, fico imaginando quantas desilusões e tristezas que alguns pequenos gestos nossos provocam em pessoas sem que tenhamos a verdadeira consciência que aqui estamos porque um ser superior nos trouxe para estas paragens físicas! Não agradecer e não retribuir por isso, deixando de nos comportar como seres verdadeiros, justos, amáveis e benéficos, é próprio de quem quer viver em cavernas.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

'Sueltos'

Uma carroça em plena avenida Getulio Vargas em Lages, puxada a cavalo, tinha uma placa na parte traseira: Eu vou com Deus e volto com Deus. Perguntei ao carroceiro se ele acreditava em Deus e ele respondeu que sim, mas o nome do cavalo era Deus....
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De repente, diante de uma loja, eis que um sujeito já de meia idade, acima de meia, com 80% da cabeça sem cabelo, ergue o braço e tenta se pentear. Coisa non sense...
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E aquela rádio de São Joaquim, Nevasca, larga um anúncio de um mercado dizendo que ali estavam promovendo uma grande promoção....
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Você anda pela BR 116, logo depois da ponte que divide os Estados de SC e RS, e percebe que sete km são um caos, sem a terceira pista, ou mesmo uma extensão do asfalto no que se acha ser acostamento. Termina a concessão e se começa mais um período e nada de obra que justifique a alta taxa de pedágio. Até quando?
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Nossa Copel (Companhia Paranaense de Energia) anuncia ser uma das melhores concessionárias do Brasil, e até do mundo, no governo anterior, mas bastam umas trovoadas lá em Campo Largo para que os proprietários rurais de Araucária fiquem horas sem o benefício da luz. E nada dos pintos nascerem, sem o devido aquecimento das chocadeiras.
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As maravilhosas razões do ser

Vejam que coisa bonita: um companheiro de Rotary, Alceu Pagani, daqui de Lages, SC, atende há muitos anos um grupo de moradores do bairro da Penha, tem seu nome no Centro de Convivência como homenagem pelas coisas feitas, mas, mesmo assim, não para de ter ideias e planos. Resolveu fazer um programa de hortas residenciais, ou seja, cada um dos quatro bairros vizinhos, através de suas lideranças, escolhe dez residências e lança o plano de horta particular, com ajuda de acadêmicos, de especialistas, etc. O Rotary dele, Lages Coral, arregimenta forças e dará devida assistência.
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Na reunião do lançamento da ideia, foram convidados quatro presidentes de associações de bairros e apenas um apareceu. Não houve problemas: se um veio, é com esse que se inicia o plano. Vão fazer novos encontros, em breve, e escolher os que querem aderir, se dez na Penha ou mais dez ou vinte nos bairros vizinhos, não importa, a ideia foi lançada e será executada. Com isso, implantado o programa dentro das técnicas necessárias, cada morador terá a sua horta e, na certa, no decorrer do tempo, até os vizinhos dos vizinhos vão aderir, pelo visual ou mesmo por querem acompanhar uma coisa espetacular.
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Todos os presentes ao encontro vibraram com o clima criado e com o entusiasmo dos idealizadores e dos receptores do plano. O que faz com que uma pessoa busque modificar o mundo ao seu redor? Que estranho esse jeito de liderar que propicia benefícios a quem está ali, na sua casa, assistindo televisão, passando o tempo e deixando espaços no seu quintal sem qualquer utilidade? Ou apenas tendo um espaço para gatos e cães? Alguém tem que agir para melhorar o grande mundo que esta à nossa volta, girando as horas e o tempo, esperando que o fim demore a chegar...
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Parece letra de música, mas não é. O fato é que a iniciativa de um líder, com apoio e ajuda de outros líderes, membros do Rotary Clube Lages Coral, pode transformar as coisas e mostrar que o esforço coletivo é uma das maneiras ideais de cumprir com o lema permanente dos rotarianos, o de "dar de si antes de pensar em si", fortalecendo comunidades e unindo os continentes. Temos certeza de que as sementes brotarão nas hortas residenciais dos bairros inicialmente focados, servindo de exemplo para outras comunidades. O nosso mundo é muito especial, em que o ser racionaliza coisas maravilhosas e procura trazer felicidade, além de cuidar da própria saúde alimentar.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Estamos preparados para enchentes e enxurradas?

Lembro bem dos tempos em que trabalhava no Edifício Demeterco, ali na Dr. Murici, em Curitiba, num dos andares ocupados pela Assessoria de Relações Públicas da Copel, quando, por muitas vezes ficávamos ilhados no prédio pelo lago de quase um metro de altura formado pela chuvarada que caia e suas águas não escoavam pelos bueiros. Muitos chegavam a usar barcos para transitarem por ali e até alguns cobraram o salvamento com pequeno pedágio. Era hilário de um lado e triste de outro. Só depois que a administração municipal aumentou a canalização que isso acabou.
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O indagar "estamos preparados para as enchentes e enxurradas" puxa esse artigo. As pessoas estavam durante algumas décadas apenas preocupadas com o aquecimento global, que o mundo está derretendo, que estamos longe das adversidades climáticas e, de repente, como que de um nada, surgem os deslizamentos de morros e encostas, as cidades têm árvores derrubadas, carros amassados e pessoas morrendo ou se ferindo porque exatamente naquele lugar e naquele instante estavam ali, diante do problema, da enxurrada, das águas levando tudo e todos. O que fazer diante do imprevisível? Mas, seria realmente imprevisível?
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Vamos incursionar nos motivos que nos levaram ou nos levam a isso. As cidades vão inchando, chegam levas de pessoas que ocupam os espaços, não importa se no morro, à beira dos rios ou mesmo nas baixadas. Erguem suas moradas normalmente sem autorização dos Executivos municipais e ali passam a viver, ou tentar viver. Ninguém lhes deu orientação a respeito de possíveis problemas em morarem ali, a responsabilidade social das empresas de energia elétrica e de água obriga-as a levar o benefício mínimo, o de dispor de conforto e higiene. Esgotos?, nem pensar! Bueiros adequados?, ora bolas, para quê? Serviço público que direcione ou escoe adequadamente as águas que chegam e correm pelas suas ruas?, isso ninguém imagina!
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Elegemos pessoas para cuidar das coisas públicas e elas se acomodam nas cadeiras do poder e da politicagem e o povo que se lixe. Aliás, o lixo consequente da vida dita moderna (se é que a vida urbana pode ser chamada de moderna, inovadora) é também um dos motivos pelas águas anuais que assolam a nossa paciência e o nosso sentido crédulo naqueles que nos deveriam representar e agir em nosso nome.
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A pergunta é essa: estamos preparados para enfrentar as enxurradas e as chuvaradas? Pensemos nisso quando encontrarmos os prefeitos, os vereadores e os deputados, para não falar nos nobres senadores. Ou quando formos cobrar plataformas de governos, durante as suas campanhas.

Estamos ficando cegos, mudos e passivos?

Quando uma pessoa fere a ética e as normas de cidadania, abre buracos nos relacionamentos e continua fazendo o mesmo, acreditando naquilo que transgrediu e transgride, não seria avaliada como cega, que não vê o que a cerca? Tenho muitos conhecidos assim, e não posso os considerar amigos.
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Quando você discute, chega a ficar irritante até para si, busca motivos fúteis para justificar a sua posição, isso também não seria cegueira? Conheço muitas pessoas que sabem que estão erradas, seus atos não trazem pacificação e não trazem benefícios para os outros, e nem para si.
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Façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço, essa é uma frase que mostra a cegueira de comportamento atual de muitas pessoas. Quantos de nós pertencemos a organizações que têm normas de comportamento e motivações, pagamos mensalidades para ficarmos ali e, paradoxalmente, só as aplicamos em nosso egoista interesse? Quando é para os demais, com justiça, a gente fica cega e, por vezes, muda.
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Ora, isso tem pouca importância!!!!

Foi o que pude deduzir na reunião que debatia e tentava aprovar o primeiro regimento interno de um edifício na República Argentina. Quando revelei que o documento estava eivado de erros de digitação, de português, de dúbia interpretação, eis que um grupo de moradores e acompanhantes chegou a dizer, através de um membro, que isso não tinha tanta importância, o importante era decidir os assuntos que interessavam naquele momento. E o grupo iniciou um barulho aprovativo. Pode isso?
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Pode ser que apresentei o assunto de uma forma muito incisiva, com tom de voz bastante crítico, que é um dos meus pecados orais em alguns dias mais atribulados, mas não dar importância ao que está e como está escrito, num documento que norteará normas e condutas num residencial vai além das inconsequências do comportamento e entendimento do que é coletivo, numa comunidade.
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O pessoal da administradora tentou justificar os erros, informando-me até que o teor do documento foi uma junção de dois regimentos internos de outros edifícios. Tudo bem, isso até é bom, pois se pega duas experiências e se aplica numa edificação nova, cuja maior parte de proprietários se constitui de jovens casais, certamente iniciando suas vidas a dois e com pouca experiência nos procedimentos dentro de um sistema de convívio condominial.
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Quando há reuniões de pessoas em que os aspectos documentais aparecem errados, são discutidos de modo impositivo e quem comanda parece mais interessado em passar as coisas para a frente, encurtando o tempo para debates, ou dizendo que isso vai ser melhorado no futuro, o meu espírito por justiça igualitária assume por vezes comportamento que mais tarde até me arrependo: brigo por coisas certas, ainda mais quando se trata de um documento que vai regrar as coisas num condomínio.
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Quando uma pessoa sai de uma casa, onde as dificuldades estavam nas divisas de paredes ou de muros com vizinhos, folhas de árvores ´sujando´ as calçadas e as calhas, grama e jardim por cuidar, ali havia um comando e um domínio apenas seu ou de seus familiares. Ao passar a morar num conjunto residencial, essa pessoa e seus familiares teriam que assumir uma nova postura, agora as coisas com vizinhos é diferente. Alguém vai ser eleito síndico, subsíndico, haverá um conselho fiscal e, em seu nome, um grupo fará a administração de sua ´nova casa´. Alguns esquecem que sua nova residência, ressalvado o interior de seu apartamento, de sua fração ideal, agora terá que funcionar em expressiva forma coletiva, onde as palavras bom senso, tolerância, paciência e espírito comunitário predominam ou devem predominar.
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Espero que as pessoas de bom senso, de visão comunitária e de cidadania tenham entendido que meus aportes no plenário foram apenas em busca de coisa certa, justa e que não tenhamos problemas futuros quando ocorrerem transgressões e conflitos na interpretação dos regulamentos. Os limites de uns começam ou terminam nos limites dos outros. Vamos apreciar ou vivenciar os efeitos de um novo laboratório de vida. Estou agora num verdadeiro clube, espero que seja socialmente interessante, patrimonialmente respeitável e valorizado e que meus 263 novos vizinhos curtam comigo e com minha mulher momentos de ordem, paz e de vizinhança educada, com as regras e os documentos no vernáculo. No mínimo, isso.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Criar ou não novos clubes de Rotary?

Determinado nas coisas como sempre fui, tive alguns exemplos de como e porque fundar novas células da organização Rotary Internacional, ao qual pertenço desde novembro de 1979. Muito comum pessoas com liderança se acomodarem e entrarem na vala comum do dizer 'ah, isso é difícil!', 'não vai dar certo!', 'para que um novo clube?', 'já temos muitos clubes aqui', 'está tão bom o meu clube com 20, ou 25 sócios!', 'a cidade não comporta mais um clube!'.
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Com experiência no assunto 'criação de novos clubes', o observo com alguma tristeza que conjugar liderança profissional com ação se tornou nos últimos dez ou quinze anos um problema para o crescimento e a manutenção dos quadros sociais. Faltou à maioria dos administradores a propalada visão de futuro que seria, ou é, um dos mais fortes predicados para quem recebe atribuições de motivar, comandar e fazer as coisas acontecerem numa organização de propugna pela paz e compreensão entre os povos, acionando suas potencialidades de liderança exemplar, com valores éticos e morais.
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Sou favorável, sim, a criarmos novos clubes em comunidades de cinco mil habitantes para cima, ou até com menos gente, desde que haja um trabalho de base dentro dos prncípios rotários. Se existirem e acharmos pessoas realmente líderes naquilo que fazem, que se preocupam com a felicidade do próximo, que constróem o seu mundo e de outros a partir e na definição da Prova Quádrupla (1. É a verdade?; 2. É justo para todos os interessados?; 3. Criará boa vontade e melhores amizades?; 4. Será benéfico para todos os interessados?), eis a chance de se formar novo clube ali. Basta descobrir um a quatro líderes profissionais de mão cheia no local para lançar a semente do novo clube.
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Segredos de como não dar certo ou ter muitas dificuldades, pelas experiências vividas: não escolher grupos de empresários apenas, não pegar grupos de amigos e familiares apenas, não querer apenas jovens profissionais, muitas pessoas envolvidas em política partidária ou administração eleita, ou grupos de pessoas com atividades parecidas. Ensinaram-nos e deu certo que o ideal é descobrir quatro profissionais que não sejam sócios entre si, amigos em esportes ou outras atividades sociais. A partir dessa escolha e descoberta, fica mais fácil multiplicar valores no novo grupo do servir antes de pensar em si.
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Não atropelar no treinamento e nos ensinamentos, dar um certo tempo dos novos assimilarem os conceitos e os preceitos do Rotary, estes seriam os caminhos para se formar um clube forte e bem representativo nas atividades válidas dentro da comunidade. Deixar que a criança descubra por si o mundo maravilhoso do servir através do seu exemplo pessoal e profissional; que curta o seu exemplo e dos demais, em termos pessoais e profissionais. Esta pode ser a dica ideal de mostrar que existem valores a serem cultivados e aplicados nos programas em favor das comunidades.
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Tenhamos consciência das nossas potencialidades em 'dar de si antes de pensar em si' no campo de expansões externa ou interna. Devolvamos ao nosso dedicado padrinho, ou à nossa dedicada madrinha, o gesto despreendido que ele ou ela tiveram em nos escolher para integrar Rotary. Descubramos em nós a semente que pode brotar e crescer, transformando-se numa árvore frondosa e benéfica que ampare as carências cada vez maiores do nosso mundo.

SITUAÇÕES EXPERIMENTADAS
1. Cascavel Harmonia - o clube número um, o RC Cascavel, levou mais de vinte anos para ousar criar mais um clube. Era eu secretário do então presidente Arno Sagmeister e, na hora de me convidar para o cargo, disse que sim, desde que formássemos mais um clube na cidade. Ele topou e iniciamos os trabalhos, partindo de dois grandes amigos, Edimar Ulzefer e Charles Uscocovitch, companheirões que deram a largada com quatro a cinco profissionais que não eram amigos. O clube vive e trabalha muito bem até hoje, formou e forneceu, como continua fornecendo, ao Distrito 4640, líderes ativíssimos.
2. Curitiba Cidade Sorriso - Já no Distrito 4730, por iniciativa do padrinho Mário Pilotto, governador do meu tempo de presidente do Cascavel, 85/86, eis que meu segundo clube, o RC Curitiba, resolveu criar o primeiro clube café da manhã, chamavam-no de Clube do Canto do Galo. Foi formado com entusiasmo com ex-rotarianos, eu inclusive indiquei nomes, entre eles Zildo Costa e Rubens Roberto Hatitzreuter, que chegaram a presidentes mais tarde. O clube era para ser o primeiro café da manhã do Brasil, mas perdemos para o RC Brasilia Alvorada, alguns dias antes. Deu certo mais de quinze anos. Talvez por falta de renovação ou mesmo programas houve desmotivação. Fizeram grandes programas enquanto viveram Rotary, um deles o do plantio de palmitos na Serra do Mar, por muitos anos. Alguns sócios, quando foi fechado, passaram a outros clubes, outros ainda estão sem clube.
3. RC Campo Largo - Numa cidade progressista como Campo Largo tinha existido um clube que foi fechado por várias circunstâncias, uma delas, alegavam, era a oposição de um sacerdote. O clube, em sua segunda versão, funcionou animado e motivado por quase 10 anos, quando foi fechado por uma ordem unida da Presidência de RI de que clubes com menos de 15 sócios ou aumentavam ou teriam que ser encerrados. Decidiram terminar, pois não encontravam novos sócios e, os que entravam, o fizeram mais por amizade ou por interesse de marcar presença comunitária política. Recentemente, foi fundado um novo clube, com reuniões ao meio dia e, pelo que soube, está indo muito bem.
4. RC Curitiba Novos Tempos - Tivemos a ideia de fundar um clube com jovens líderes profissionais, ex-rotaractianos. Foi fundado, era uma verdadeira estrela do servir, mas a entrada e saída de sócios era constante, à medida em que eles, jovens nas suas atividades, iam buscar novas oportunidades, grande parte fora da cidade. Ou seja: uma experiência super válida, mas apenas com associados de faixa etária mais baixa foi até lamentável por não ter dado certo. Perto de dez associados decidiram fundir o clube com o Champagnat, com um quadro social mesclado de experientes rotarianos e permitiu uma oxigeração nas lideranças. Vários do Novos Tempos repetiram presidência, já num clube experiente como o Curitiba Champagnat.
5. RC Paranaguá Taguaré - Este clube foi criado no primeiro mês de minha Governadoria, 96/97, trabalhado pelo grande rotariano Fernando Caldas, que tinha sido governador dois anos antes. Clube misto, deu verdadeiro show de serviços desde o seu início. Hoje continua sendo uma das estrelas do Distrito 4730. Foi formado na base ideal, com distribuição adequada de profissionais e pessoas de negócios. A cidade de Paranaguá comporta mais células rotárias, a partir do exemplo do Taguaré, com apoio dos co-irmãos Paranaguá e Paranaguá Rocio.
6 - RC Bituruna - Cidade pequena, no extremo geográfico do Distrito 4730, foi fundado na nossa gestão a partir do incentivo de dois rotarianos de Porto União, o ex-governador Ary Carneiro e o então governador do 4740, companheiro Ary Carneiro Júnior. Deu certo nos primeiros anos, fizeram um trabalho super interessante na comunidade, mas durou menos de sete anos. Os motivos seriam muitos, mas o desintesse de alguns líderes em renovar presidências e conselhos diretores, além da existência de relacionamentos pessoais e de cunho partidário, foram os pontos fatais para o seu fechamento. Estamos neste ano rotário reabrindo os estudos na tentativa de fundarmos, de novo, o clube, agora com as orientações renovadas de RI e com participação de líderes profissionais femininas.
7 - RC Pontal do Paraná - Este foi um grande e especial desafio, contra opiniões de muitos, inclusive do Litoral, mas o clube foi fundado contando com experiência de alguns ex-rotarianos e está funcionando maravilhosamente até os dias de hoje. Atendem carências da comunidade, reunem-se com entusiasmo e fazem a diferença na prestação de serviços na comunidade a que atendem, em mais de trinta balneários que compõem o município.
8 - RC Lages Alvorada - Ideia idealizada no Distrito 4740, pelo RC Lages Norte, esta nova célula teve início na motivação e na organização em setembro, com reunião de quatro membros na primeira semana, seis nas demais e hoje, janeiro, está com 19 nomes, homens e mulheres, firmes na formação do primeiro clube café da manhã de Santa Catarina. Seus líderes e demais associados decidiram continuar a sua organização sem pressa e sem convidar nomes afoitamente, para preencher a lista mínima de vinte e cinco. Já constituiram as comissões internas e devem fechar a lista antes de Rotary International comemorar seus 106 anos, em fevereiro.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Cantinho Métio (III)

Quando menino, claro, pois estas histórias são da época, era comum minhas tias Sofia e Guênia deixarem o que restou das não vendas de verduras nas feiras livres para meus primeiros negócios com as vizinhas, que me conheciam pelas traquinagens no bairro. Punha tudo num carrinho de mão e lá ia eu a bater nas portas e nos portões das casas, vendendo e abastecendo semanalmente as minhas compradoras. Eram sempre as mulheres quem compravam, agradecendo.
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Pois não me atinava que tinha tendências para vendas. Isso somente aprendi quando tinha uns trinta anos, que a vida é cheia de negociações, trocas, negócios. Mesmo quando tive meu primeiro emprego, já com 14 anos, de balconista no armazém de Artur Feld, na Engenheiro Niepce da Silva, no Portão, carregando sacos de coisas do paiol para o interior da venda, nunca imaginava que poderia ser um vendedor. Tinha meus e minhas clientes, servia a todos mas nunca vislumbrei ser um vendedor.
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Hoje posso dizer que esse negócio de vendas está em qualquer pessoa. Se não tem coisas a vender, vende a sua própria mão-de-obra, como profissional de qualquer ramo, seja intelectual ou fisicamente, e muitas vezes a gente se vende muito barato, por um salário, por uma remuneração que permite sobreviver, ter coisas, aumentar seu consumo, abastecer seus apetites e sonhos de patrimônios.
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Ou seja: descobri que minha primeira atividade remuneratória estava num carrinho de mão, batendo porta em porta e amealhando uns bons trocados que davam asas à imaginação de ter minhas balas, comprar papéis e painas para fazer raias, pipas, pardorgas que, naturalmente, eram negociadas com os meninos com menos habilidosos nisso, mas abonados.
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Vidinha boa, aquela e hoje com lembranças das amadas e bondosas tias...

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Estamos mesmo numa República?

Parece ser um material para uma ilusória coluna do Livre Pensar. Mas, diante de tanta coisa que a gente sabe que existe e que não sabemos como funciona, será mesmo que estamos vivendo numa República? Senão, vejamos:


1. A indústria do lixo em qualquer cidade é um grande negócio para uns, comandado por alguns sem que se saiba qual o verdadeiro volume de recursos manipulados. Alguém poderia nos dizer qual é mesmo o balanço do trabalho de recolher o lixo e depositar e quanto isso rende para o Município ou quanto o Município gasta com isso? Sabe-se que são feitas licitações, que determinados grupos de empresas assumem as atividades mas não se tem prestação de contas, abertas, para o que distinto público, viseirado contribuinte, saiba de valores. Se é um grande negócio? Ora, se é. Por isso e outras coisas que as licitações são feitas, anunciadas, registradas e contestadas. Grande$ intere$$e$, grande$ negócio$.
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2. Sabe o pobre mortal, contribuinte e pagador quase até pelo ar que respira, qual o volume de dinheiro em caixa nos Tribunais e nos cartórios? Poucos são os privilegiados que conhecem isso. A gente até pode imaginar que existem leis e decretos estabelecendo os procedimentos judiciais, mas não há publicação nos diários oficiais e muito menos nos veículos de comunicação que poderiam e deveriam difundir as coisas à luz das coisas republicanas...
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3. E transporte coletivo nessas plagas brasileiras? Imaginemos que a coisa é pública, ela é, de fato, legalizada, mas é coisa pública concedida para quem gosta de lucros, em nome do povo, seu patrã. Os governos não conseguem administrar diretamente e, assim, delegam essas tarefas para quem se sinta competente. Fazem as concessões. Formam-se empresas, ou grupos de empresas e, claro, os donos das empresas formam um pool e distribuem entre si o trabalho. Sabemos nós quanto que arrecadam e quanto que repassam aos munícipes, através dos Executivos? Os diligentes e sempre atentos vereadores e as vereadoras sabem qual é o balanço diário, semanal ou mensal dessas concessões? Duvido, mas que é um grande negócio, i$$o é...
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4. O volume que se arrecada com os impostos pelo uso de automóveis, sabemos qual o montante e onde é aplicado? Há leis e decretos regulamentando tudo isso, que deve haver prestação de contas, mas apenas ao Tribunal da União? E o povo desta República, conhece os montantes arrecadados e usados?
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5. Enfim, este livre pensar instiga a gente a cuidar mais do nosso bolso. Usar o menos possível as coisas vistas como públicas. Pois, se pagamos pelo serviço, precisaríamos conhecer os destinos das nossas contribuições...

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Cidadãos de pedra e de gaiolas

Vou ser avaliado como uma pessoa diferente, por alguns, e doido, por outros. Mas, o que as pessoas da cidade sabem da natureza? Quase nada. As cidades vão crescendo porque as pessoas saem dos sítios, de suas casas com jardins e quintais e passam a morar em apartamentos. Eles, os adultos, até que se lembram do que é grama, árvore, insetos, bichinhos, mas os filhos e os netos nada sabem sobre isso.
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Ver brotar uma flor, uma semente germinando, surgindo o tronco, criando folhas. Saber o que é um formigueiro, um enxame de abelhas, besouros, andorinhas, saracuras, tucano, gavião, um ninho de pássaros, como as galinhas botam, como e porque os galos cantam, gansos, patos, animais como capivaras, jaguatirica, lagartos, etc. Isso tudo, para a maioria absoluta de crianças que moram em gaiolas urbanas, existe mas é perigoso, segundo pais zelosos que transformam seus filhos e netos em seres de pedra e do asfalto.
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Vai longe o tempo em que nós, crianças, tínhamos aulas práticas de como fazer uma horta, como semear alface, repolho, cenoura, beterraba, plantar batata doce, batata inglesa, ver uma lavoura de milho, de trigo ou centeio, participar das colheitas, ver como os adultos de então se reuniam para colherem comunitariamente os seus trigais, milharais, etc. Como colher manualmente era difícil e demorado, o governo fornecia colheitadeiras e, ali, alternamente na casa dos produtores, os vizinhos se juntavam nos chamados pixerões (mutirões de hoje) e faziam a colheita do trabalho individual.
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Quanto tempo levaria para que os novos cidadãos conheçam o que realmente é a natureza? Ouvem falar do meio ambiente e nem se ordenam para diminuir o lixo que produzem todo dia em sua casa, nas ruas, no trabalho. Brigam pela internet pela preservação do meio ambiente sem ao menos saber quantos produtos químicos são jogados diariamente em alimentos que ingerem. Ficam teorizando coisas sem ir à fonte das coisas.
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Que pena estarmos vivendo momentos em que as crianças nada sabem e pouco saberão sobre o mundo em que vivem. Das suas gaiolas de pedra, contemplam um mundo bem restrito, como restrita será a sua convivência com o natural, o simples.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Cantinho Métio (II)

Sempre ruim em matemática, a ponto de não conseguir pontuação para exame de admissão em ginásio, ali pelo final da década de 50, em duas vezes, eis que meus pais resolveram me mandar para o Seminário Menor São Vicente de Paulo, em Araucária, internando-me ali por dois anos. Foram dois anos diferentes, muito estudo, muita disciplina, com um aprendizado nunca esquecido.
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Padres em sua maioria nascidos e vindos da Polônia, exigentes, deram-nos aulas e castigos por falhas e faltas, mas o que foi assimilado serviu para as andanças posteriores. A maioria dos alunos era formada por filhos de colonos, majoritariamente de descendência polonesa. Sabem lá o que é ter aulas no primeiro ano de ginásio e aprender cinco línguas? Português, claro, mais inglês, francês, latim e polonês. Ter aulas ginasiais com história do Brasil e história geral, geografia completa.
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Nomes de professores que marcaram: José Damek, José Zajac, Domingos Wisniewski (que chegou a bispo), Pawel Paszyna. Eram aulas pela manhã inteira e a tarde dedicada a estudos num enorme salão onde estavam mais de 120 seminaristas. Havia cinco séries, o pré-ginasial e as demais quatro ginasiais. Os mais velhos e de classes avançadas ficavam na parte dos fundos, havia um monitor geral. E não havia jeito de enganar, tinha que estudar.
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Claro que continuei com dificuldades em matemática, passando sempre raspando, mas o português foi assimilado de tal forma que da terceira série em diante, até os bancos iniciais da universidade, nunca precisei de grande esforço na escrita. Posso dizer que, graças ao tempo de Seminário e das aulas de português, leitura, virgulação, composição de textos, ganhei uma profissão como escriba. E foi um pulo, aos 16-17 anos, para as redações de jornais. O primeiro emprego, como repórter, foi a Ultima Hora, em 1962, quando completei 18 anos.
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Há muita coisa para relembrar do Seminário. Darei uma rememorada em breve, com mais curiosidades. E peripécias de jovem, filho de ferreiro e de costureira, nos bancos escolares e fora deles. Há coisas que acho podem aguçar os amigos que nos visitam.

Questões de responsabilidade....

Quando alguém é eleito, precisa cumprir com suas tarefas, certo? Quando um nomeado pelo eleito exerce suas atividades, estará fazendo tudo em nome de quem assinou a portaria, certo? Se você acha que isso é normal e acontece, assim, está redondamente enganado.

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Vejamos: um vereador, deputado ou senador escolhe sua assessoria, tem verbas para isso, faz uma seleção ou pega seus cabos eleitorais e envia o documento para a mesa diretora do Legislativo, para os procedimentos legais de praxe. Claramente, ele, o indicador, é o responsável pela escolha, pela nomeação. Se este nomeado dá expediente, se é mulher dele ou filho, ou neto, se tem qualificações, isso pouco importa. O nomeador é o responsável.

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O mesmo poderia ser visto quando um prefeito, um governador ou um presidente nomeia seus auxiliares, secretários municipais, estaduais ou ministros. Quem nomeia deve ser o responsável pelas escolhas.

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Mas, se esses auxiliares atuam mal e continuam nos cargos, algo estaria errado no conceito da moralidade, do justo e do certo, por estarem agindo em nome da vontade popular, do povo, o contribuinte e o pagante. Não seria certo punir aquele que assinou a nomeação? Afinal, se foi eleito por vontade de uma maioria e se escolheu sua força auxiliar para cumprir com seus compromissos públicos, nada mais justo e certo que qualquer ato irregular recaia em sua ilustre pessoa.

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Infelizmente, neste Brasil dos bananas isso não acontece. Descobrem-se grandes desvios, grandes falcatruas e a culpa fica com o porteiro do prédio, o caseiro, o garçom. Grandes rombos continuam abertos ou são fechados pelo compradio, por decurso de prazo e assim vai o nosso mundo desfiladeiro abaixo.

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Busca-se gente que nos represente bem, ao nosso nível de educação, de respeito, de moral, de ética e de justiça. Mas a conjugação disso tudo por vezes revolve nosso interior e não há 'engov' que resolva...

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Se lá tem, por quê aqui não vai ter?

“Até no Vaticano tem corrupção”, diz ex-presidente da Funasa
Após auditoria da Controladoria Geral da União (CGU) apontar um desvio dos cofres da Funasa de R$ 500 milhões em quatro anos o ex-gestor do órgão, o deputado eleito Danilo Forte (PMDB-CE), justificou e disse que “até no Vaticano tem corrupção”. De acordo com reportagem da Folha, além da justificativa, Forte atribuiu os desvios às gestões anteriores e disse que reduziu a incidência de corrupção no órgão. “Não posso assegurar que acabou a corrupção na Funasa. Não sou maluco. Mas as torneiras, que eram escancaradas, foram fechadas numa proporção e numa velocidade muito grandes”.

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Este texto é do site da revista Época e o meu triste comentário seria apenas com estas duas palavras: então, tá.

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Imaginemos que houvesse uma lei em que qualquer executivo, político ou não, se tivesse que ser responsabilizado pelos atos durante sua gestão ou mandato durante vinte ou trinbta anos, ele realmente quereria aquela função? Muitos, conscientes de suas missões, talvez aceitassem os cargos e encargos mas dificilmente tomariam medidas que soubessem não serem adequadas e que, lá na frente, teria que responder por elas.

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Agora, com tantos usuários da Lei de Gerson brigando por cargos públicos, fazendo chantagens partidárias inclusive, difícil aceitar argumentos como os dados pelo político Danilo Forte, antes mesmo de assumir seu mandato. Até quando vamos aceitar, passivamente, esses enganadores!?????

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O caráter pode ser avaliado, sim

Num certo momento você percebe uma mudança no comportamento de um conhecido, de um amigo e até de um parente. Começa a pensar e imaginar quais são ou foram os reais motivos desse novo jeito da pessoa. E chega rapidamente a receber as explicações quando soube que essa pessoa recebeu algum poder maior, virou síndico, ganhou um certo dinheiro a mais ou mesmo passou a ter melhores condições de vida, em termos patrimoniais, financeiros principalmente ou um mero cargo em que patrão ou seus sócios lhe deram algum comando, alguma presidência, alguma chefia.
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Alguém já escreveu a seguinte frase: para conhecer o caráter de uma pessoa, basta lhe dar o poder. Haveria alguma verdade nisso? Para quem não se preocupa com essas coisas, pouco importa. Mas, se você começar a botar a memória em dia e tentar fazer uma viagem ao seu passado, em inúmeras circuntâncias da vida, particular ou profissionalmente, vai confirmar que a frase está certíssima. Basta ver quem mexe com dinheiro, caixas de banco, de lojas, diretores ou chefes de tesourarias, eis que a maioria, quando conversa com alguém, já demonstra que acha que tem mais poder no ambiente.
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Quando candidatos a cargos públicos, mesmo com tempo pequeno de mandato pela frente, os aspirantes atuam humildes, afagam as pessoas, abraçam todos, dão beijinhos nas faces das pessoas que aparecem aos encontros, às reuniões, aos comícios (hoje em dia raros, pelo custo e pela falta de motivação popular, a não ser que haja shows). Sorrisos largos e constantes, riem de piadas fúteis, apertam as mãos de todos, continuam abraçando. Depois, se eleitos, busquemos os ditos para ver se estão se lembrando do que prometeram, do que anunciaram. O poder já lhe subiu na cabeça e o jeito é preparar o caminho para a reeleição, quando novamente voltam a atuar no palco das promessas infindáveis e irrealizáveis. Essas pessoas, em sua maioria, têm caráter positivo ou negativo? Não interessa se é mau ou bom, mas dá para avaliar em que nível está o seu caráter.
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Seria até divertido se houvesse uma fichinha anotando os comportamentos das pessoas para definir se ela tem bom caráter, servindo até como subsídio para ser incluída no cadastro, digamos, da recente Lei da Ficha Limpa. Mas daí iriam nos chamar de doidos pela ideia...

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Cantinho Métio (I)

Você poderia imaginar chegar numa sala de aula, no curso primário, aos 8 anos e meio e, quando a professora fazia a chamada, um aluno não respondia? Pois isso ocorreu no Grupo Escolar Presidente Pedrosa, na atual Av. República Argentina, em Curitiba, bem no início da Rua Morretes. Era provavelmente fevereiro ou março de 1952 e a professora Ester queria saber onde estava ou se estava ali um tal de aluno com o nome Miecislau! Acanhado, descalço, com um uniforme branco que a mãe Anna costurou, eis que o menino Métio estava sabendo que seu nome mesmo era Miecislau!!!! Explico: em polonês, o diminutivo carinhoso para Miecislau era Mieciu e, para entender no português, Métio ficou encalacrado. Até hoje encontro velhos e antigos amigos que se lembram desse apelido.
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Segundo explicaram amigos estudiosos sobre nomes poloneses, Miecislau foi a tradução dada no Brasil para o nome do primeiro rei cristão da Polônia, Mieszko I. Na linguagem original, o nome era Rei Mieczyslaw I, com o L cortado, que se pronuncia u. Estas explicações pude obter bem mais tarde, quando ingressei em seminário dos padres vicentinos, em Araucária. Segundo meus familiares, o nome tinha sido escolhido pelos meus pais, mas com grande torcida do avô José Gembaroski, em Thomás Coelho, Araucária, onde nasci. Dizem até que o avô, tão entusiasmado com o nascimento de mais um neto, foi quem fez o registro e nem se lembrou do dia real do nascimento, 27 de junho, e colocou no registro dia 25 de julho... Pelo que sei, foi ele quem foi ao cartório em Araucária e fez o registro.
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Prometo acionar a memória na sequência, lembrando o que fazia o garoto Métio nos seus primeiros tempos.

Para medir o nível do povo

Numa pequena praça, na cidade paranaense de Palmas, uma senhora, de trajes simples, senta num dos bancos, tira da sacola uma banana, descasca-a e a consome normalmente, como se fosse um pequeno lanche. Antes de absorver a iguaria, ela pega as cascas e as coloca numa sacola de plástico... Revelação e relato feito pelo meu colega de trabalho, Jair Fabiciack, que ali estava para um serviço profissional. Ele, vivente pelos vales do Itajaí, SC, ficou admirado com o comportamento da mulher. Pelo que se vê e se desola por cidades diversas desse nosso Brasil.
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Da janela do escritório, em Lages, eis que nossos ouvidos são atacados por um barulho vindo de potentes alto falantes instalados em carros, grandes, médios ou mesmo pequenos. Com um detalhe: o veículo está com suas janelas abertas, o sujeito no volante, normalmente com boné de aba longa, vai adiante como que curtindo o seu `maravilhoso som`. O que passa na cabeça de um ser para fazer isso, é o que a gente se pergunta. Ele quer ressaltar o seu gosto pela música ensurdecedora que foi produzida para ambientes fechados, para se movimentar o corpo ou quer mostrar que é um pobre coitado logo logo cliente de uma clínica de otorrinolaringologia? Que curtidor de barulho é esse que fica com o som tum-tum-tum danado sem ritmo ou nota musical?
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Nas ruas de cidades maiores, principalmente as mais movimentadas, as que servem como vias rápidas, embora o limite seja de 60 km horários, você obedece a esse nível de velocidade enquanto alguns ficam a 20 ou 30 por hora. Aquela via que deveria servir para ser mais rápida, torna-se caótica, ao ponto de dez ou vinte quadras se transformarem numa verdadeira tortura. Os mais apressadinhos, nem sempre os mais capazes no volante, passam a costurar o tráfego, não respeitando espaços e nem sinalizações. Pelo que se imagina, as clínicas desestressantes estão tendo bastante movimento nos ditos tempos modernos...
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Daqui a pouco vão introduzir cursos profissionalizantes de sacoleiros. Sim, pessoas que andam de lá para cá carregando objetos em sacolas. Como conseguir o registro de profissional de sacolas, este seria o título do curso, mesmo que seja por correspondência. Deve haver, no currículo, dicas de como ludibriar a alfândega, como falar com o funcionário da receita e como colorir aquela sacola que está trazendo produtos importados da China. Que nível de controle seria possível para incrementar mais esta criatividade brasileira no contexto da nossa economia?
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Se a gente quisesse realmente pirar, e para isso não precisaria de muito esforço, acredito que entender o povo e suas atitudes nos atuais tempos seria um tremendo exercício de magia.