domingo, 20 de fevereiro de 2011

Temos muito de Tiririca, ah se temos!

Nenhum sociólogo deve ter levantado em suas pesquisas isso: o nosso legislativo e, mesmo, o executivo, está representando realmente o nível cultural do nosso povo, dos seus eleitores? Parece brincadeira de criança, sem muitas responsabilidade e é mesmo bastante hilário, mas todo povo tem no seu governo o que merece, o que está à sua altura e na sua real representatividade.
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Vejamos as eleições de figuras como o palhaço e humorista Tiritica, o jogador de futebol Romário, o Índio Juruna, até o jacaré Cacareco do Rio de Janeiro. Gozação irresponsável, sim, mas que mostra que a vontade do povo é diversa, difusa e uma forma de criticar o sistema eleitoral vigente, que é estabelecido e trabalhado por poucos para muitos nesta aldeia insensível de pedras urbanas. E o que faz o povo, em sua maioria? Com memória curta, achando que pode levar vantagens diversas, vende seu voto por ninharias, recebendo valores ou coisas que considera merecedores de suas tendências e vontades. E elege figuras folclóricas só para registrar seu nível de cultura pobre.
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Observemos o quadro dos nossos representantes nos Legislativos e, claro, por extensão, Executivos. Estão ali os representantes minoritários do povo, pelas regras eleitorais. Na somatória dos votos, pouco mais de 30 por cento de todos os votos garantem a presença dos representantes que, sempre no começo das Legislaturas, prometem fazer uma reforma eleitoral. Mas ficam apenas nas intenções, logo empurrarão com a barriga o assunto e tudo fica como está, deixando para o Judiciário decidir as confusões, os nepotismos, as regras desregradas que beneficiam aqueles mesmos marginais da ideal cidadania.
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E nós, Tiriticas da vida, continuaremos com nossas lidas.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Cantinho Métio (V)

Bom, no início da década de 50, os piás das Ruas Morretes, Pará, Niepce da Silva, principalmente, reuniam-se para duas coisas: jogar búrico ou caspela. O primeiro era bola de gude, coisa que a gente aprendeu depois, quando os meninos disputavam quem colocava as bolinhas num buraco, ou se chegava mais perto do buraco. Ganhava quem punha as ditas lá dentro ou sua bolinha chegava mais perto. Já o jogo da caspela era que você teria que ter uma arruela e, batendo no poste de madeira, chegava mais perto de uma marcação, na conhecida caspelada. Quem perdia, ou seja, ficasse mais longe da marca, tinha que pagar com figurinhas das famosas Balas Zequinha.
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Ah, sim, e as figurinhas das Balas Zequinha! Havia algum prêmio maior para quem completasse a coleção dos 100 Zequinhas. Sempre tinha uma delas difícil, era a de número 100. A gente gastava todas as economias, se é que os parcos dinheiros daquela gurizada podia ser chamada de economias, na compra das balas. As balas eram doces, sim, mas o papel que as envolviam continham figuras do Zequinha. Quem viveu nas periferias de Curitiba, naqueles tempos, deve se lembrar.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O preço da fama ou todos querem a desgraça dos vitoriosos?

Quando alguém como o jogador de futebol Ronaldinho resolve parar de trabalhar, aos trinta e quatro anos, alegando problemas de saúde, eis que surgem os que o apóiam e os que o criticam. Alguns, entristecidos naturalmente, por se tratar de um atleta de muito sucesso, no campo e fora dele, ainda mais pela sua contribuição para a beleza de jogadas de futebol no mundo. Se o chamaram de Fenômeno, havia motivos: em muitas oportunidades ele se mostrou fenomenal, pelo tipo de jogada, pelo jeito de botar a redonda no fundo das redes, lá no véu da noiva, no linguajar dos narradores.
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Agora, como tem gente maledicente quando alguém de sucesso na vida profissional resolve se ´aposentar´ naquilo que mais sabe e mais gosta! Se por um lado propiciou rendas e receitas para seus empresários e patrocinadores, percebendo também o que foi de seu direito, por outro um menino de sucesso, nascido nas periferias cariocas, ficou afamado pela vida desregrada fora de campo. Ouvi e vi a apresentadora Maria Braga descrever quantos filhos teve e tem, dentro do casamento e nas escapadas enquanto varava as noites e madrugadas fora. Parece normal que ele tenha tido um filho numa fortuita aventura depois de uma estada num bareco qualquer. Afinal, Ronaldinho podia fazer isso e seria bem normal. Hoje, aposentado, é descrito como um pai exemplar, que acorda de manhã e leva seu filho para a escola.
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Cruel deve ser a vida de gente com fama. Não tem sossego, em qualquer lugar, reunido com amigos na noite, é flagrado em alguns gestos que, ampliados pela imprensa sensacionalista, mostram estar aprontando. Se vai mal das pernas, engorda, a torcida pega no pé e o destrata. Chega um momento em que essa pessoa famosa resolve dar um basta, ser normal, embora tendo contribuído tanto para o esporte bretão. Mas, nem assim é deixado em paz, afinal, é o Ronaldo Fenômeno que, como pessoa, ser humano pensante, resolveu pendurar as chuteiras.
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Há setores da população que apreciam ver a desgraça alheia, assim como ficam embasbacados quando acontece um acidente em qualquer lugar. Mas, mais do nunca, muitos gostam de ver ou saber que alguém de tamanho sucesso na vida profissional, que tanto beneficiou o futebol brasileiro, finalmente chegou no lugar dos comuns cidadãos. Que pobreza de mentalidade e comportamento.
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Todos devemos homenagear Ronaldo, pelo que fez em sua brilhante carreira.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Cantinho Métio (IV)

Vão longe os tempos e as lembranças por vezes se esvaem, mas, antes que esfriem e desapareçam, é bom registrar.
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Imaginem ir para a aula descalço, calção curto e camiseta fina em pleno inverno, depois de uma tremenda geada, sem sentir que era sacrifício, era normal naqueles tempos, l953-54. Meus pés eram calejados, não usava sapatos e a escola não impedia que aluno pobre como eu estivesse na sala descalço.
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Façam ideia do susto e da dor em que um dia, por teimosia de garotinho, acho que com uns cinco ou seis anos, sua cabeça foi colocada num tanque com água gelada, apenas para receber ´educação paternal´ de que precisava lavar o rosto pela manhã, quando acordava... Era um tratamento de choque que, hoje, mereceria um B.O. Nunca mais deixei de lavar o rosto pela manhã, por mais fria que estivesse a água.
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Boas lembranças dos tempos em que ia de lotação, ou de bicicleta, até a rua André de Barros, em Curitiba, na firma onde meu pai trabalhava como ferreiro, na Transparaná. Levava a marmita para meu pai e, antes que reiniciassem as atividades, ali pelas 13,30, jogava volibol com os colegas de meu pai Francisco.
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Perto da Rua Morretes, já na Rua Pará, havia um campinho onde a gente jogava bola todo dia. Como a bola era minha, comprada com o fruto de minhas vendas de verduras na vizinhança, meu lugar no time, embora não fosse lá um grande jogador, era garantido pela propriedade. Se houvesse uma briga ou alguém queria entrar no meu lugar, o jogo terminava, muitas vezes numa desabalada corrida para casa, com bola grudada no corpo, e a turma querendo me pegar e bater...
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Já adolescente, com menos de 14 anos, fiz uma proposta e me transformei sócio da Sociedade Operária Beneficente do Portão, bem ao lado da Igreja, no início da João Bettega. Não sei como aceitaram sócio de menor, como era chamado na época. Ia aos bailes e matinês dançantes e cumpria a valer o costume de salão: se você convidasse uma moça para dançar e ela não quisesse, você tinha que ficar naquele lugar, na frente da mesa onde ela estava, como um fora social inadmissível. Muitas vezes ficava lá o Métio, plantado, sem deixar a mal educada garota dançar com outro....

Estamos felizes nas cavernas?

Se você ingressou numa organização internacional como Rotary, execeu quase todas as funções e atribuições delegadas pelos seus pares, aliás, super pares por serem líderes em suas atividades profissionais ou de negócios, chega num ponto de avaliação se realmente tudo o que fez foi útil, justo para todos os interessados, criou amizades e boa vontade e distribuiu reais benefícios a todos os interessados. Ah, e se você foi verdadeiro em tudo o que foi feito. Alguém do nosso relacionamento comunitário já avaliou isso algum dia?
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Pois estes pensamentos chegam por vezes em nosso dia-a-dia numa busca de se saber se o que foi realizado teve algum benefício. Creio sinceramente que para mim isso foi super importante, no que posso considerar de crescimento pessoal, aumento de auto-estima, ou preservação dela. Em eventos restritos ao clube, fora dele ou mesmo em acontecimentos regionais, nacionais ou internacionais, sente-se que o que está sendo feito tem importância, validade, beneficia muita gente, cria laços, faz com que não nos sintamos solitários no que pensamos e fazemos. Solidariedade é uma grande arma da vida em comum, mesmo que muitos criem cavernas para si mesmos.
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Sinto-me provocado quando constato que alguns desenvolvem as suas cavernas vivendo fora dali. Paradoxalmente, essas pessoas do meu relacionamento sabem difundir as regras, falam em amor e carinho, amizade, companheirismo, são até solidários em causas comuns, mas estão ainda nas suas cavernas. Conjugam aquela frase do faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço...
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Fico raciocinando que o egoismo se encalacra em algumas mentes e não há cartilhas ou livros que as façam sair de suas cascas. Será que elas conseguem abrir mão pelo comum, perdoar erros do próximo ou de si mesmas? Será que não sentem quão sublime é ser verdadeiro e saber realmente o sentido do ato de perdoar? Mundo difícil esse mundo do cada um para o seu lado, cada um faz o que quer sem vislumbrar que agir com solidariedade não é apenas dar alimento a quem tem fome ou água para quem tem sede... O ser humano dos atuais tempos deveria ser solidário consigo mesmo, aumentar os círculos de sua vivência e sobrevivência e trazer alento a quem está desesperado, mostrar caminhos que façam esse mundo mais pacífico, mais feliz e mais realizado.
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Assim, fico imaginando quantas desilusões e tristezas que alguns pequenos gestos nossos provocam em pessoas sem que tenhamos a verdadeira consciência que aqui estamos porque um ser superior nos trouxe para estas paragens físicas! Não agradecer e não retribuir por isso, deixando de nos comportar como seres verdadeiros, justos, amáveis e benéficos, é próprio de quem quer viver em cavernas.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

'Sueltos'

Uma carroça em plena avenida Getulio Vargas em Lages, puxada a cavalo, tinha uma placa na parte traseira: Eu vou com Deus e volto com Deus. Perguntei ao carroceiro se ele acreditava em Deus e ele respondeu que sim, mas o nome do cavalo era Deus....
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De repente, diante de uma loja, eis que um sujeito já de meia idade, acima de meia, com 80% da cabeça sem cabelo, ergue o braço e tenta se pentear. Coisa non sense...
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E aquela rádio de São Joaquim, Nevasca, larga um anúncio de um mercado dizendo que ali estavam promovendo uma grande promoção....
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Você anda pela BR 116, logo depois da ponte que divide os Estados de SC e RS, e percebe que sete km são um caos, sem a terceira pista, ou mesmo uma extensão do asfalto no que se acha ser acostamento. Termina a concessão e se começa mais um período e nada de obra que justifique a alta taxa de pedágio. Até quando?
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Nossa Copel (Companhia Paranaense de Energia) anuncia ser uma das melhores concessionárias do Brasil, e até do mundo, no governo anterior, mas bastam umas trovoadas lá em Campo Largo para que os proprietários rurais de Araucária fiquem horas sem o benefício da luz. E nada dos pintos nascerem, sem o devido aquecimento das chocadeiras.
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As maravilhosas razões do ser

Vejam que coisa bonita: um companheiro de Rotary, Alceu Pagani, daqui de Lages, SC, atende há muitos anos um grupo de moradores do bairro da Penha, tem seu nome no Centro de Convivência como homenagem pelas coisas feitas, mas, mesmo assim, não para de ter ideias e planos. Resolveu fazer um programa de hortas residenciais, ou seja, cada um dos quatro bairros vizinhos, através de suas lideranças, escolhe dez residências e lança o plano de horta particular, com ajuda de acadêmicos, de especialistas, etc. O Rotary dele, Lages Coral, arregimenta forças e dará devida assistência.
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Na reunião do lançamento da ideia, foram convidados quatro presidentes de associações de bairros e apenas um apareceu. Não houve problemas: se um veio, é com esse que se inicia o plano. Vão fazer novos encontros, em breve, e escolher os que querem aderir, se dez na Penha ou mais dez ou vinte nos bairros vizinhos, não importa, a ideia foi lançada e será executada. Com isso, implantado o programa dentro das técnicas necessárias, cada morador terá a sua horta e, na certa, no decorrer do tempo, até os vizinhos dos vizinhos vão aderir, pelo visual ou mesmo por querem acompanhar uma coisa espetacular.
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Todos os presentes ao encontro vibraram com o clima criado e com o entusiasmo dos idealizadores e dos receptores do plano. O que faz com que uma pessoa busque modificar o mundo ao seu redor? Que estranho esse jeito de liderar que propicia benefícios a quem está ali, na sua casa, assistindo televisão, passando o tempo e deixando espaços no seu quintal sem qualquer utilidade? Ou apenas tendo um espaço para gatos e cães? Alguém tem que agir para melhorar o grande mundo que esta à nossa volta, girando as horas e o tempo, esperando que o fim demore a chegar...
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Parece letra de música, mas não é. O fato é que a iniciativa de um líder, com apoio e ajuda de outros líderes, membros do Rotary Clube Lages Coral, pode transformar as coisas e mostrar que o esforço coletivo é uma das maneiras ideais de cumprir com o lema permanente dos rotarianos, o de "dar de si antes de pensar em si", fortalecendo comunidades e unindo os continentes. Temos certeza de que as sementes brotarão nas hortas residenciais dos bairros inicialmente focados, servindo de exemplo para outras comunidades. O nosso mundo é muito especial, em que o ser racionaliza coisas maravilhosas e procura trazer felicidade, além de cuidar da própria saúde alimentar.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Estamos preparados para enchentes e enxurradas?

Lembro bem dos tempos em que trabalhava no Edifício Demeterco, ali na Dr. Murici, em Curitiba, num dos andares ocupados pela Assessoria de Relações Públicas da Copel, quando, por muitas vezes ficávamos ilhados no prédio pelo lago de quase um metro de altura formado pela chuvarada que caia e suas águas não escoavam pelos bueiros. Muitos chegavam a usar barcos para transitarem por ali e até alguns cobraram o salvamento com pequeno pedágio. Era hilário de um lado e triste de outro. Só depois que a administração municipal aumentou a canalização que isso acabou.
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O indagar "estamos preparados para as enchentes e enxurradas" puxa esse artigo. As pessoas estavam durante algumas décadas apenas preocupadas com o aquecimento global, que o mundo está derretendo, que estamos longe das adversidades climáticas e, de repente, como que de um nada, surgem os deslizamentos de morros e encostas, as cidades têm árvores derrubadas, carros amassados e pessoas morrendo ou se ferindo porque exatamente naquele lugar e naquele instante estavam ali, diante do problema, da enxurrada, das águas levando tudo e todos. O que fazer diante do imprevisível? Mas, seria realmente imprevisível?
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Vamos incursionar nos motivos que nos levaram ou nos levam a isso. As cidades vão inchando, chegam levas de pessoas que ocupam os espaços, não importa se no morro, à beira dos rios ou mesmo nas baixadas. Erguem suas moradas normalmente sem autorização dos Executivos municipais e ali passam a viver, ou tentar viver. Ninguém lhes deu orientação a respeito de possíveis problemas em morarem ali, a responsabilidade social das empresas de energia elétrica e de água obriga-as a levar o benefício mínimo, o de dispor de conforto e higiene. Esgotos?, nem pensar! Bueiros adequados?, ora bolas, para quê? Serviço público que direcione ou escoe adequadamente as águas que chegam e correm pelas suas ruas?, isso ninguém imagina!
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Elegemos pessoas para cuidar das coisas públicas e elas se acomodam nas cadeiras do poder e da politicagem e o povo que se lixe. Aliás, o lixo consequente da vida dita moderna (se é que a vida urbana pode ser chamada de moderna, inovadora) é também um dos motivos pelas águas anuais que assolam a nossa paciência e o nosso sentido crédulo naqueles que nos deveriam representar e agir em nosso nome.
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A pergunta é essa: estamos preparados para enfrentar as enxurradas e as chuvaradas? Pensemos nisso quando encontrarmos os prefeitos, os vereadores e os deputados, para não falar nos nobres senadores. Ou quando formos cobrar plataformas de governos, durante as suas campanhas.

Estamos ficando cegos, mudos e passivos?

Quando uma pessoa fere a ética e as normas de cidadania, abre buracos nos relacionamentos e continua fazendo o mesmo, acreditando naquilo que transgrediu e transgride, não seria avaliada como cega, que não vê o que a cerca? Tenho muitos conhecidos assim, e não posso os considerar amigos.
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Quando você discute, chega a ficar irritante até para si, busca motivos fúteis para justificar a sua posição, isso também não seria cegueira? Conheço muitas pessoas que sabem que estão erradas, seus atos não trazem pacificação e não trazem benefícios para os outros, e nem para si.
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Façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço, essa é uma frase que mostra a cegueira de comportamento atual de muitas pessoas. Quantos de nós pertencemos a organizações que têm normas de comportamento e motivações, pagamos mensalidades para ficarmos ali e, paradoxalmente, só as aplicamos em nosso egoista interesse? Quando é para os demais, com justiça, a gente fica cega e, por vezes, muda.
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Ora, isso tem pouca importância!!!!

Foi o que pude deduzir na reunião que debatia e tentava aprovar o primeiro regimento interno de um edifício na República Argentina. Quando revelei que o documento estava eivado de erros de digitação, de português, de dúbia interpretação, eis que um grupo de moradores e acompanhantes chegou a dizer, através de um membro, que isso não tinha tanta importância, o importante era decidir os assuntos que interessavam naquele momento. E o grupo iniciou um barulho aprovativo. Pode isso?
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Pode ser que apresentei o assunto de uma forma muito incisiva, com tom de voz bastante crítico, que é um dos meus pecados orais em alguns dias mais atribulados, mas não dar importância ao que está e como está escrito, num documento que norteará normas e condutas num residencial vai além das inconsequências do comportamento e entendimento do que é coletivo, numa comunidade.
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O pessoal da administradora tentou justificar os erros, informando-me até que o teor do documento foi uma junção de dois regimentos internos de outros edifícios. Tudo bem, isso até é bom, pois se pega duas experiências e se aplica numa edificação nova, cuja maior parte de proprietários se constitui de jovens casais, certamente iniciando suas vidas a dois e com pouca experiência nos procedimentos dentro de um sistema de convívio condominial.
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Quando há reuniões de pessoas em que os aspectos documentais aparecem errados, são discutidos de modo impositivo e quem comanda parece mais interessado em passar as coisas para a frente, encurtando o tempo para debates, ou dizendo que isso vai ser melhorado no futuro, o meu espírito por justiça igualitária assume por vezes comportamento que mais tarde até me arrependo: brigo por coisas certas, ainda mais quando se trata de um documento que vai regrar as coisas num condomínio.
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Quando uma pessoa sai de uma casa, onde as dificuldades estavam nas divisas de paredes ou de muros com vizinhos, folhas de árvores ´sujando´ as calçadas e as calhas, grama e jardim por cuidar, ali havia um comando e um domínio apenas seu ou de seus familiares. Ao passar a morar num conjunto residencial, essa pessoa e seus familiares teriam que assumir uma nova postura, agora as coisas com vizinhos é diferente. Alguém vai ser eleito síndico, subsíndico, haverá um conselho fiscal e, em seu nome, um grupo fará a administração de sua ´nova casa´. Alguns esquecem que sua nova residência, ressalvado o interior de seu apartamento, de sua fração ideal, agora terá que funcionar em expressiva forma coletiva, onde as palavras bom senso, tolerância, paciência e espírito comunitário predominam ou devem predominar.
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Espero que as pessoas de bom senso, de visão comunitária e de cidadania tenham entendido que meus aportes no plenário foram apenas em busca de coisa certa, justa e que não tenhamos problemas futuros quando ocorrerem transgressões e conflitos na interpretação dos regulamentos. Os limites de uns começam ou terminam nos limites dos outros. Vamos apreciar ou vivenciar os efeitos de um novo laboratório de vida. Estou agora num verdadeiro clube, espero que seja socialmente interessante, patrimonialmente respeitável e valorizado e que meus 263 novos vizinhos curtam comigo e com minha mulher momentos de ordem, paz e de vizinhança educada, com as regras e os documentos no vernáculo. No mínimo, isso.