terça-feira, 5 de junho de 2012

Tempos de reconhecer e respeitar


Tenho certeza de que um pouco de indignação não é motivado pelo frio que chega valendo aqui no Sul, mas tenho que revelar e registrar um fato ocorrido no domingo, em Lages, quando minha esposa e eu estávamos tomando café num hotel tradicional, depois de uma noite de sábado e um início de madrugada especial e animado na exitosa Festa Nacional do Pinhão.
Sala de café praticamente vazia, apenas nós, mais um casal e três jovens, um deles nem tanto, a descontração e bom ambiente davam aquele aconchego que a gente gosta de ter e de curtir.
Terminada a sua refeição, eis que o trio saiu de sua mesa e se dirigiu à saída. Nesse momento, a atendente, uma senhora bastante atenciosa e prestativa, chamou um deles para lhe informar que, ao lado da sua mesa, no chão, caíra uma cédula de dez reais e que certamente deveria ser de um deles.
O mais velho, sem dizer nada, voltou até a nota, pegou-a e se dirigiu de novo à saída, não sem antes um dos jovens comentar jocosamente de que ´se fosse uma nota de cem a mulher nem avisaria!´, rindo. Todos ouviram, inclusive a funcionária.
Levamos um susto, logo demonstrando indignação pelo comportamento de um dos meninos. O casal ao nosso lado ficou visivelmente chateado e indignado também. Lívida, a funcionária nem sabia o que dizer, mas falamos com ela, e o outro casal também, tentando amenizar o ocorrido. Ela então nos disse que naquele hotel, sempre, quando se achava alguma coisa, algum pertence, logo eram encaminhados para a portaria e se tentava devolver ao hóspede esquecido. E que não importaria, naqueles instante e local, se a nota fosse de dez ou de cem, ela seria encaminhada ao verdadeiro dono, na portaria...
Diante do ocorrido, a gente fica a pensar e a imaginar que tipo de exemplo educacional, familiar e convívio possuem pessoas que circulam nas nossas andanças pelo país.
Numa terra em que só existem enganações e impunidade, parece até normal que jovens deseducados (ou, não educados) mostrem o seu jeito de ver as coisas e, no caso, não reconheçam a honestidade que deveria ser constante, permanente.
Reconhecer e respeitar são verbos pouco aplicados em nosso meio, talvez pelo aumento sem controle da população, pelas ausências paternais e maternais no dia-a-dia, na educação, no exemplo que deveriam dar aos filhos, desde crianças, ou mesmo pela precariedade cada vez maior em nosso ensino, desvalorização dos professores e principalmente pelo comportamento nada coerente e correto dos maiores líderes em nosso Brasil.
Estarei errado em afirmar que os tempos estão cada vez mais sombrios, quando se trata de analisar o mundo em que vivemos? Ou estamos esquecendo que respeito é bom e fortalece a amizade, o bom convívio, o bom viver?
Espero que os tempos do reconhecimento, do respeito e da educação sejam vividos a cada instante.