Tenho certeza de que um pouco de
indignação não é motivado pelo frio que chega valendo aqui no Sul, mas tenho
que revelar e registrar um fato ocorrido no domingo, em Lages, quando minha
esposa e eu estávamos tomando café num hotel tradicional, depois de uma noite
de sábado e um início de madrugada especial e animado na exitosa Festa Nacional
do Pinhão.
Sala de café praticamente vazia,
apenas nós, mais um casal e três jovens, um deles nem tanto, a descontração e
bom ambiente davam aquele aconchego que a gente gosta de ter e de curtir.
Terminada a sua refeição, eis que
o trio saiu de sua mesa e se dirigiu à saída. Nesse momento, a atendente, uma
senhora bastante atenciosa e prestativa, chamou um deles para lhe informar que,
ao lado da sua mesa, no chão, caíra uma cédula de dez reais e que certamente
deveria ser de um deles.
O mais velho, sem dizer nada,
voltou até a nota, pegou-a e se dirigiu de novo à saída, não sem antes um dos
jovens comentar jocosamente de que ´se fosse uma nota de cem a mulher nem
avisaria!´, rindo. Todos ouviram, inclusive a funcionária.
Levamos um susto, logo
demonstrando indignação pelo comportamento de um dos meninos. O casal ao nosso
lado ficou visivelmente chateado e indignado também. Lívida, a funcionária nem
sabia o que dizer, mas falamos com ela, e o outro casal também, tentando
amenizar o ocorrido. Ela então nos disse que naquele hotel, sempre, quando se
achava alguma coisa, algum pertence, logo eram encaminhados para a portaria e
se tentava devolver ao hóspede esquecido. E que não importaria, naqueles
instante e local, se a nota fosse de dez ou de cem, ela seria encaminhada ao
verdadeiro dono, na portaria...
Diante do ocorrido, a gente fica
a pensar e a imaginar que tipo de exemplo educacional, familiar e convívio
possuem pessoas que circulam nas nossas andanças pelo país.
Numa terra em que só existem
enganações e impunidade, parece até normal que jovens deseducados (ou, não
educados) mostrem o seu jeito de ver as coisas e, no caso, não reconheçam a
honestidade que deveria ser constante, permanente.
Reconhecer e respeitar são verbos
pouco aplicados em nosso meio, talvez pelo aumento sem controle da população,
pelas ausências paternais e maternais no dia-a-dia, na educação, no exemplo que
deveriam dar aos filhos, desde crianças, ou mesmo pela precariedade cada vez
maior em nosso ensino, desvalorização dos professores e principalmente pelo
comportamento nada coerente e correto dos maiores líderes em nosso Brasil.
Estarei errado em afirmar que os
tempos estão cada vez mais sombrios, quando se trata de analisar o mundo em que
vivemos? Ou estamos esquecendo que respeito é bom e fortalece a amizade, o bom
convívio, o bom viver?
Espero que os tempos do
reconhecimento, do respeito e da educação sejam vividos a cada instante.