terça-feira, 30 de setembro de 2008

Eleições e seus (normais!?) absurdos

Como sou da área de comunicação social e exerço, por vezes, em dever de ofício, funções de consultor, chega a ser ridícula a forma como grande parte dos candidatos a vereador e a prefeito se dirige aos eleitores através da rádio e da TV. Nesta, principalmente.

Vejam vocês que o despreparo é latente em todos os quadrantes da telinha, ou do ouvido. Candidatos que prometem programas de saúde, melhor atendimento público, estradas, asfaltamentos, melhor qualidade de vida aos cidadãos. Como se isso fosse atividade de vereador, que deveria fiscalizar as ações do prefeito e seus subordinados, sugerir projetos de obras para que o Executivo implante ou não, de acordo com o orçamento que ele - como legislador - deveria analisar e aprovar.

Parece que a pessoa entrou num partido para ganhar o paraíso. Alguns, na verdade, usam e abusam das benesses desse paraíso. É um paraíso, mesmo, no bolso dele, somente dele. E se busca apoio, aquele voto, aquele sagrado voto, para entrar e curtir o paraíso. Não se observa quais os deveres e responsabilidades como vereador, como representante do povo. Os candidatos a prefeito, então, prometem coisas que a gente sabe serem impossíveis de alcançar. Uns até propõem metrôs elevados, como se isso fosse possível em determinadas cidades.

A cada eleição, municipal principalmente, a incultura é ressaltada pelos palavrórios embrulhados em pacotes de espertezas: fazem trovas com seus nomes ou apelidos, é o Zé da cova, do suco, da farmácia, da pipoca, coisas que soam mal e tornam os programas eleitorais nos veículos de comunicação um comprovante real da existência de um povo inculto.

Seria o caos educacional ou o caos do conhecimento? Aquela frase "a voz do povo é a voz de Deus" chega a batucar no meu raciocínio sobre as eleições periódicas que acontecem à nossa volta. Claro, muita gente ganhou um emprego provisório, eventual, distribuindo folhetos e abanando flanelas pelas esquinas da vida; teve algum reconhecimento funcional pelos titulares das candidaturas, mas que é triste acompanhar esse quadro da véspera de eleições, isso é.

Onde estão aqueles sonhos de eleições distritais puras, onde a gente escolheria o meu vizinho, que tem ótimas condições de me representar, para legislar e executar melhorias que eu desejo e almejo para o meu ir e vir pelas estradas da vida? Se existissem eleições distritais, até os assessores dos eleitos seriam meus outros vizinhos, que saberiam incutir nos eleitos as providências mais adequadas para a vida de todos os cidadãos...

Sei que o retorno aos escritos neste blog pode ser sentido pelos leitores como um lamento de véspera de eleições. Mas o clima que vivenciamos atualmente nos impulsiona a extravasar esses sentimentos de tristeza e quase desesperanças. Não desejo estar certo, nessa análise. Mas estou com receio de estar bem perto de que estamos vivendo o caos da representatividade...