sexta-feira, 6 de maio de 2011

Cantinho Métio (VII)

Tenho que admitir e talvez convencer alguns mais chegados de que os tempos de criança e de criancices deveriam ser perpetuados na memória própria e de quem a gente ama. Passo hoje pela João Bettega, no Portão, em Curitiba e vejo tudo tomado por moradias, prédios, etc. num lugar em que antes dos anos 60 era apenas pradaria, campo, árvores e por vezes alguma clareira com campinhos de futebol, gramado cheio de cogumelos que costumava colher e levar para casa.
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Nas ruas Morretes, Niepce da Silva, Pará, Paranaguá e outras perto a gente tomava conta do espaço com brincadeiras mil, troca de gibis, jogos de caspela, colecionando figurinhas das Balas Zequinha, jogando bola num campinho da Pará, entre Morretes e Paranaguá. A zoeira era enorme, as brincadeiras de esconde-esconde costumavam reunir todos os meninos e todas as meninas dali. Comprávamos as coisas no armazém Dondalski (esquina da Niepce da Silva com Morretes), soltávamos raias que mais tardes soubemos que se chamavam de pipas, pandorgas. As raias bidês eram feitas por mim para serem vendidas, coletávamos os palitos de painas, os papéis de seda e fazíamos a cola a partir da farinha de trigo, pois não havia colas químicas naquele tempo. Fazíamos e soltávamos balões, corríamos atrás deles, com ferimentos mil quando entrávamos nos banhados e nas capeiras ali existentes. E invadíamos casas e jardins, para pegar os ditos balões.
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Quantas e quantas vezes saía correndo do campinho de futebol, perseguido por garotos amigos e vizinhos, pelo fato de ter pego a minha bola e terminado o jogo que não estava me agradando... Ou quando a gente se pegava em brigas com meninos de outras ruas que não faziam parte da nossa turma.
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Penso que fui ou ainda sou um privilegiado por me lembrar daqueles tempos e poder dizer que aquilo moldou a forma de ser e de viver mais tarde. Os amigos e conhecidos daqueles tempos costumam se mostrar ou aparecer, nas andanças pelo mundo, a maioria sempre emocionada por termos vivido uma infância bela, cheia de emoções e de divertimentos. E que nos tornamos gente que fez, faz e ainda fará pelo próximo, pelos viventes que nos restam perto.