sábado, 29 de janeiro de 2011

Criar ou não novos clubes de Rotary?

Determinado nas coisas como sempre fui, tive alguns exemplos de como e porque fundar novas células da organização Rotary Internacional, ao qual pertenço desde novembro de 1979. Muito comum pessoas com liderança se acomodarem e entrarem na vala comum do dizer 'ah, isso é difícil!', 'não vai dar certo!', 'para que um novo clube?', 'já temos muitos clubes aqui', 'está tão bom o meu clube com 20, ou 25 sócios!', 'a cidade não comporta mais um clube!'.
- - - -
Com experiência no assunto 'criação de novos clubes', o observo com alguma tristeza que conjugar liderança profissional com ação se tornou nos últimos dez ou quinze anos um problema para o crescimento e a manutenção dos quadros sociais. Faltou à maioria dos administradores a propalada visão de futuro que seria, ou é, um dos mais fortes predicados para quem recebe atribuições de motivar, comandar e fazer as coisas acontecerem numa organização de propugna pela paz e compreensão entre os povos, acionando suas potencialidades de liderança exemplar, com valores éticos e morais.
- - - -
Sou favorável, sim, a criarmos novos clubes em comunidades de cinco mil habitantes para cima, ou até com menos gente, desde que haja um trabalho de base dentro dos prncípios rotários. Se existirem e acharmos pessoas realmente líderes naquilo que fazem, que se preocupam com a felicidade do próximo, que constróem o seu mundo e de outros a partir e na definição da Prova Quádrupla (1. É a verdade?; 2. É justo para todos os interessados?; 3. Criará boa vontade e melhores amizades?; 4. Será benéfico para todos os interessados?), eis a chance de se formar novo clube ali. Basta descobrir um a quatro líderes profissionais de mão cheia no local para lançar a semente do novo clube.
- - - -
Segredos de como não dar certo ou ter muitas dificuldades, pelas experiências vividas: não escolher grupos de empresários apenas, não pegar grupos de amigos e familiares apenas, não querer apenas jovens profissionais, muitas pessoas envolvidas em política partidária ou administração eleita, ou grupos de pessoas com atividades parecidas. Ensinaram-nos e deu certo que o ideal é descobrir quatro profissionais que não sejam sócios entre si, amigos em esportes ou outras atividades sociais. A partir dessa escolha e descoberta, fica mais fácil multiplicar valores no novo grupo do servir antes de pensar em si.
- - - -
Não atropelar no treinamento e nos ensinamentos, dar um certo tempo dos novos assimilarem os conceitos e os preceitos do Rotary, estes seriam os caminhos para se formar um clube forte e bem representativo nas atividades válidas dentro da comunidade. Deixar que a criança descubra por si o mundo maravilhoso do servir através do seu exemplo pessoal e profissional; que curta o seu exemplo e dos demais, em termos pessoais e profissionais. Esta pode ser a dica ideal de mostrar que existem valores a serem cultivados e aplicados nos programas em favor das comunidades.
- - - -
Tenhamos consciência das nossas potencialidades em 'dar de si antes de pensar em si' no campo de expansões externa ou interna. Devolvamos ao nosso dedicado padrinho, ou à nossa dedicada madrinha, o gesto despreendido que ele ou ela tiveram em nos escolher para integrar Rotary. Descubramos em nós a semente que pode brotar e crescer, transformando-se numa árvore frondosa e benéfica que ampare as carências cada vez maiores do nosso mundo.

SITUAÇÕES EXPERIMENTADAS
1. Cascavel Harmonia - o clube número um, o RC Cascavel, levou mais de vinte anos para ousar criar mais um clube. Era eu secretário do então presidente Arno Sagmeister e, na hora de me convidar para o cargo, disse que sim, desde que formássemos mais um clube na cidade. Ele topou e iniciamos os trabalhos, partindo de dois grandes amigos, Edimar Ulzefer e Charles Uscocovitch, companheirões que deram a largada com quatro a cinco profissionais que não eram amigos. O clube vive e trabalha muito bem até hoje, formou e forneceu, como continua fornecendo, ao Distrito 4640, líderes ativíssimos.
2. Curitiba Cidade Sorriso - Já no Distrito 4730, por iniciativa do padrinho Mário Pilotto, governador do meu tempo de presidente do Cascavel, 85/86, eis que meu segundo clube, o RC Curitiba, resolveu criar o primeiro clube café da manhã, chamavam-no de Clube do Canto do Galo. Foi formado com entusiasmo com ex-rotarianos, eu inclusive indiquei nomes, entre eles Zildo Costa e Rubens Roberto Hatitzreuter, que chegaram a presidentes mais tarde. O clube era para ser o primeiro café da manhã do Brasil, mas perdemos para o RC Brasilia Alvorada, alguns dias antes. Deu certo mais de quinze anos. Talvez por falta de renovação ou mesmo programas houve desmotivação. Fizeram grandes programas enquanto viveram Rotary, um deles o do plantio de palmitos na Serra do Mar, por muitos anos. Alguns sócios, quando foi fechado, passaram a outros clubes, outros ainda estão sem clube.
3. RC Campo Largo - Numa cidade progressista como Campo Largo tinha existido um clube que foi fechado por várias circunstâncias, uma delas, alegavam, era a oposição de um sacerdote. O clube, em sua segunda versão, funcionou animado e motivado por quase 10 anos, quando foi fechado por uma ordem unida da Presidência de RI de que clubes com menos de 15 sócios ou aumentavam ou teriam que ser encerrados. Decidiram terminar, pois não encontravam novos sócios e, os que entravam, o fizeram mais por amizade ou por interesse de marcar presença comunitária política. Recentemente, foi fundado um novo clube, com reuniões ao meio dia e, pelo que soube, está indo muito bem.
4. RC Curitiba Novos Tempos - Tivemos a ideia de fundar um clube com jovens líderes profissionais, ex-rotaractianos. Foi fundado, era uma verdadeira estrela do servir, mas a entrada e saída de sócios era constante, à medida em que eles, jovens nas suas atividades, iam buscar novas oportunidades, grande parte fora da cidade. Ou seja: uma experiência super válida, mas apenas com associados de faixa etária mais baixa foi até lamentável por não ter dado certo. Perto de dez associados decidiram fundir o clube com o Champagnat, com um quadro social mesclado de experientes rotarianos e permitiu uma oxigeração nas lideranças. Vários do Novos Tempos repetiram presidência, já num clube experiente como o Curitiba Champagnat.
5. RC Paranaguá Taguaré - Este clube foi criado no primeiro mês de minha Governadoria, 96/97, trabalhado pelo grande rotariano Fernando Caldas, que tinha sido governador dois anos antes. Clube misto, deu verdadeiro show de serviços desde o seu início. Hoje continua sendo uma das estrelas do Distrito 4730. Foi formado na base ideal, com distribuição adequada de profissionais e pessoas de negócios. A cidade de Paranaguá comporta mais células rotárias, a partir do exemplo do Taguaré, com apoio dos co-irmãos Paranaguá e Paranaguá Rocio.
6 - RC Bituruna - Cidade pequena, no extremo geográfico do Distrito 4730, foi fundado na nossa gestão a partir do incentivo de dois rotarianos de Porto União, o ex-governador Ary Carneiro e o então governador do 4740, companheiro Ary Carneiro Júnior. Deu certo nos primeiros anos, fizeram um trabalho super interessante na comunidade, mas durou menos de sete anos. Os motivos seriam muitos, mas o desintesse de alguns líderes em renovar presidências e conselhos diretores, além da existência de relacionamentos pessoais e de cunho partidário, foram os pontos fatais para o seu fechamento. Estamos neste ano rotário reabrindo os estudos na tentativa de fundarmos, de novo, o clube, agora com as orientações renovadas de RI e com participação de líderes profissionais femininas.
7 - RC Pontal do Paraná - Este foi um grande e especial desafio, contra opiniões de muitos, inclusive do Litoral, mas o clube foi fundado contando com experiência de alguns ex-rotarianos e está funcionando maravilhosamente até os dias de hoje. Atendem carências da comunidade, reunem-se com entusiasmo e fazem a diferença na prestação de serviços na comunidade a que atendem, em mais de trinta balneários que compõem o município.
8 - RC Lages Alvorada - Ideia idealizada no Distrito 4740, pelo RC Lages Norte, esta nova célula teve início na motivação e na organização em setembro, com reunião de quatro membros na primeira semana, seis nas demais e hoje, janeiro, está com 19 nomes, homens e mulheres, firmes na formação do primeiro clube café da manhã de Santa Catarina. Seus líderes e demais associados decidiram continuar a sua organização sem pressa e sem convidar nomes afoitamente, para preencher a lista mínima de vinte e cinco. Já constituiram as comissões internas e devem fechar a lista antes de Rotary International comemorar seus 106 anos, em fevereiro.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Cantinho Métio (III)

Quando menino, claro, pois estas histórias são da época, era comum minhas tias Sofia e Guênia deixarem o que restou das não vendas de verduras nas feiras livres para meus primeiros negócios com as vizinhas, que me conheciam pelas traquinagens no bairro. Punha tudo num carrinho de mão e lá ia eu a bater nas portas e nos portões das casas, vendendo e abastecendo semanalmente as minhas compradoras. Eram sempre as mulheres quem compravam, agradecendo.
- - - -
Pois não me atinava que tinha tendências para vendas. Isso somente aprendi quando tinha uns trinta anos, que a vida é cheia de negociações, trocas, negócios. Mesmo quando tive meu primeiro emprego, já com 14 anos, de balconista no armazém de Artur Feld, na Engenheiro Niepce da Silva, no Portão, carregando sacos de coisas do paiol para o interior da venda, nunca imaginava que poderia ser um vendedor. Tinha meus e minhas clientes, servia a todos mas nunca vislumbrei ser um vendedor.
- - - -
Hoje posso dizer que esse negócio de vendas está em qualquer pessoa. Se não tem coisas a vender, vende a sua própria mão-de-obra, como profissional de qualquer ramo, seja intelectual ou fisicamente, e muitas vezes a gente se vende muito barato, por um salário, por uma remuneração que permite sobreviver, ter coisas, aumentar seu consumo, abastecer seus apetites e sonhos de patrimônios.
- - - -
Ou seja: descobri que minha primeira atividade remuneratória estava num carrinho de mão, batendo porta em porta e amealhando uns bons trocados que davam asas à imaginação de ter minhas balas, comprar papéis e painas para fazer raias, pipas, pardorgas que, naturalmente, eram negociadas com os meninos com menos habilidosos nisso, mas abonados.
- - - -
Vidinha boa, aquela e hoje com lembranças das amadas e bondosas tias...

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Estamos mesmo numa República?

Parece ser um material para uma ilusória coluna do Livre Pensar. Mas, diante de tanta coisa que a gente sabe que existe e que não sabemos como funciona, será mesmo que estamos vivendo numa República? Senão, vejamos:


1. A indústria do lixo em qualquer cidade é um grande negócio para uns, comandado por alguns sem que se saiba qual o verdadeiro volume de recursos manipulados. Alguém poderia nos dizer qual é mesmo o balanço do trabalho de recolher o lixo e depositar e quanto isso rende para o Município ou quanto o Município gasta com isso? Sabe-se que são feitas licitações, que determinados grupos de empresas assumem as atividades mas não se tem prestação de contas, abertas, para o que distinto público, viseirado contribuinte, saiba de valores. Se é um grande negócio? Ora, se é. Por isso e outras coisas que as licitações são feitas, anunciadas, registradas e contestadas. Grande$ intere$$e$, grande$ negócio$.
- - - -

2. Sabe o pobre mortal, contribuinte e pagador quase até pelo ar que respira, qual o volume de dinheiro em caixa nos Tribunais e nos cartórios? Poucos são os privilegiados que conhecem isso. A gente até pode imaginar que existem leis e decretos estabelecendo os procedimentos judiciais, mas não há publicação nos diários oficiais e muito menos nos veículos de comunicação que poderiam e deveriam difundir as coisas à luz das coisas republicanas...
- - - -

3. E transporte coletivo nessas plagas brasileiras? Imaginemos que a coisa é pública, ela é, de fato, legalizada, mas é coisa pública concedida para quem gosta de lucros, em nome do povo, seu patrã. Os governos não conseguem administrar diretamente e, assim, delegam essas tarefas para quem se sinta competente. Fazem as concessões. Formam-se empresas, ou grupos de empresas e, claro, os donos das empresas formam um pool e distribuem entre si o trabalho. Sabemos nós quanto que arrecadam e quanto que repassam aos munícipes, através dos Executivos? Os diligentes e sempre atentos vereadores e as vereadoras sabem qual é o balanço diário, semanal ou mensal dessas concessões? Duvido, mas que é um grande negócio, i$$o é...
- - - -

4. O volume que se arrecada com os impostos pelo uso de automóveis, sabemos qual o montante e onde é aplicado? Há leis e decretos regulamentando tudo isso, que deve haver prestação de contas, mas apenas ao Tribunal da União? E o povo desta República, conhece os montantes arrecadados e usados?
- - - -

5. Enfim, este livre pensar instiga a gente a cuidar mais do nosso bolso. Usar o menos possível as coisas vistas como públicas. Pois, se pagamos pelo serviço, precisaríamos conhecer os destinos das nossas contribuições...

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Cidadãos de pedra e de gaiolas

Vou ser avaliado como uma pessoa diferente, por alguns, e doido, por outros. Mas, o que as pessoas da cidade sabem da natureza? Quase nada. As cidades vão crescendo porque as pessoas saem dos sítios, de suas casas com jardins e quintais e passam a morar em apartamentos. Eles, os adultos, até que se lembram do que é grama, árvore, insetos, bichinhos, mas os filhos e os netos nada sabem sobre isso.
- - - - -
Ver brotar uma flor, uma semente germinando, surgindo o tronco, criando folhas. Saber o que é um formigueiro, um enxame de abelhas, besouros, andorinhas, saracuras, tucano, gavião, um ninho de pássaros, como as galinhas botam, como e porque os galos cantam, gansos, patos, animais como capivaras, jaguatirica, lagartos, etc. Isso tudo, para a maioria absoluta de crianças que moram em gaiolas urbanas, existe mas é perigoso, segundo pais zelosos que transformam seus filhos e netos em seres de pedra e do asfalto.
- - - - -
Vai longe o tempo em que nós, crianças, tínhamos aulas práticas de como fazer uma horta, como semear alface, repolho, cenoura, beterraba, plantar batata doce, batata inglesa, ver uma lavoura de milho, de trigo ou centeio, participar das colheitas, ver como os adultos de então se reuniam para colherem comunitariamente os seus trigais, milharais, etc. Como colher manualmente era difícil e demorado, o governo fornecia colheitadeiras e, ali, alternamente na casa dos produtores, os vizinhos se juntavam nos chamados pixerões (mutirões de hoje) e faziam a colheita do trabalho individual.
- - - - -
Quanto tempo levaria para que os novos cidadãos conheçam o que realmente é a natureza? Ouvem falar do meio ambiente e nem se ordenam para diminuir o lixo que produzem todo dia em sua casa, nas ruas, no trabalho. Brigam pela internet pela preservação do meio ambiente sem ao menos saber quantos produtos químicos são jogados diariamente em alimentos que ingerem. Ficam teorizando coisas sem ir à fonte das coisas.
- - - - -
Que pena estarmos vivendo momentos em que as crianças nada sabem e pouco saberão sobre o mundo em que vivem. Das suas gaiolas de pedra, contemplam um mundo bem restrito, como restrita será a sua convivência com o natural, o simples.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Cantinho Métio (II)

Sempre ruim em matemática, a ponto de não conseguir pontuação para exame de admissão em ginásio, ali pelo final da década de 50, em duas vezes, eis que meus pais resolveram me mandar para o Seminário Menor São Vicente de Paulo, em Araucária, internando-me ali por dois anos. Foram dois anos diferentes, muito estudo, muita disciplina, com um aprendizado nunca esquecido.
- - - -
Padres em sua maioria nascidos e vindos da Polônia, exigentes, deram-nos aulas e castigos por falhas e faltas, mas o que foi assimilado serviu para as andanças posteriores. A maioria dos alunos era formada por filhos de colonos, majoritariamente de descendência polonesa. Sabem lá o que é ter aulas no primeiro ano de ginásio e aprender cinco línguas? Português, claro, mais inglês, francês, latim e polonês. Ter aulas ginasiais com história do Brasil e história geral, geografia completa.
- - - -
Nomes de professores que marcaram: José Damek, José Zajac, Domingos Wisniewski (que chegou a bispo), Pawel Paszyna. Eram aulas pela manhã inteira e a tarde dedicada a estudos num enorme salão onde estavam mais de 120 seminaristas. Havia cinco séries, o pré-ginasial e as demais quatro ginasiais. Os mais velhos e de classes avançadas ficavam na parte dos fundos, havia um monitor geral. E não havia jeito de enganar, tinha que estudar.
- - - -
Claro que continuei com dificuldades em matemática, passando sempre raspando, mas o português foi assimilado de tal forma que da terceira série em diante, até os bancos iniciais da universidade, nunca precisei de grande esforço na escrita. Posso dizer que, graças ao tempo de Seminário e das aulas de português, leitura, virgulação, composição de textos, ganhei uma profissão como escriba. E foi um pulo, aos 16-17 anos, para as redações de jornais. O primeiro emprego, como repórter, foi a Ultima Hora, em 1962, quando completei 18 anos.
- - - - -
Há muita coisa para relembrar do Seminário. Darei uma rememorada em breve, com mais curiosidades. E peripécias de jovem, filho de ferreiro e de costureira, nos bancos escolares e fora deles. Há coisas que acho podem aguçar os amigos que nos visitam.

Questões de responsabilidade....

Quando alguém é eleito, precisa cumprir com suas tarefas, certo? Quando um nomeado pelo eleito exerce suas atividades, estará fazendo tudo em nome de quem assinou a portaria, certo? Se você acha que isso é normal e acontece, assim, está redondamente enganado.

- - - - - -
Vejamos: um vereador, deputado ou senador escolhe sua assessoria, tem verbas para isso, faz uma seleção ou pega seus cabos eleitorais e envia o documento para a mesa diretora do Legislativo, para os procedimentos legais de praxe. Claramente, ele, o indicador, é o responsável pela escolha, pela nomeação. Se este nomeado dá expediente, se é mulher dele ou filho, ou neto, se tem qualificações, isso pouco importa. O nomeador é o responsável.

- - - - - -
O mesmo poderia ser visto quando um prefeito, um governador ou um presidente nomeia seus auxiliares, secretários municipais, estaduais ou ministros. Quem nomeia deve ser o responsável pelas escolhas.

- - - - - -
Mas, se esses auxiliares atuam mal e continuam nos cargos, algo estaria errado no conceito da moralidade, do justo e do certo, por estarem agindo em nome da vontade popular, do povo, o contribuinte e o pagante. Não seria certo punir aquele que assinou a nomeação? Afinal, se foi eleito por vontade de uma maioria e se escolheu sua força auxiliar para cumprir com seus compromissos públicos, nada mais justo e certo que qualquer ato irregular recaia em sua ilustre pessoa.

- - - - - -
Infelizmente, neste Brasil dos bananas isso não acontece. Descobrem-se grandes desvios, grandes falcatruas e a culpa fica com o porteiro do prédio, o caseiro, o garçom. Grandes rombos continuam abertos ou são fechados pelo compradio, por decurso de prazo e assim vai o nosso mundo desfiladeiro abaixo.

- - - - - -
Busca-se gente que nos represente bem, ao nosso nível de educação, de respeito, de moral, de ética e de justiça. Mas a conjugação disso tudo por vezes revolve nosso interior e não há 'engov' que resolva...

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Se lá tem, por quê aqui não vai ter?

“Até no Vaticano tem corrupção”, diz ex-presidente da Funasa
Após auditoria da Controladoria Geral da União (CGU) apontar um desvio dos cofres da Funasa de R$ 500 milhões em quatro anos o ex-gestor do órgão, o deputado eleito Danilo Forte (PMDB-CE), justificou e disse que “até no Vaticano tem corrupção”. De acordo com reportagem da Folha, além da justificativa, Forte atribuiu os desvios às gestões anteriores e disse que reduziu a incidência de corrupção no órgão. “Não posso assegurar que acabou a corrupção na Funasa. Não sou maluco. Mas as torneiras, que eram escancaradas, foram fechadas numa proporção e numa velocidade muito grandes”.

- - - - - -
Este texto é do site da revista Época e o meu triste comentário seria apenas com estas duas palavras: então, tá.

- - - - - -
Imaginemos que houvesse uma lei em que qualquer executivo, político ou não, se tivesse que ser responsabilizado pelos atos durante sua gestão ou mandato durante vinte ou trinbta anos, ele realmente quereria aquela função? Muitos, conscientes de suas missões, talvez aceitassem os cargos e encargos mas dificilmente tomariam medidas que soubessem não serem adequadas e que, lá na frente, teria que responder por elas.

- - - - - -
Agora, com tantos usuários da Lei de Gerson brigando por cargos públicos, fazendo chantagens partidárias inclusive, difícil aceitar argumentos como os dados pelo político Danilo Forte, antes mesmo de assumir seu mandato. Até quando vamos aceitar, passivamente, esses enganadores!?????

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O caráter pode ser avaliado, sim

Num certo momento você percebe uma mudança no comportamento de um conhecido, de um amigo e até de um parente. Começa a pensar e imaginar quais são ou foram os reais motivos desse novo jeito da pessoa. E chega rapidamente a receber as explicações quando soube que essa pessoa recebeu algum poder maior, virou síndico, ganhou um certo dinheiro a mais ou mesmo passou a ter melhores condições de vida, em termos patrimoniais, financeiros principalmente ou um mero cargo em que patrão ou seus sócios lhe deram algum comando, alguma presidência, alguma chefia.
-----
Alguém já escreveu a seguinte frase: para conhecer o caráter de uma pessoa, basta lhe dar o poder. Haveria alguma verdade nisso? Para quem não se preocupa com essas coisas, pouco importa. Mas, se você começar a botar a memória em dia e tentar fazer uma viagem ao seu passado, em inúmeras circuntâncias da vida, particular ou profissionalmente, vai confirmar que a frase está certíssima. Basta ver quem mexe com dinheiro, caixas de banco, de lojas, diretores ou chefes de tesourarias, eis que a maioria, quando conversa com alguém, já demonstra que acha que tem mais poder no ambiente.
-----
Quando candidatos a cargos públicos, mesmo com tempo pequeno de mandato pela frente, os aspirantes atuam humildes, afagam as pessoas, abraçam todos, dão beijinhos nas faces das pessoas que aparecem aos encontros, às reuniões, aos comícios (hoje em dia raros, pelo custo e pela falta de motivação popular, a não ser que haja shows). Sorrisos largos e constantes, riem de piadas fúteis, apertam as mãos de todos, continuam abraçando. Depois, se eleitos, busquemos os ditos para ver se estão se lembrando do que prometeram, do que anunciaram. O poder já lhe subiu na cabeça e o jeito é preparar o caminho para a reeleição, quando novamente voltam a atuar no palco das promessas infindáveis e irrealizáveis. Essas pessoas, em sua maioria, têm caráter positivo ou negativo? Não interessa se é mau ou bom, mas dá para avaliar em que nível está o seu caráter.
-----
Seria até divertido se houvesse uma fichinha anotando os comportamentos das pessoas para definir se ela tem bom caráter, servindo até como subsídio para ser incluída no cadastro, digamos, da recente Lei da Ficha Limpa. Mas daí iriam nos chamar de doidos pela ideia...

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Cantinho Métio (I)

Você poderia imaginar chegar numa sala de aula, no curso primário, aos 8 anos e meio e, quando a professora fazia a chamada, um aluno não respondia? Pois isso ocorreu no Grupo Escolar Presidente Pedrosa, na atual Av. República Argentina, em Curitiba, bem no início da Rua Morretes. Era provavelmente fevereiro ou março de 1952 e a professora Ester queria saber onde estava ou se estava ali um tal de aluno com o nome Miecislau! Acanhado, descalço, com um uniforme branco que a mãe Anna costurou, eis que o menino Métio estava sabendo que seu nome mesmo era Miecislau!!!! Explico: em polonês, o diminutivo carinhoso para Miecislau era Mieciu e, para entender no português, Métio ficou encalacrado. Até hoje encontro velhos e antigos amigos que se lembram desse apelido.
---
Segundo explicaram amigos estudiosos sobre nomes poloneses, Miecislau foi a tradução dada no Brasil para o nome do primeiro rei cristão da Polônia, Mieszko I. Na linguagem original, o nome era Rei Mieczyslaw I, com o L cortado, que se pronuncia u. Estas explicações pude obter bem mais tarde, quando ingressei em seminário dos padres vicentinos, em Araucária. Segundo meus familiares, o nome tinha sido escolhido pelos meus pais, mas com grande torcida do avô José Gembaroski, em Thomás Coelho, Araucária, onde nasci. Dizem até que o avô, tão entusiasmado com o nascimento de mais um neto, foi quem fez o registro e nem se lembrou do dia real do nascimento, 27 de junho, e colocou no registro dia 25 de julho... Pelo que sei, foi ele quem foi ao cartório em Araucária e fez o registro.
---
Prometo acionar a memória na sequência, lembrando o que fazia o garoto Métio nos seus primeiros tempos.

Para medir o nível do povo

Numa pequena praça, na cidade paranaense de Palmas, uma senhora, de trajes simples, senta num dos bancos, tira da sacola uma banana, descasca-a e a consome normalmente, como se fosse um pequeno lanche. Antes de absorver a iguaria, ela pega as cascas e as coloca numa sacola de plástico... Revelação e relato feito pelo meu colega de trabalho, Jair Fabiciack, que ali estava para um serviço profissional. Ele, vivente pelos vales do Itajaí, SC, ficou admirado com o comportamento da mulher. Pelo que se vê e se desola por cidades diversas desse nosso Brasil.
----
Da janela do escritório, em Lages, eis que nossos ouvidos são atacados por um barulho vindo de potentes alto falantes instalados em carros, grandes, médios ou mesmo pequenos. Com um detalhe: o veículo está com suas janelas abertas, o sujeito no volante, normalmente com boné de aba longa, vai adiante como que curtindo o seu `maravilhoso som`. O que passa na cabeça de um ser para fazer isso, é o que a gente se pergunta. Ele quer ressaltar o seu gosto pela música ensurdecedora que foi produzida para ambientes fechados, para se movimentar o corpo ou quer mostrar que é um pobre coitado logo logo cliente de uma clínica de otorrinolaringologia? Que curtidor de barulho é esse que fica com o som tum-tum-tum danado sem ritmo ou nota musical?
----
Nas ruas de cidades maiores, principalmente as mais movimentadas, as que servem como vias rápidas, embora o limite seja de 60 km horários, você obedece a esse nível de velocidade enquanto alguns ficam a 20 ou 30 por hora. Aquela via que deveria servir para ser mais rápida, torna-se caótica, ao ponto de dez ou vinte quadras se transformarem numa verdadeira tortura. Os mais apressadinhos, nem sempre os mais capazes no volante, passam a costurar o tráfego, não respeitando espaços e nem sinalizações. Pelo que se imagina, as clínicas desestressantes estão tendo bastante movimento nos ditos tempos modernos...
----
Daqui a pouco vão introduzir cursos profissionalizantes de sacoleiros. Sim, pessoas que andam de lá para cá carregando objetos em sacolas. Como conseguir o registro de profissional de sacolas, este seria o título do curso, mesmo que seja por correspondência. Deve haver, no currículo, dicas de como ludibriar a alfândega, como falar com o funcionário da receita e como colorir aquela sacola que está trazendo produtos importados da China. Que nível de controle seria possível para incrementar mais esta criatividade brasileira no contexto da nossa economia?
----
Se a gente quisesse realmente pirar, e para isso não precisaria de muito esforço, acredito que entender o povo e suas atitudes nos atuais tempos seria um tremendo exercício de magia.