Vejamos:
vocês se lembram da última vez que alguém lhe disse por favor, por gentileza ou
obrigado?
Raríssimas
são as situações atualmente em que alguém é gentil com a outra pessoa. Se lhe
telefonam, para talvez agilizar alguma coisa, você nem deixa tempo para o
atendente lhe explicar para que veio na comunicação: você explode, não dá
chance de explicações maiores e desliga, quando não xinga o profissional que
tem uma tarefa e pretende ter algum resultado do contato.
Confesso,
sim, que estou nessa fase da impaciência com as coisas que me cercam. Seria a
idade, sim, mas minha experiência e minha idade poderiam ser mais respeitadas,
com pessoas melhor preparadas para contatar consumidores, usuários de linhas
telefônicas, canais de TV, bandas largas (que de largas têm pouco).
Sou da
época em que o cliente sempre tinha razão. Lembram-se disso? Pois é: em
qualquer contato que fazem com você, primeiro o tratam como sendo debilóide:
colocam a você várias teclas para apertar, fazem mil propagandas de seus ‘produtos’
ou ‘serviços’ e você fica ali quase cinco minutos ouvindo, ouvindo até que
chegue numa tecla para falar com o atendente. Quando chega nisso, depois de
você explicar o que pretende, mandam você para outro ramal e lá vai vocë a
explicar o que quer e o que pretende. Passaram-se mais de 10 minutos nisso.
Quando você
quer mudar a portabilicidade (eita palavra bonita, hein?) e pede que o
atendente lhe envie por email uma proposta, recebe a informação de que
ele, o atendente, não tem acesso a
emails para se comunicar com clientes...
Somos
medidos por baixo, pelo baixo conhecimento e pela baixa percepção das coisas,
triste realidade dos atuais tempos. Mesmo que digam que aquele atendimentpo
está sendo gravado, você acredita mesmo que algum supervisor terá ‘saco’ para
ouvir a conversa que você teve com o atendente? Não terá...
Consolo-me
com meus botões mentais ao decidir que somente em última situação manterei
contato com os serviços de atendimento ao consumidor. Ou seja, quando estiver
calmo, quando o batimento cardíaco
estiver normal, quando minhas contas estiverem em dia sem precisar falar com
gerentes bancários de ‘minhas contas’, quando minha pressão arterial estiver
normal e eu começar a sentir subir a adrenalina, farei um esforço para buscar
atendimento online....
Nesse dia,
sim, sentirei que estou começando a minha caminhada para o fim. Podemos dizer, fim da picada, no amplo sentido das coisas, da paciência, da endêmica passividade do nosso povo e do irrecuperável analfabetismo que grassa no nosso adormecido e combalido país.
Haja!
Haja!