domingo, 29 de novembro de 2009

Você mede sua honestidade?

Um dia destes, um amigo conversava comigo sobre honestidade. Disse que ele, se tivesse de se safar de uma multa no trânsito, num posto de polícia rodoviária, não hesitaria em comprar a liberdade da multa. E me perguntou se eu faria o mesmo. Respondi de pronto que não, achava isso deplorável e nocivo à cidadania, um mau exemplo para si, para os próximos e para a sua imagem como pessoa e profissional.

E contei que, numa certa época, quando trabalhava na região de Pitanga, fui parado no posto da PRF no km 319 da BR 277 e o policial pediu meus documentos e disse que eu fui flagrado algums quilômetros atrás na velocidade de 168/h. Meu carro era um Kadett 1991, 2.0 e eu confirmei que poderia estar em velocidade superior, mas nunca a 168km/h, talvez uns 120, quando muito. Ele insistiu que foi a 168 e demorou bastante para lavrar a multa, amarrou-se bastante para pegar o talonário, na certa esperando alguma engraxada de bolso. Disse-lhe que eu estava em velocidade superior aos 110 permitidos, sim. Dei-lhe informações do que fazia, como jornalista e esperei que ele me liberasse, talvez me advertindo. Como demorou um pouco mais, uns 5 minutos mais, disse-lhe que cumprisse com seu dever, lavrasse a multa e eu iria recorrer. Recebi a multa, depois de mais demora...

Resultado: quando vi a multa, semanas depois, constatei que o guarda rodoviário tinha colocado que o evento, de 168km/h, ocorrera no km 319 daquela rodovia federal! Ora, era exatamente no km 319 que estava o posto da PRF, local impossível de eu passar com mais de 40 km/h! Gastei, na verdade, 200 reais, de honorários advocatícios, após fotografar a frente do posto policial com o marcador do km 319. Minha liberdade de multa poderia custar menos, mas minha consciência e meu espírito de cidadania não permitiram.

Agora mesmo, vendo o programa Globo Esporte, da Globo, entrevistavam jogadores, ex-jogadores e povo em geral perguntando se marcariam gol com a mão ou de modo irregular caso fosse possível e o juiz permitisse. Pois mais de 70% dos entrevistados disseram que sim, se pudessem, marcariam. Onde estamos com o nosso nível de honestidade, de consciência, do que é justo e verdadeiro!????

Estamos tão acostumados a ver, ler e constatar pessoas roubando, desviando, viciando concorrências e licitações, empregando parentes e cúmplices, ganhando mais ao arrepio das leis e das normas de conduta que o costume de levar vantagens em tudo se apresenta como normal aos olhos da população em geral. Sonharia com um mundo honesto, onde o direito de um começa quando termina o do outro ou que as coisas sejam justas para todos os interessados. Esse mundo existe ou é apenas uma utopia de alguns raciocínios de um domingo ensolarado de verão araucariense?

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Pensemos um pouco sem estressar

Se muitos administradores, políticos principalmente, tanto nas Câmaras Municipais, Assembléias ou mesmo Prefeituras, querem acabar com os fumantes, por que não acionar os senadores e deputados federais e proibam, através de lei, a ser sancionada pelo Presidente da República, a existência de cigarros, charutos, cachimbos em todo o território brasileiro? Acabem com as fábricas de cigarros e estará resolvido, em definitivo, pelo menos na cabeça dos que fazem politicagem barata,o problema do câncer de pulmão...

Muito bonito um prefeito anunciar que sanciona a lei proibindo fumar tanto interna, quanto externamente, e inclusive nas vias públicas, quando sabe perfeitamente que isso - como o jogo do bicho, as jogatinas clandestinas, o tráfico de drogas mil, os equipamentos caça-níqueis e todos os atos de corrupção em nossos rincões brasileiros - vai continuar e cada vez mais. Muitos conhecem o comportamento dos usuários: quanto mais se proibe mais se consome. Se muitos morrem de cirrose, por que não acabar com os alambiques oficiais e clandestinos? Por que deixar a proliferação de bares vendendo cervejas e outras bebidas se isso faz mal para a saúde?

Se o fumo é um grande mal para a saúde, e ele realmente o é, o que dizer do combustível adulterado e cheio de químicos nocivos à saúde gerando doenças nas vias públicas das grandes, médias e pequenas cidades? Não seria melhor fiscalizar as empresas que fornecem água dita tratada que incluam medicamentos eficientes para que a população, ingerindo-a, tenha prevenções na boca e no corpo? Não seria ideal que todos os governos buscassem meios para nosso transporte coletivo e individual poluir cada vez menos com as invenções já existentes no mundo, com motores movidos à água? E onde está o programa de tratamento de esgoto, que todo cidadão merece?

Bom, proibir a fumacinha até em vias públicas vai realmente resolver o problema dos que morrem por doenças de respiração. Que país e mundo estranhos...

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Livre pensar (talvez agir ou esperar por agir)

Se você morar numa cidade como Lages, deve imaginar que seu trânsito flui normal ou tranquilamente. Sua imaginação estaria certa, se não houvessem alguns sinaleiros que chegam a demorar 4 minutos para abrir e, nas extensões de comandos, algumas direções demoram 6 segundos para fecharem. Interessante que cidade como Gramado, no RS, nem possui sinaleiros e os acidentes ocorrem quando alguns portoalegrenses chegam em suas vias, segundo relato de residentes gramadenses, com seus pés acelerados e vistas desatentas.
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Brincando um dia numa das reuniões de amigos e conhecidos, ousei revelar alguns detalhes de estórias que me contaram sobre os lageanos, que seriam conhecidos como ´gaúchos cansados´... Essas estórias eram contadas sobre os princípios do povoamento lageano: mais de 300 anos atrás, as famílias gaúchas viam crescerem seus descendentes e suas terras ficavam pequenas para dividir entre os herdeiros. Formaram-se as tropas para desbravar outras plagas para o Norte e Noroeste do Brasil. Dizem que essas tropas, 50 km além fronteira, acampavam e descansavam num belo vale da Serra catarinense. Alguns prosseguiam, outros ficavam descansando. Dizem que esses outros continuaram descansando e daí surgiu uma bela cidade, mais tarde conhecida como de gaúchos cansados. Pareceu brincadeira, quando ouvi na platéia, de parte de um historiador amigo, que essas coisas aconteceram mesmo, daí o tom humorístico do relato.
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Se o cigarro é prejudicial à saúde, sendo proibido em lugares abertos, por que motivo as autoridades permitem o funcionamento das fábricas no Brasil? Fechassem as ditas, a bem da saúde do povo. Mas, e os 80% de impostos que incidem sobre o tabaco no Brasil, o governo abriria mão disso?
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Se estamos vivendo um planeta cada vez mais aquecido, por que empresas como Petrobrás processam combustíveis que poluem as cidades e provocam constantes distúrbios nas populações, em termos de saúde pública? Que tal obrigar o uso de energia que não afete e não prejudique a população? Por que as autoridades permitem produção de veículos com tecnologia poluidora?
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A indústria de doenças e de remédios estaria ganhando tanto no mundo, no Brasil principalmente, caso as populações utilizassem água tratada com medicamentos e produtos preventivos para a saúde? Há cidades que oferecem água tratada até para evitar o surgimento de cáries. Saúde pública, aqui na terrinha, é questão de polícia, se todos seguissem os mandamentos constitucionais...
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Isso é apenas um livre pensar, num dia de setembro qualquer.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Sou culpado, sim (1)

Levei anos para descobrir que existia um espaço para ser ocupado por mim neste mundo visto como cruel. Eram anos e mais anos e na minha cabeça estava esperando o dia em que estaria ocupando um lugar no contexto geral. Ele foi chegando e, com a maturidade, pensei algum tempo depois que minha vida podia fazer a diferença tanto para mim, para meus familiares quanto para os meus semelhantes. No jornalismo, iniciado ali pelos 18 anos, numa redação e num meio profissional atuante, cheio de professores atenciosos com o bagrinho que estava no pé deles aprendendo o ofício, assimilando a coisa toda, sempre tive a preocupação de transformar a notícia, boa ou ruim, imaginando (de forma inconsciente até, confesso) melhorar o mundo em que todos vivemos. Ou seja, nada de palavras difíceis de serem interpretadas.

Cruzadista inveterado nos bancos escolares e nos tempos de folga, chegando a desenhar/montar palavras cruzadas e enviar a uma revista permitida para leitura no Seminário Menor São Vicente de Paula, que as publicava mensalmente, lia praticamente o dicionário português em sua totalidade. Fazia redações simples, com as palavras normais e ia ao dicionário transformar cada uma dessas palavras simples numa diferente, melhor, no meu entendimento. E assim enriqueci (e talvez compliquei) o meu vocabulário, lendo de três a quatro livros por semana. A biblioteca do Seminário Menor, em dois anos, foi literalmente devorada pelos meus olhos e pela minha busca pelo saber.

Quero resumir essas colocações para dizer que vim de uma família pobre, mãe costureira e pai ferreiro por formação na Polônia (havia isso naqueles tempos, o profissional do ferro-e-fogo tinha que ser formado, aprender a fazer arado, ferradura, rodas de carroça com madeira e ferro, etc.) e, seguramente pressionada pela cultura européia, que não permitia que os filhos ficassem analfabetos ou semi-alfabetizados. Obrigava-nos, filhos, a estudar, a ser alguém na vida, segundo nos diziam a toda hora. No Grupo Escolar Presidente Pedrosa, ali na República Argentina, início da Rua Morretes, no Portão, lá estava eu estudando, qual peixe fora da água, indo descalço para a sala de aula por não ter sapatos. Lembro como era frio o chão da rua nos tempos de inverno da Curitiba de outrora...

Os demais passos escolares não foram fáceis, depois dos quatro anos de grupo escolar, tentei entrar para o curso secundário, sempre com dificuldades com a aritmética/matemática; levei bombas em dois exames de admissão no Instituto de Educação exatamente por não ter base e não gostar de números. No segundo ano de tentativa frustrada, puseram-me no Seminário, dizendo ao padre José Zajac, na época receptor de novos alunos, que talvez a minha vocação seria para o clero. Creio que ali foi o ponto de partida de minha vida profissional. Fui ensinado a ler, escrever e a viver em comunidade, em grupo, no esporte e nas regras de cidadania. Em dois anos, tempo em que fiquei ali em Araucária, penso ter sido moldado para os estudos e para a busca do crescimento pessoal, intelectual, sentimental e religioso. Ah, sim, e ingressar nos meandros da arte de liderar (isso descobri bem mais tarde).

Essa viagem pelo tempo vivido tem muitas situações ainda a serem reveladas. Vou dar um tempo no roteiro das reminiscências para concluir e justificar o título acima, de que sou culpado, sim. Vocês certamente vão concordar comigo.

terça-feira, 31 de março de 2009

Uma escorregada, desculpável, de Jaime Lerner...

O afamado e competente arquiteto do mundo Jaime Lerner esteve nos 316 anos de Curitiba, na Assembléia Legislativa do Paraná, e fez um pronunciamento em nome de todos os ex-prefeitos. Perfeito do começo ao quase fim, vocês poderão ler abaixo, não fosse ele citar o petit pavê como um símbolo de Curitiba, esquecendo-se do fato de que essas pedrinhas irregulares postas no calçamento são verdadeiras armas contra os idosos e contra os que possuem deficiências no ir e vir pela Cidade Sorriso repleta hoje de ar poluído de milhares veículos.

"Olhando Curitiba, vejo muitas cidades. Há uma cidade tradicional. Há uma cidade da inovação. Há muitos sotaques, cada um carregando uma história, cada um representando uma cidade. Há o sofrimento de alguns, que esperam diluí-lo na solidariedade e na oportunidade, que são a síntese de uma cidade, qualquer cidade. Há a realização da maioria, que multiplica as oportunidades e determina a história de uma cidade. E há uma unidade, que faz de todas estas cidades uma única cidade. Uma cidade única, em que todas as gentes – de alguma maneira – se transformam numa só gente. Curitiba é síntese da diversidade porque foi e tem sido a cidade acolhida. Gente de mundos distantes, perseguida por questões religiosas ou pela pobreza. Gente daqui de perto, tolhida por dificuldades crônicas ou embalada por novas buscas. Todos encontraram na nossa Curitiba a vereda da oportunidade. Era natural que os dirigentes escolhidos para conduzir os nossos destinos tivessem, eles também, estilos bem diversos, cada um com suas influências, cada uma com suas convicções, cada um com sua época e sua visão de futuro. Acolhedora, buscou empreendedores do mundo para criarem com os empresários daqui uma base industrial e de serviços que mudou o perfil econômico e multiplicou as ofertas de trabalho e renda. Hoje são 83 as cidades do mundo que estão adotando o BRT, que é o Bus Rapid Transit, que é uma criação nossa de tantos anos. E são centenas as páginas que todos os anos a cidade ocupa na imprensa internacional, como são muitas dezenas de minutos que nossas imagens ocupam nas televisões ao redor do mundo. Tornar-se referência tem a ver também com uma outra coragem. A coragem de iniciar um processo, de não esperar todas as respostas. Sem prejuízo do bom planejamento – e o planejamento é justamente um dos pilares de Curitiba –, é preciso algum compromisso com as possibilidades que surgirão no caminho. Isso porque nem tudo pode ser previsto na dinâmica de nossas cidades, que experimentaram um crescimento veloz nos últimos 40 anos. Muitas das conquistas de Curitiba, hoje consolidadas, começaram como um processo aberto. E esta é a bênção de uma cidade: a capacidade de construir novas e melhores respostas ao longo do processo, sem engessar-se em concepções vencidas. Há ainda o discernimento. Tal diversidade de estilos só enriqueceu a nossa cidade, cada um acrescentando novas perspectivas à moldura do nosso destino. É honroso falar em nome de todos os ex-prefeitos. Mas há o risco da injustiça, pois seria muito factível a traição do esquecimento fazer omitir nomes importantes nestes 316 anos de história. Tampouco seria viável, no espaço de tempo limitado de uma solenidade, deter-se na obra de cada um. Assim, para ser justo com todos, não citarei nomes, mas devo afirmar a contribuição de cada um. Cada um contribuiu. Das obras determinantes até a pequena pedra, o desenho de Curitiba foi moldado gestão a gestão pela vontade de erguer uma cidade que fosse a expressão de sua gente e se projetasse esperançosa para o futuro. De síntese do mundo, Curitiba chegou a referência para o mundo. E isso porque teve a coragem de assumir a simplicidade. Isso é altamente inovador porque a simplicidade é também um processo de síntese. E não é da praxe eleger-se o óbvio. Muitas vezes prefere-se o sofisma, que é o atalho certo para o não fazer, o não resolver. Curitiba elegeu o óbvio. O simples. O evidente.Cidade sem mar, entregou-se ao verde. Cidade sem crescimento acelerado, fez um sistema de transporte integrador, democrático, eficiente em sua simplicidade. Curitiba é uma cidade que sempre soube discernir entre o importante e o fundamental. Uma rua é importante. O sistema viário é fundamental. Uma linha de ônibus é importante. O sistema de transporte é fundamental. Uma praça é importante. Um conjunto de parques capaz de preservar o verde e garantir o lazer da população é fundamental. Uma edificação história é importante. A memória como um todo é fundamental. Em cada época, a Cidade de Curitiba soube equacionar suas demandas presentes e, ao mesmo tempo, abrir o caminho para suas aspirações e necessidades futuras. E se impôs o desafio da inovação. Desafio que todos os prefeitos têm aceito, e do qual a cidade é a grande beneficiária. Porque ao inovar-se, gera a energia para equacionar velhos problemas e alimentar os novos sonhos. E esses são os meus votos. Que a cidade não abandone as suas tradições. Que a cidade não se afaste da inovação. E que não excomungue o petit pavê. O petit pavê é o tapete de nossa história. Merece a preservação e o nosso respeito.” Jaime Lerner

Se dissesse que, uma vez cuidadas as calçadas com petit pavê com competência pelas várias administrações, incluindo aí as diversas dele, o petit pavê poderia não ser excomungado...

quarta-feira, 25 de março de 2009

Podemos nos indignar e esperar alguma melhora?

A gente assiste a comerciais de bancos, oficiais, principalmente, lindas imagens, atendimento personalizado do gerente, etc, mas se você vai a uma de suas agências apenas vai ver filas, gente que não opera equipamentos eletrônicos, filas e mais filas para atendimento nos caixas ou com as pessoas encarregadas, funcionários que abandonam caixas e mesas para almoçar... A propaganda poderia ser a alma dos negócios bancários, mas é totalmente enganosa. Tem jeito de se mudar isso?

Acompanhemos o noticiário sobre o preço da gasolina misturada com álcool, que é trinta por cento mais cara aqui, comparativamente com a gasolina pura servida nos Estados Unidos, e o presidente da Petrobrás, com a panca de versado em economia popular e comércio exterior dos combustíveis, anuncia que logo logo o nosso derivado de petróleo vai ter que subir, acompanhando o preço do barril internacionalmente. Quando foi aumentado aqui, porque o preço lá estava alto, o nosso combustível subiu proporcionalmente; quando o preço lá despencou para um terço, eis que a regra não foi proporcional, ou seja, continuou alta aqui e ainda querem aumentar mais ainda!... Temos algum modo de reagir diante dessa grande injustiça? E onde estariam os anunciados ´defensores do povo´?

Podemos entender o gesto dos governos em diminuir o repasse dos recursos federais para o bom funcionamento dos municípios brasileiros, diante dos problemas da crise iniciada ano passado e que está sendo camuflada pelas autoridades que mexem com as finanças brasileiras? Claro que é difícil diminuir/cortar as mordomias, os desvios, os cargos crecentemente remunerados a bel prazer nos gabinetes e até nas garagens dos palácios dos governantes. Enquanto isso, hospitais, prontos socorros, transporte escolar, educação, etc. vem acumulando despesas e aumentando atendimentos com mínimos recursos, financeiros e humanos, que deveriam estar disponíveis para o bem estar da população. Poderíamos algum dia sonhar que isso seria resolvido?

Indignar-se todos os dias, todas as horas e todos os minutos deveria ser uma bandeira de cada cidadão, mas certamente ele não poderia viver e usufruir do pouco que ainda resta para uma vida comunitária mais alegre, mais feliz.

terça-feira, 24 de março de 2009

Opa, o Ibope me telefonou!

Em pleno sábado, de manhã, recebo um telefonema em minha casa, no fixo, e ouço do outro lado uma pessoa se apresentando como funcionário do Ibope e gostaria de conhecer que rádios a gente costumava sintonizar, em Curitiba. Não perguntou nada mais naquele momento, nem em que faixa etária estou eu. Respondi de pronto qual a minha emissora preferida. Daí ele perguntou qual a minha idade. Quando soube, pediu desculpas dizendo que queria respostas de pessoas com até 39 anos. Disse-lhe achar que a pesquisa era conduzida para pessoas mais jovens, coisa que negou, e que o que ele estava fazendo era apenas cumprindo um determinado contrato com determinada emissora, que desejaria saber em que posição estava nessa faixa etária.

Então, amigos, o Ibope é nada mais nada menos que uma prestadora de serviços comerciais, não necessariamente para beneficiar a comunidade. Desliguei intrigado naquele instante, mas retomando minha consciencia em seguida por entender que a maioria das atividades desses institutos dirige-se para atender a esquemas meramente comerciais, buscando mais contratos junto a investidores na midia.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Estórias da vida

Um cidadão comum, como a gente, poderia imaginar o que acontece nos bastidores e nos esquemas internos das casas legislativas deste nosso rincão brasileiro? Difícil, sim, aceitar muitas coisas que os nossos ´representantes´ fazem quando no exercício da confiança que depositamos neles. No caso do Senado Federal, estamos vendo o que ocorre quando um diretor geral é afastado das funções e continua na casa, percebendo seu rico provento mensal e sem ter que explicar como conseguiu amealhar tantos recursos para possuir um palacete em pleno lago da Ilha da Fantasia que é a nossa Brasília, a famosa capital federal. Na sequência, 146 cargos comissionados de diretores, assessores e etc. foram defenestrados por serem imorais e ilegais, no mínimo poderíamos chamar de mordomias adicionais às custas do erário público... Mas seus empregos continuam lá, sob as bençãos dos srs. senadores, nossos ´representantes´.

Se lá no Senado acontece isso, imaginemos o que ocorre na Câmara Federal, nas Assembléias Legislativas dos Estados e nas mais de 5500 Câmaras Municipais brasileiras. Para não ir tão longe, apenas ficando nas nossas proximidades, quero lembrar uma vivência minha num município do Litoral do nosso Estado, o Paraná. Conheço vários vereadores dali, e um deles, um dia, quando estava em sua loja de material de construção, ofereceu-me abertamente o uso de seu computador, do sinal de sua internet, que eram pagos pela Câmara Municipal. Em sua casa, sim! Ele tinha também um celular, doado pela sua Câmara Municipal, sem ter que pagar nada pelo seu uso. Toda a despesa era coberta pelo Legislativo ou, na verdade, pela população, por nós mesmos, os bobos que acreditam que as funções a eles delegadas seriam exercidas com comportamento justo, ético, moral. E tinha também uma Kombi para fazer os trabalhos assistenciais junto aos seus eleitores, com manutenção e combustível bancados pelo erário, pelo bolso dos habitantes.

Vamos lá que generalizar seria injusto com algumas Câmaras que tem mesas diretoras corretas e normais, diante do comportamento ético representativo ideal. Mas, se 5 mil Legislativos, com uma média de 9 a 12 vereadores, oferecem esse tipo de mordomias, podemos aquilatar o volume de recursos públicos malversados e postos pelo ´ladrão´, sem que isso represente melhores condições de vida dos cidadãos comuns como você e eu. Ganha-se uma representação e exercita-se a Lei de Gerson diante dos promotores, procuradores, juízes, enfim, da justiça que permanece cega e quer continuar assim por muito tempo.

Ah, se a nossa Constituição fosse cumprida!...

terça-feira, 10 de março de 2009

Entender o que é justo...

Podemos entender o que significa na realidade a palavra justiça? Vejam o que acontece ao nosso redor, quando lemos que um médico foi condenado a fornecer algumas cestas básicas para uma associação beneficente como castigo por ter usado recursos do SUS para fazer uma cirurgia e por fora cobrou mais de 7 mil reais de um cliente. Não consta, na decisão do meretíssimo juiz, de que o médico devolveu ao cliente a quantia que cobrou indevidamente, ilegalmente... E nem que devolveu ao SUS o valor da tabela, também embolsado...

Milhares de municípios cobraram dos servidores públicos ou contratados o valor destinado ao INSS durante largos anos e não depositaram essas importâncias como deveriam. Ou seja, desviaram os recursos sagrados tirados do sofrido salário dos seus funcionários. Como não repassaram aqueles valores, tornaram-se inadimplentes perante a União, diminuiram o montante ali ´gerenciado´pela República Federativa e ganharam recentemente um prêmio: podem pagar o que desviaram por largos anos, sem qualquer punição ou justa explicação. E a União alardeia que não possui recursos para pagar o justo aos aposentados que depositaram de 30 a 35 anos para terem um final de existência tranquilo. A teta dá leite para todos, menos para aqueles que JUSTAMENTE depositaram numa conta que se imaginaria seriamente administrada.

Entender o termo justiça fica difícil quando se observa que pessoas como Ibrahim Abi-Ackel, Jader Barbalho, Renan Calheiros e outros comandaram decisões importantes neste Brasil e continuam exercendo funções sem que devolvessem os recursos do povo desviados a seu bel-prazer.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Pelos semblantes

Tenho um problema muito grande: não sei blefar. E isso foi sentido quando, morando e trabalhando em Cascavel, Paraná, em jogos de poquer entre amigos, sem envolvimento de somas de dinheiro, um companheiro meu, Dimer Webber, revelou: "polaco, eu sei quando você tem carta boa ou ruim, pelos seus olhos. Basta eu olhar para você e saber que você está blefando ou tem cartas". Isso me vem quando olho fotografias de determinadas pessoas, políticas principalmente, e, pelo semblante delas, dá para registrar/imaginar o que elas, por dentro, sentem.

Vejam a foto que está publicada hoje nos jornais, o Diário Catarinense, à página 6, ´Política´, com os senadores Ideli Salvatti, Mercadante e Fernando Collor enfileirados e atrás mais um senador de sorriso aberto, um outro ao seu lado de cara de muxoxo e mais Osmar Dias de olhos para baixo, como que envergonhado. No rosto de Ideli, dá para sentir, rugas na testa, olhos estalados, mão disforme com dedo em riste, o aspecto real de ter sido traída; ao lado, Aloisio Mercadante, do seu partido, como um lorde negociador, olhos abaixados, deve ter dito/pensado: "é uma pena"; e ao lado de Mercadante, o Imperador avassalador Fernando Collor, olhar firme, quase debochado, qual ditador feliz por ter mandado para a guilhotina (aqui, sem cordas, machados e sem cadafalsos físicos) os seus eternos desafetos, não importa se estavam ali na época em que ele foi defenestrado pelas maluquices presidenciais.

No jornalismo crítico e realista, essa foto nem precisaria de legenda para mostrar em que ponto estamos na política brasileira. Um mercado livre e aberto, pouco importando a ética, a representatividade popular, o cumprimento aos preceitos constitucionais. Os historiadores brasileiros devem estar rubros de raiva ao tentarem registrar os fatos e os feitos deste pobre Brasil que ainda vive nos tempos dos coronéis, amarrado num quadro político-partidário injusto, distribuindo favores e louvores inconsequentes. Pena, muita pena.