domingo, 3 de agosto de 2008

Aniversário

Lembro muito bem de um jornal de Francisco Beltrão, PR, nos tempos em que trabalhava como relações públicas regional da Companhia Paranaense de Energia, Copel, quando achei extranho que o título do mesmo era mais ou menos assim: Fulano de tal completaria tantos anos neste dia! Referia-se ao pai do editor/diretor, que, naquele dia, se estivesse vivo, completaria xis anos. Em minha memória, esse título ficou marcado como uma coisa mórbida, saudosa, sentimental e de amor filial.

Pois neste 3 de agosto de 2008 o meu progenitor, o ferreiro competente Francisco, estaria completando 98 anos. Posso estar enganado num ano, pois a diferença de idades entre ele e a mãe era de 11 anos.

Qual a lembrança que se poderia ter de um pai lutador, brigador, que escondia sentimentos por ser um europeu, e os europeus, principalmente os homens adultos, deveriam ser duros em tudo, até na dificuldade de acariciar o semblante de um filho, ou filha? Pois o ferreiro Chico era assim, criativo, curioso, orgulhoso dos seus feitos ao produzir arados para os clientes colonos primeiro em Contenda, com a família Szczypior, e depois nas áreas de Araucária, tanto no Galarda quanto no bairro hoje conhecido como Estação. Esteve também em Serrinha, Contenda, num bom tempo, até que nos mudamos para a Vila Guaíra, em Curitiba, na Rua Morretes, 88, cidade que lhe deu trabalho na fábrica de bondes e depois nas oficinas da Transparaná, na André de Barros. Montou uma ferraria/oficina em casa, já na esquina das ruas Pará e Paranaguá, onde viveu os seus últimos dias.

Desde criança, ouvíamos suas histórias por vezes assustadoras, descrevendo as visagens na estrada de Tomás Coelho, que vinha da Igreja de São Miguel até a fazenda do avô materno Józef Gembaroski. As descrições dele sobre sua infância, em Lipinki, na Polônia, perto da cidade de Tarnów, o riacho onde brincava. Cheguei a visitar o local polonês, na casa onde a avó Wiktoria viveu e ali morreu, de troncos, baixinha, acho que para o tamanho tanto dele como de sua mãe.

Lembranças que tenho de meu pai são muitas, mas na maioria era que ele sempre estava trabalhando, criando coisas. Até aqui em Roça Velha, onde possuo um sítio que dá vistas para a sede do terreno onde nasci, há histórias dele ainda marcadas na lembrança dos mais velhos moradores, sobre ferramentas que fazia, gerador de luz a partir de moinhos movidos à água.

Que este texto seja visto, peço licença, como um fato sentimental, amor filial e de saudosismo.

3 comentários:

Cass Surek disse...

Se estivesse vivo, daria parabens ao avo Francisco em seus 98 anos de vida. Infelizmente o destino nao me deu tempo de conhecer seu lado europeu, nem seu lado sulamericano.
Do filho do filho, Cassiano. :)

Anônimo disse...

Me chamo Francisco Galarda sou filho de Casimiro Galarda hoje com 91 anos e que eh filho de Francisco Galarda(meu avo que faleceu 2 anos antes de eu nascer eu sou de 1961) pois tenho o mesmo nome de meu avo...Li no seu texto que o Sr se refere a...Tanto no Galarda....Gostaria de saber quais lembrancas o Sr tem daquela epoca....Meu email fgalarda@yahoo.com.br
Grato....

Anônimo disse...

São vagas as memórias desse local, onde meu pai tinha uma ferraria e minha mãe cuidava do bar/armazém. Precisaria perguntar à minha irmã Irene se éramos arrendatários e responsáveis diretos tanto na ferraria quanto no armazém. Lembro-me bem de uma olaria ali existente e do leito do rio Passaúna. Acho que eu tinha menos de cinco anos, daí os vazios de lembrança. Sei hoje que grande parte daquelas construçõe ainda se encontram sob as águas da barragem do Passaúna, segundo relatos de mergulhadores, pois não foram totalmente retiradas/derrubadas na época do enchimento. Seguramente seu pai Casimiro tem informes melhores a respeito. Aliás, em várias épocas, quando de eventos poloneses, eu como editor do jornal LUD e da entidade União Juventus, tivemos bons reencontros com seus pais e familiares. Essa época precisaria, mesmo, ser levantada por quem ainda (graças a Deus) está entre nós.