domingo, 29 de novembro de 2009

Você mede sua honestidade?

Um dia destes, um amigo conversava comigo sobre honestidade. Disse que ele, se tivesse de se safar de uma multa no trânsito, num posto de polícia rodoviária, não hesitaria em comprar a liberdade da multa. E me perguntou se eu faria o mesmo. Respondi de pronto que não, achava isso deplorável e nocivo à cidadania, um mau exemplo para si, para os próximos e para a sua imagem como pessoa e profissional.

E contei que, numa certa época, quando trabalhava na região de Pitanga, fui parado no posto da PRF no km 319 da BR 277 e o policial pediu meus documentos e disse que eu fui flagrado algums quilômetros atrás na velocidade de 168/h. Meu carro era um Kadett 1991, 2.0 e eu confirmei que poderia estar em velocidade superior, mas nunca a 168km/h, talvez uns 120, quando muito. Ele insistiu que foi a 168 e demorou bastante para lavrar a multa, amarrou-se bastante para pegar o talonário, na certa esperando alguma engraxada de bolso. Disse-lhe que eu estava em velocidade superior aos 110 permitidos, sim. Dei-lhe informações do que fazia, como jornalista e esperei que ele me liberasse, talvez me advertindo. Como demorou um pouco mais, uns 5 minutos mais, disse-lhe que cumprisse com seu dever, lavrasse a multa e eu iria recorrer. Recebi a multa, depois de mais demora...

Resultado: quando vi a multa, semanas depois, constatei que o guarda rodoviário tinha colocado que o evento, de 168km/h, ocorrera no km 319 daquela rodovia federal! Ora, era exatamente no km 319 que estava o posto da PRF, local impossível de eu passar com mais de 40 km/h! Gastei, na verdade, 200 reais, de honorários advocatícios, após fotografar a frente do posto policial com o marcador do km 319. Minha liberdade de multa poderia custar menos, mas minha consciência e meu espírito de cidadania não permitiram.

Agora mesmo, vendo o programa Globo Esporte, da Globo, entrevistavam jogadores, ex-jogadores e povo em geral perguntando se marcariam gol com a mão ou de modo irregular caso fosse possível e o juiz permitisse. Pois mais de 70% dos entrevistados disseram que sim, se pudessem, marcariam. Onde estamos com o nosso nível de honestidade, de consciência, do que é justo e verdadeiro!????

Estamos tão acostumados a ver, ler e constatar pessoas roubando, desviando, viciando concorrências e licitações, empregando parentes e cúmplices, ganhando mais ao arrepio das leis e das normas de conduta que o costume de levar vantagens em tudo se apresenta como normal aos olhos da população em geral. Sonharia com um mundo honesto, onde o direito de um começa quando termina o do outro ou que as coisas sejam justas para todos os interessados. Esse mundo existe ou é apenas uma utopia de alguns raciocínios de um domingo ensolarado de verão araucariense?

4 comentários:

Rubens disse...

Olá, Companheiro,
Parabéns pelo artigo sobre honestidade, realmente faz a gente pensar qual realmente é o valor da honestidade? Infelizmente as maiorias das pessoas estão vendo como uma coisa muito natural, totalmente diferente dos ensinamentos que foram passados para nós pelo nossos pais.
abs
Rubens

Só Estrada disse...

queria um macacão de seda que custava 1 salário mínimo.RENUNCIEI.
Viajei e fui multada por ter ultrapassado pegando talvez dois metros da faixa dupla. A mesma ceninha do guarda esperando propina. LEMBREI DO MACACÃO NA VITRINE mas falei decidida: lavra a multa que as crianças querem chegar logo pra ver o pai. Abração. Gente como você ajuda a formar um grupo muito muito necessário.
M tereza

Julio Cesar disse...

Opa companheiro, eu tb sou Surek e moro em Guarapuava.
Entre em contato pelo meu email e msn

malkav_nod@hotmail.com

Abraços !

Guilherme disse...

A degradação ética é um hábito que parece permanente no Brasil. A inexistência de percepção da noção de interesse público é altamente perniciosa a sociedade, indubitavelmente. E tudo começa com a prática de "cola" e outras trapaças na escola, como se isso fosse perfeitamente normal e aceitável.