terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Ao negar, as coisas se fixam como sim...

Gozado como pessoas espertas se aproveitam dos efeitos da comunicação. Vocês se lembram muito bem quando o sindicalista Lula negava, todo dia, toda hora, que era candidato à reeleição, processo que abominava quando estava querendo ser candidato a presidente da nossa combalida República. Todas as vezes, condenava FHC por liderar reforma da constituição para introduzir o sistema de reeleição. Aliás, FHC ficou apenas um ano tomando medidas para exercer a Presidência e depois abandonou o país e usou os três anos seguintes para reformar a constituição, chovendo concessões e liberando emendas absurdas apenas para cooptar votos favoráveis no Congresso.

Pois bem. A cada entrevista, Lula negava que tinha decidido ser candidato à reeleição. Era absurdo ouvir o presidente que nada dizia ou, se dizia, acrescentava que não tinha decidido ser candidato à reeleição. Agora, está acontecendo a mesma coisa: nega porque nega que não quer e nem aprova o terceiro mandato, fato qaue exigirá nova reforma de constituição. Mas essa ridícula idéia saiu de uma convenção do PT e o ´líder´do encaminhamento do assunto é exatamente um deputado federal que conviveu, e convive, com Lula desde os primários tempos do sindicalismo no ABC paulista!

Como aconteceu dias atrás na Venezuela, o povo pode ser omisso, desmemoriado ou mesmo emburrecido pelas lábias das raposas políticas que aí estão, é iludido por promessas e colocações das aves de rapina de plantão, mas reage nos momentos que menos se espera. Uma pesquisa diz que 65% da população desaprova qualquer gesto por terceiro mandato. Problema maior é que os partidos são paradoxalmente partidos, no sentido exato da palavra, repletos de falta de representatividade. Somemos os votos de todos os deputados, federais, estaduais e dos vereadores e veremos que o montante dos votos é inferior a 60% de todos os votantes nas últimas eleições. Ou seja, o que temos aí é uma minoria nos comandando. Não há legitimidade representativa da vontade dos cidadãos nas nossas Casas de Leis. E, como as leis são feitas e refeitas, e remendadas, cabe aos juízes, que não são eleitos pela população, aclarear as emaranhadas normas que deveriam ser justas, benéficas e úteis para o povo viver mais feliz e ter um Brasil mais perfeito.

Mas, como somos latinos e, nesta condição, sonhamos com tempos melhores. Sonhando sempre, deveríamos repetir todo dia e toda hora que não podemos esquecer de escolher gente ideal que nos represente. Mesmo em sonhos, talvez consigamos, um dia, isso. Vamos negar todo dia que somos enganados, repetindo isso a cada hora, a cada minuto, a cada segundo. Talvez revertamos a caótica situação que vivemos em que as raposas estão no galinheiro e ninguém protege as galinhas dos ovos de ouro (o tesouro nacional)...

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