terça-feira, 26 de outubro de 2010

Muito varonil e pouco gentil

Como são interessantes os comportamentos das pessoas, quando já tomaram uma decisão ou não querem mudá-la, mesmo que obtenham mais informações, mais provas de que seu posicionamento pode estar equivocado, errado!
Falo da presente campanha eleitoral: saindo de uma frágil representatividade popular, com candidatos sem o necessário carisma que poderia ser ideal para falar, agir e pensar em nome de mais de 200 milhões de pessoas, eis que enxurradas de denúncias sobre os dois concorrentes chegam à nossa caixa virtual de mensagens. Denúncias com fotos, documentos de nascimento até em búlgaro, frases acusadoras de desvios, comparações de governos como se um não fosse substituto tendo usufruto de outro.
Quem, menos avisado das coisas desse nosso país, não conhece como são as eleições brasileiras, poderia imaginar que está numa terra sem controle, sem noções do que é uma democracia e que valores inexistem nesta pátria muitas vezes varonil para quem está no poder e pouco gentil para a ética, a moral e a justiça.
Frases de efeito assolam nosso dia-a-dia sem que o povo saiba o que cada um dos concorrentes efetivamente vai poder fazer, uma vez na função de Presidente do Brasil. Panfletam verbalmente, na tela e no microfone, quais as suas metas e as suas intenções sem ter absolutamente mínima ideia dos custos e das reais possibilidades de cobertura para efetivarem as promessas. Sabem eles, sim, que a memória do povo é curta, bastando que no final do mês tenha algum para tocar a vida. A maioria é imediatista e sempre procura levar vantagem em tudo, certo? – parodiando a `lei de Gerson´.
O povo entenderia como vantagem se prometessem unificar e diminuir os quase cem tributos, baixando-os e dando mais poder de renda à população? Se prometessem desburocratizar a máquina estatal, em todos os níveis, teriam apoio popular? Se abrissem as caixas pretas do sistema financeiro, das empresas estatais e multiestatais, fundos oficiais de pensão, dos tribunais e cartórios diversos que se dizem isonômicos, ganhariam pontos junto ao povo?
Estamos diante de impasses, como acontece sempre às vésperas de mudanças no cargo e encargos de dirigente nacional de plantão: um deles está em agradar brasileiros e brasileiras, acostumados a assistir, passivos, a embates eleitorais com capítulos diários de novela bizarra, à espera de alguma vantagem, mesmo que esta seja apenas uma quantia mensal que o desestimula a buscar emprego, trabalho, aprendizagem.

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