sábado, 12 de fevereiro de 2011

Cantinho Métio (IV)

Vão longe os tempos e as lembranças por vezes se esvaem, mas, antes que esfriem e desapareçam, é bom registrar.
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Imaginem ir para a aula descalço, calção curto e camiseta fina em pleno inverno, depois de uma tremenda geada, sem sentir que era sacrifício, era normal naqueles tempos, l953-54. Meus pés eram calejados, não usava sapatos e a escola não impedia que aluno pobre como eu estivesse na sala descalço.
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Façam ideia do susto e da dor em que um dia, por teimosia de garotinho, acho que com uns cinco ou seis anos, sua cabeça foi colocada num tanque com água gelada, apenas para receber ´educação paternal´ de que precisava lavar o rosto pela manhã, quando acordava... Era um tratamento de choque que, hoje, mereceria um B.O. Nunca mais deixei de lavar o rosto pela manhã, por mais fria que estivesse a água.
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Boas lembranças dos tempos em que ia de lotação, ou de bicicleta, até a rua André de Barros, em Curitiba, na firma onde meu pai trabalhava como ferreiro, na Transparaná. Levava a marmita para meu pai e, antes que reiniciassem as atividades, ali pelas 13,30, jogava volibol com os colegas de meu pai Francisco.
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Perto da Rua Morretes, já na Rua Pará, havia um campinho onde a gente jogava bola todo dia. Como a bola era minha, comprada com o fruto de minhas vendas de verduras na vizinhança, meu lugar no time, embora não fosse lá um grande jogador, era garantido pela propriedade. Se houvesse uma briga ou alguém queria entrar no meu lugar, o jogo terminava, muitas vezes numa desabalada corrida para casa, com bola grudada no corpo, e a turma querendo me pegar e bater...
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Já adolescente, com menos de 14 anos, fiz uma proposta e me transformei sócio da Sociedade Operária Beneficente do Portão, bem ao lado da Igreja, no início da João Bettega. Não sei como aceitaram sócio de menor, como era chamado na época. Ia aos bailes e matinês dançantes e cumpria a valer o costume de salão: se você convidasse uma moça para dançar e ela não quisesse, você tinha que ficar naquele lugar, na frente da mesa onde ela estava, como um fora social inadmissível. Muitas vezes ficava lá o Métio, plantado, sem deixar a mal educada garota dançar com outro....

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