sábado, 5 de fevereiro de 2011

Estamos preparados para enchentes e enxurradas?

Lembro bem dos tempos em que trabalhava no Edifício Demeterco, ali na Dr. Murici, em Curitiba, num dos andares ocupados pela Assessoria de Relações Públicas da Copel, quando, por muitas vezes ficávamos ilhados no prédio pelo lago de quase um metro de altura formado pela chuvarada que caia e suas águas não escoavam pelos bueiros. Muitos chegavam a usar barcos para transitarem por ali e até alguns cobraram o salvamento com pequeno pedágio. Era hilário de um lado e triste de outro. Só depois que a administração municipal aumentou a canalização que isso acabou.
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O indagar "estamos preparados para as enchentes e enxurradas" puxa esse artigo. As pessoas estavam durante algumas décadas apenas preocupadas com o aquecimento global, que o mundo está derretendo, que estamos longe das adversidades climáticas e, de repente, como que de um nada, surgem os deslizamentos de morros e encostas, as cidades têm árvores derrubadas, carros amassados e pessoas morrendo ou se ferindo porque exatamente naquele lugar e naquele instante estavam ali, diante do problema, da enxurrada, das águas levando tudo e todos. O que fazer diante do imprevisível? Mas, seria realmente imprevisível?
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Vamos incursionar nos motivos que nos levaram ou nos levam a isso. As cidades vão inchando, chegam levas de pessoas que ocupam os espaços, não importa se no morro, à beira dos rios ou mesmo nas baixadas. Erguem suas moradas normalmente sem autorização dos Executivos municipais e ali passam a viver, ou tentar viver. Ninguém lhes deu orientação a respeito de possíveis problemas em morarem ali, a responsabilidade social das empresas de energia elétrica e de água obriga-as a levar o benefício mínimo, o de dispor de conforto e higiene. Esgotos?, nem pensar! Bueiros adequados?, ora bolas, para quê? Serviço público que direcione ou escoe adequadamente as águas que chegam e correm pelas suas ruas?, isso ninguém imagina!
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Elegemos pessoas para cuidar das coisas públicas e elas se acomodam nas cadeiras do poder e da politicagem e o povo que se lixe. Aliás, o lixo consequente da vida dita moderna (se é que a vida urbana pode ser chamada de moderna, inovadora) é também um dos motivos pelas águas anuais que assolam a nossa paciência e o nosso sentido crédulo naqueles que nos deveriam representar e agir em nosso nome.
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A pergunta é essa: estamos preparados para enfrentar as enxurradas e as chuvaradas? Pensemos nisso quando encontrarmos os prefeitos, os vereadores e os deputados, para não falar nos nobres senadores. Ou quando formos cobrar plataformas de governos, durante as suas campanhas.

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