sábado, 29 de janeiro de 2011

Criar ou não novos clubes de Rotary?

Determinado nas coisas como sempre fui, tive alguns exemplos de como e porque fundar novas células da organização Rotary Internacional, ao qual pertenço desde novembro de 1979. Muito comum pessoas com liderança se acomodarem e entrarem na vala comum do dizer 'ah, isso é difícil!', 'não vai dar certo!', 'para que um novo clube?', 'já temos muitos clubes aqui', 'está tão bom o meu clube com 20, ou 25 sócios!', 'a cidade não comporta mais um clube!'.
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Com experiência no assunto 'criação de novos clubes', o observo com alguma tristeza que conjugar liderança profissional com ação se tornou nos últimos dez ou quinze anos um problema para o crescimento e a manutenção dos quadros sociais. Faltou à maioria dos administradores a propalada visão de futuro que seria, ou é, um dos mais fortes predicados para quem recebe atribuições de motivar, comandar e fazer as coisas acontecerem numa organização de propugna pela paz e compreensão entre os povos, acionando suas potencialidades de liderança exemplar, com valores éticos e morais.
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Sou favorável, sim, a criarmos novos clubes em comunidades de cinco mil habitantes para cima, ou até com menos gente, desde que haja um trabalho de base dentro dos prncípios rotários. Se existirem e acharmos pessoas realmente líderes naquilo que fazem, que se preocupam com a felicidade do próximo, que constróem o seu mundo e de outros a partir e na definição da Prova Quádrupla (1. É a verdade?; 2. É justo para todos os interessados?; 3. Criará boa vontade e melhores amizades?; 4. Será benéfico para todos os interessados?), eis a chance de se formar novo clube ali. Basta descobrir um a quatro líderes profissionais de mão cheia no local para lançar a semente do novo clube.
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Segredos de como não dar certo ou ter muitas dificuldades, pelas experiências vividas: não escolher grupos de empresários apenas, não pegar grupos de amigos e familiares apenas, não querer apenas jovens profissionais, muitas pessoas envolvidas em política partidária ou administração eleita, ou grupos de pessoas com atividades parecidas. Ensinaram-nos e deu certo que o ideal é descobrir quatro profissionais que não sejam sócios entre si, amigos em esportes ou outras atividades sociais. A partir dessa escolha e descoberta, fica mais fácil multiplicar valores no novo grupo do servir antes de pensar em si.
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Não atropelar no treinamento e nos ensinamentos, dar um certo tempo dos novos assimilarem os conceitos e os preceitos do Rotary, estes seriam os caminhos para se formar um clube forte e bem representativo nas atividades válidas dentro da comunidade. Deixar que a criança descubra por si o mundo maravilhoso do servir através do seu exemplo pessoal e profissional; que curta o seu exemplo e dos demais, em termos pessoais e profissionais. Esta pode ser a dica ideal de mostrar que existem valores a serem cultivados e aplicados nos programas em favor das comunidades.
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Tenhamos consciência das nossas potencialidades em 'dar de si antes de pensar em si' no campo de expansões externa ou interna. Devolvamos ao nosso dedicado padrinho, ou à nossa dedicada madrinha, o gesto despreendido que ele ou ela tiveram em nos escolher para integrar Rotary. Descubramos em nós a semente que pode brotar e crescer, transformando-se numa árvore frondosa e benéfica que ampare as carências cada vez maiores do nosso mundo.

SITUAÇÕES EXPERIMENTADAS
1. Cascavel Harmonia - o clube número um, o RC Cascavel, levou mais de vinte anos para ousar criar mais um clube. Era eu secretário do então presidente Arno Sagmeister e, na hora de me convidar para o cargo, disse que sim, desde que formássemos mais um clube na cidade. Ele topou e iniciamos os trabalhos, partindo de dois grandes amigos, Edimar Ulzefer e Charles Uscocovitch, companheirões que deram a largada com quatro a cinco profissionais que não eram amigos. O clube vive e trabalha muito bem até hoje, formou e forneceu, como continua fornecendo, ao Distrito 4640, líderes ativíssimos.
2. Curitiba Cidade Sorriso - Já no Distrito 4730, por iniciativa do padrinho Mário Pilotto, governador do meu tempo de presidente do Cascavel, 85/86, eis que meu segundo clube, o RC Curitiba, resolveu criar o primeiro clube café da manhã, chamavam-no de Clube do Canto do Galo. Foi formado com entusiasmo com ex-rotarianos, eu inclusive indiquei nomes, entre eles Zildo Costa e Rubens Roberto Hatitzreuter, que chegaram a presidentes mais tarde. O clube era para ser o primeiro café da manhã do Brasil, mas perdemos para o RC Brasilia Alvorada, alguns dias antes. Deu certo mais de quinze anos. Talvez por falta de renovação ou mesmo programas houve desmotivação. Fizeram grandes programas enquanto viveram Rotary, um deles o do plantio de palmitos na Serra do Mar, por muitos anos. Alguns sócios, quando foi fechado, passaram a outros clubes, outros ainda estão sem clube.
3. RC Campo Largo - Numa cidade progressista como Campo Largo tinha existido um clube que foi fechado por várias circunstâncias, uma delas, alegavam, era a oposição de um sacerdote. O clube, em sua segunda versão, funcionou animado e motivado por quase 10 anos, quando foi fechado por uma ordem unida da Presidência de RI de que clubes com menos de 15 sócios ou aumentavam ou teriam que ser encerrados. Decidiram terminar, pois não encontravam novos sócios e, os que entravam, o fizeram mais por amizade ou por interesse de marcar presença comunitária política. Recentemente, foi fundado um novo clube, com reuniões ao meio dia e, pelo que soube, está indo muito bem.
4. RC Curitiba Novos Tempos - Tivemos a ideia de fundar um clube com jovens líderes profissionais, ex-rotaractianos. Foi fundado, era uma verdadeira estrela do servir, mas a entrada e saída de sócios era constante, à medida em que eles, jovens nas suas atividades, iam buscar novas oportunidades, grande parte fora da cidade. Ou seja: uma experiência super válida, mas apenas com associados de faixa etária mais baixa foi até lamentável por não ter dado certo. Perto de dez associados decidiram fundir o clube com o Champagnat, com um quadro social mesclado de experientes rotarianos e permitiu uma oxigeração nas lideranças. Vários do Novos Tempos repetiram presidência, já num clube experiente como o Curitiba Champagnat.
5. RC Paranaguá Taguaré - Este clube foi criado no primeiro mês de minha Governadoria, 96/97, trabalhado pelo grande rotariano Fernando Caldas, que tinha sido governador dois anos antes. Clube misto, deu verdadeiro show de serviços desde o seu início. Hoje continua sendo uma das estrelas do Distrito 4730. Foi formado na base ideal, com distribuição adequada de profissionais e pessoas de negócios. A cidade de Paranaguá comporta mais células rotárias, a partir do exemplo do Taguaré, com apoio dos co-irmãos Paranaguá e Paranaguá Rocio.
6 - RC Bituruna - Cidade pequena, no extremo geográfico do Distrito 4730, foi fundado na nossa gestão a partir do incentivo de dois rotarianos de Porto União, o ex-governador Ary Carneiro e o então governador do 4740, companheiro Ary Carneiro Júnior. Deu certo nos primeiros anos, fizeram um trabalho super interessante na comunidade, mas durou menos de sete anos. Os motivos seriam muitos, mas o desintesse de alguns líderes em renovar presidências e conselhos diretores, além da existência de relacionamentos pessoais e de cunho partidário, foram os pontos fatais para o seu fechamento. Estamos neste ano rotário reabrindo os estudos na tentativa de fundarmos, de novo, o clube, agora com as orientações renovadas de RI e com participação de líderes profissionais femininas.
7 - RC Pontal do Paraná - Este foi um grande e especial desafio, contra opiniões de muitos, inclusive do Litoral, mas o clube foi fundado contando com experiência de alguns ex-rotarianos e está funcionando maravilhosamente até os dias de hoje. Atendem carências da comunidade, reunem-se com entusiasmo e fazem a diferença na prestação de serviços na comunidade a que atendem, em mais de trinta balneários que compõem o município.
8 - RC Lages Alvorada - Ideia idealizada no Distrito 4740, pelo RC Lages Norte, esta nova célula teve início na motivação e na organização em setembro, com reunião de quatro membros na primeira semana, seis nas demais e hoje, janeiro, está com 19 nomes, homens e mulheres, firmes na formação do primeiro clube café da manhã de Santa Catarina. Seus líderes e demais associados decidiram continuar a sua organização sem pressa e sem convidar nomes afoitamente, para preencher a lista mínima de vinte e cinco. Já constituiram as comissões internas e devem fechar a lista antes de Rotary International comemorar seus 106 anos, em fevereiro.

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