terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Para medir o nível do povo

Numa pequena praça, na cidade paranaense de Palmas, uma senhora, de trajes simples, senta num dos bancos, tira da sacola uma banana, descasca-a e a consome normalmente, como se fosse um pequeno lanche. Antes de absorver a iguaria, ela pega as cascas e as coloca numa sacola de plástico... Revelação e relato feito pelo meu colega de trabalho, Jair Fabiciack, que ali estava para um serviço profissional. Ele, vivente pelos vales do Itajaí, SC, ficou admirado com o comportamento da mulher. Pelo que se vê e se desola por cidades diversas desse nosso Brasil.
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Da janela do escritório, em Lages, eis que nossos ouvidos são atacados por um barulho vindo de potentes alto falantes instalados em carros, grandes, médios ou mesmo pequenos. Com um detalhe: o veículo está com suas janelas abertas, o sujeito no volante, normalmente com boné de aba longa, vai adiante como que curtindo o seu `maravilhoso som`. O que passa na cabeça de um ser para fazer isso, é o que a gente se pergunta. Ele quer ressaltar o seu gosto pela música ensurdecedora que foi produzida para ambientes fechados, para se movimentar o corpo ou quer mostrar que é um pobre coitado logo logo cliente de uma clínica de otorrinolaringologia? Que curtidor de barulho é esse que fica com o som tum-tum-tum danado sem ritmo ou nota musical?
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Nas ruas de cidades maiores, principalmente as mais movimentadas, as que servem como vias rápidas, embora o limite seja de 60 km horários, você obedece a esse nível de velocidade enquanto alguns ficam a 20 ou 30 por hora. Aquela via que deveria servir para ser mais rápida, torna-se caótica, ao ponto de dez ou vinte quadras se transformarem numa verdadeira tortura. Os mais apressadinhos, nem sempre os mais capazes no volante, passam a costurar o tráfego, não respeitando espaços e nem sinalizações. Pelo que se imagina, as clínicas desestressantes estão tendo bastante movimento nos ditos tempos modernos...
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Daqui a pouco vão introduzir cursos profissionalizantes de sacoleiros. Sim, pessoas que andam de lá para cá carregando objetos em sacolas. Como conseguir o registro de profissional de sacolas, este seria o título do curso, mesmo que seja por correspondência. Deve haver, no currículo, dicas de como ludibriar a alfândega, como falar com o funcionário da receita e como colorir aquela sacola que está trazendo produtos importados da China. Que nível de controle seria possível para incrementar mais esta criatividade brasileira no contexto da nossa economia?
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Se a gente quisesse realmente pirar, e para isso não precisaria de muito esforço, acredito que entender o povo e suas atitudes nos atuais tempos seria um tremendo exercício de magia.

2 comentários:

Cass Surek disse...

O curso seria um Bacharelado em Ciencia do Carregamento Internacional de Sacolas. Isso profissionalizaria o Executivo de Fronteira.

Miecislau Surek disse...

Perfeito. Boa ideia.