segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Sangue e suor por um grande Coritiba

Todos sabem que torço pelo Coritiba, desde menino, chegando a pegar trem para Ponta Grossa e torcer pelo time numa decisão com o Operário Ferroviário. Sempre fui e continuindo indo a jogos da equipe e acompanho por todos os meios a sua trajetória. O jogo de sábado passado do meu time contra o Avaí, no Ressacada, foi de uma sonolência que deu dó para quem foi ao jogo e quem ligou a TV ou a rádio. Os atletas não podiam reclamar de falta de torcida, estavam lá mais de três mil, segundo soube. Continuavam tartarugando no campo, perdendo bolas de forma bisonha e se batendo na defesa. Parecia que estava tudo acertado para que o Avaí melhorasse na tabela de classificação, fugindo do rebaixamento. Não acredito que atletas de um time como o Coritiba estivessem entregando o jogo... Mas quem viu ficou desconfiado.

Cheguei a ser conselheiro do Coritiba, nos tempos do Evangelino Costa Neves, levado pelo também conselheiro e entusiasta Denisio Belotti. Éramos 300 os conselheiros e cada um contribuía mensalmente com um valor, acho que eram 200 cruzeiros novos (nem me lembro da moeda de então), que, somado, dava para cobrir TODA a folha de pagamento dos jogadores. Éramos idealistas da época? Nem tanto. Confiávamos na diretoria que elegemos e sabíamos que o chinês e Miguel Checchia, principalmente, comandavam o time para representar as cores coritibanas, ganhando títulos com raça e muito empenho. Quem vestia a camisa coxa era porque merecia vestí-la.

Passada a nostalgia, quero revelar alguns sentimentos coritibanos neste texto. Não posso admitir que clubes como o Coritiba sejam usados para dar lucros pessoais a dirigentes. Se é para ter lucro, deve ser para o Coritiba e nunca para as pessoas. Se querem abrir uma empresa, dentro da legislação brasileira, que o façam abrindo o capital para os associados, para quem quer apostar na qualidade e na raça dos funcionários que são contratados para defender as suas cores. Sei que existe uma empresa chamada Coritiba S/A. Alguém sabe a quem pertence, quem são os seus sócios e administradores? Pouca gente sabe.

Já estivemos na segunda divisão, já sofremos muito para voltar à divisão principal. Mas nos últimos dois anos observamos tanto amadorismo no trato das coisas e dos negócios do time que a gente chega a desesperar. Não falta investimento e confiança dos torcedores quando o time é administrado com mais profissionalismo, sem as interferências danosas de alguns dirigentes na escalação da equipe, na contratação de valores ou mesmo no respeito aos seus técnicos quando se encontram trabalhando por vitórias. O estágio atual é de alívio, sim, mas é um sentimento de consolo apenas. Nunca o time do Coritiba ficou tão abalado moral e esportivamente. Ganhamos o retorno à Série A porque na média estamos um pouquinho melhor do que os demais. Ou seja, voltamos graças à média baixa dos demais times em termos de futebol, organização e técnica.

Por fim, tenho esperanças de que o Coritiba volte ao seu lugar de destaque no futebol brasileiro. Com um estádio melhorado, onde haja conforto aos torcedores que aumentam muito a cada ano. Com uma infra-estrutura adequada, com sistema de som melhor, mais moderno. Com banheiros em que o acesso não nos envergonhe. Com lanchonetes que tenham realmente mercadorias suficientes, não apenas cerveja, para que a gente desfrute e não se irrite. Que tenhamos eleições democráticas, envolvendo vinte, trinta mil sócios, e não apenas os poucos gatos pingados que formam hoje o seu quadro social. Que os estatutos sejam atualizados e postos em vigor para que a gente comemore vitórias em todos os campos, não apenas na formação e manutenção capengada de uma equipe de jogadores. A grandeza de um clube como o Coritiba somente poderia ser curtida e festejada se ele voltasse a ser um grande clube de esportes (não apenas de futebol), de promoções sociais e com patrimônio para deleite dos seus patrocinadores, os sócios e torcedores.

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