terça-feira, 13 de novembro de 2007

Somos reféns da nossa omissão

Vejam se estas colocações têm justificativas razoáveis:

SOMOS reféns das ações dos governantes que elegemos. Depositamos nossas esperanças nas propostas dos candidatos e, quando no exercício da nossa representação, eles se comportam exatamente ao contrário.

SOMOS reféns da insegurança que grassa ao nosso redor. Nas esquinas, nas casas, nas ruas e estradas, temos que redobrar as atenções para não sermos assaltados. Pagamos seguros altos para termos uma segurança pessoal e patrimonial. E nem isso adianta, os ladrões e até presos soltos para tarefas noturnas fazem a sua ´coleta´. E não adianta reclamar. Um dia roubaram-me do pátio de minha casa em Pontal um motor de popa, registrei o roubo na delegacia e o registro desapareceu uma semana depois dos arquivos. Soube que o motor estava na casa de um policial na Ilha do Mel. A quem recorrer? Em dezembro de 2005 me assaltaram a casa em Pontal e me roubaram meu notebook. Registrei na delegacia, os agentes sabiam quem roubou e nunca mais vi o equipamento, nem o registro. Reclamei para o diretor da polícia civil da época e ele me disse que era difícil achar, ainda mais com os roubos e contrabandos em Paranaguá e região...

SOMOS reféns da incompetência pública no trato das coisas como asfaltamento, sinalização e iluminação pública. Você que mora em Curitiba deve estar triste com o tratamento que a Prefeitura do prefeito Fórmula 1 trata das entradas ou saídas da cidade: você fica surpreso quando sai de Curitiba e passa pelas cidades adjacentes, com suas rodovias sinalizadas, iluminadas e seguras. A Avenida das Araucárias é uma delas. Sai de buracos para entrar numa via perfeita para o contribuinte...

SOMOS reféns dos serviços telefônicos, energia e água e esgoto e coleta de lixo. Quando você quer reclamar de alguma coisa com a telefonia, por qualquer assunto, o tratamento é frio, distante e você não pode falar com o supervisor, gerente, da empresa. No caso de luz e força, até que os atendentes são eficientes, quando se consegue falar com eles nos dias de qualquer chuvinha; nos dias de tormenta, fique frio, vai levar um tempão tanto para ser atendido pelo telefone de emergência quanto para retornar a luz em sua casa ou escritório; para a área rural, bom, aí você tem que passar primeiro por uma clínica de recuperação, pois chega a demorar mais de um dia para que volte a sua energia, tanto na sua casa como a sua própria. A concessionária do fornecimento de água e tratamento de esgotos proibia que usuários instalassem registros especiais em suas casas e prédios para separar o ar dos canos de água: agora, ela mesma instala o equipamento. Ou seja, você não pode, a companhia pode. E a coleta de lixo se tornou um filão para brigas entre os abutres contemporâneos da politicagem nativa. Você, cidadão contribuinte e vivente e sobrevivente, tem que tomar engov para deglutir tudo isso...

SOMOS reféns dos serviços bancários, ao ponto de qualquer dia você ter que pagar ingresso para passar pelas portas eletrônicas que irritam. Oferecem serviços de 24 a 30 horas, fazendo propaganda enganosa por todos os meios, mas você somente pode usar pessoalmente os caixas físicos durante seis horas; os caixas eletrônicos, os postos, apenas dezesseis das enganosas 24 ou 30 horas. E os serviços online, embora haja 24 horas no dia, exigem uma série de senhas e mais dígitos da dita segurança insegura que você ensaca a viola da paciência no baú de seus tesouros mentais perdidos...

SOMOS reféns confessos da nossa confiança na eficácia e eficiência das leis e das normas que deveriam defender os direitos e as responsabilidades do cidadão, que constituiu o Estado como um poder aglutinante das vontades gerais e da vida em comum. Na previdência social, você investiu para sua segurança e ela inexiste; o Estado rouba e faz dos nossos recursos um caixa de rapinagem constante pelos ladrões eventuais que se perpetuam no executivo, com anuência de grande parte do judiciário. O Estado gasta tudo para manter um quadro de servidores que apenas se serve, pouco produz em benefício da nação. Quem produz é chamado de bandido explorador do povo, pois ele nem tem direito a ganhar o mínimo para sua manutenção e seu próprio crescimento. Quem ousa produzir é condenado, é empresário explorador. Ninguém quer ser mais empresário, quer ser membro de diretórios dos partidos políticos, principalmente do partido de quem está no poder...

SOMOS reféns, sim, de tudo o que acontece ao nosso redor. Impessoalidade nos relacionamentos, discriminação de como você se veste ou se comporta, ser honesto nas coisas e nos tratos das coisas é visto com sinal de burrice, senilidade.

QUEM não se sentir refém nesta terra que me atire as próximas palavras. Será meu consolo neste choro interior.

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