sexta-feira, 6 de julho de 2007

Só alegria na presidência

Nós, latinos, temos uma visível e risível tendência de, quando assumimos a presidência de alguma entidade, alguma associação, acharmos que temos o poder, tudo podemos fazer e que ninguém vai nos tirar dos caminhos que desejamos, que traçamos.
Se estiver errado, quero que me corrijam nesse raciocínio.
Quantas pessoas já assumiram presidência de clubes, sociedades e foram verdadeiros desastres em termos de manutenção, desenvolvimento ou mesmo cumprir simplesmente a tabela, ou seja, fazer o que o mandato ou a gestão pediam. Presidir a entidade, dar a ela seqüência em sua vida e em suas atividades, com base na vontade daqueles que a mantinham.
Já vi presidente que simplesmente esqueceu de ler o estatuto e o regimento da sua entidade, nunca fazendo assembléia, prestação de contas. Foi um desastre: ele mesmo resolveu ser presidente, secretário, tesoureiro e executivo, ignorando que na sua diretoria os cargos estavam ocupados e exercidos pelos eleitos. Foi um desastre total: o próprio conselho diretor deu as contas a ele, pediu que renunciasse.
Já tive que conviver com presidente que mantinha seus negócios particulares patrocinados pela entidade que presidia, telefones, escritórios, móveis, etc, tudo era patrocinado pelo caixa, pelos recursos que os contribuintes, na confiança, depositavam periodicamente para manutenção das atividades e investimentos em melhorias. Desastre que fez a entidade perder valiosíssimo patrimônio.
E os presidentes que se mantém no cargo ad eternum, esses estão aí aos montes, com recursos não se sabe de onde e de quem, mas sempre aparecendo nos círculos políticos principalmente em seu país ou internacionalmente, provocando verdadeiro "frisson" nos detentores de poderes com base de votos. Conheço um deles que parecia estar esperando nosso convite para criarmos uma entidade sul-americana que representasse as vontades dos descendentes de poloneses perante o mundo. Pois a entidade não tem renda, só gastos e uma pessoa só, ele, o presidente, manda e desmanda, sem contribuições das entidades filiadas ou recursos. Os planos são somente dele, as ações idem, os eventos são para a mídia eventualmente registrar e as festas normalmente são por ele patrocinadas. Impossível ver numa entidade assim qualquer tipo de representatividade.
Bom, o que eu queria dizer, e de certa forma, abominar, é a passividade de muitos diante de presidências desastradas, ocupadas por pessoas sem qualquer liderança, sem qualquer auto-crítica. Dizem que cada povo merece a presidência que tem, ou, cada sócio tem uma diretoria que merece.
Posso estar errado, mas acho que as escolas e universidades deveriam trabalhar os talentos das pessoas direcionados para participar da coletividade em prol dessa mesma coletividade. Dar um jeito de, formal e até abusivamente, ensinar o que é empatia, o que é estar no lugar do outro, o que é sentir as coisas pela ótica, pelo sentimento e pelo coração do semelhante.
Pois, esse nosso jeito latino de presidir as coisas pode nos levar a mais desastres em termos comuns. Não existem imperadores mais por aqui, reis, barões, duques e príncipes muito menos,
o que precisamos é acabar com a idéia de que ser presidente é ter o poder total sobre as coisas, sobre as pessoas e sobre os seus liderados.
Com certa bagagem no ramo, posso afirmar que obterá total sucesso aquele presidente se ele apenas cumprir o seu papel, o de fazer cumprir a vontade da maioria dos seus sócios, dos cidadãos. O restante das coisas é só alegria, pelo dever cumprido.

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