sábado, 28 de julho de 2007

Como passar 100 dias fora de sua casa

Alguns que me conhecem sabem que sempre fui de movimentar pessoas, grupos, coisas. Pois desta feita, num projeto pessoal acalentado durante bom tempo, resolvi dar um tempo para parte de minha família que mora fora do Brasil, que vive rodando a vida pelos Estados Unidos, primeiro em Pasadena, Califórnia, depois em São Francisco e em Philadelphia, Pensilvânia. Mais tarde, em Durban, África do Sul, e agora em Pendleton, Oregon, cidade de origem da família de meu genro Sam Clark, marido de Clarissa, minha filha mais velha, e pai das netas Sophia Cristina e Paula e a partir de junho de Oliver Thomas.

Pois bem. Como minhas atividades profissionais estariam em compasso de férias, pois estamos aguardando a retomada do projeto de construção da uma usina hidrelétrica em Lages/São Joaquim e Bom Jesus, no Rio Pelotas, pela demora do licenciamentoprévio ambiental pelo Governo Federal, pedi um tempo para ficar fora do país, junto com Clarissa, marido e netos.

Como hoje estou completando exatos 100 dias aqui em Pendleton, posso tentar resumir o que fiz, vi e vivenciei nesta temporada norte-americana.

Primeiro, posso dizer que parecia difícil ficar longe de minha casa, dos meus familiares, da minha mulher Cristina, durante tanto tempo. Bom, Cristina veio para cá há um mês e está retornando comigo neste início da semana para Curitiba. Olhem, passar 100 dias fora do seu costumeiro, do seu viver em Curitiba ou em Araucária, foi até leve e especial pela oportunidade de você conviver mais de perto com as netas, com o genro e com a filha mais velha, coisa nunca acontecida em nosso convívio, desde que Clarissa saiu de casa para estudar na casa da avó e o avô, em Curitiba, quando morávamos em Cascavel.

Bom, muitas curiosidades pude vivenciar, no dia-a-dia, com os familiares daqui. Com Clarissa, pude colocar alguns assuntos em dia, embora falássemos antes quase todos os dias pelo skype ou mesmo com trocas de e-mails. Fizemos alguns trabalhos juntos e foi super agradável em tradução e transcrição.

Com minha neta Sophia Cristina, que tem 10 anos, entregamos jornais, já que ela tem 62 assinantes do jornal East Oregonian, normalmente no início da tarde e aos sábados e domingos entre 4 e 6 horas da madruga. Cristina se juntou a ela nos últimos trinta dias e faz companhia numa das duas rotas. Imaginem que uma professora universitária e doutoranda esteve entregando exemplares de jornais nas casas por aqui. E eu, de jornalista, virei newspaper's carrier, jornaleiro. Uma boa, foi legal à beça.

Com a Paula Beatrice, de 6 anos, a gente teve agradáveis lances e algumas curiosidades bem curtidas. Ela gosta de nadar de costas, está aprendendo numas aulas aqui no Parque de Natação. Ela ainda tem receio de nadar solta, então a gente a apara quando pula na piscina. Ela costuma brincar sozinha, com amiguinhos imaginários, gosta de ter tudo arrumadinho, aprecia ajudar a montar e servir mesa, faz simulações de pedidos de comida, apresenta faturas. As ciumeiras normais pela 'concorrência' do bebê Oliver, nos últimos dias, têm sido resolvidas pelos pais com tranqüilidade, avalio.

Com o genro Sam, que trabalha na Universidade de Washington, em Seattle, pude fazer alguns trabalhos de raspagens de portas e janelas, hall da entrada e pintar alguma coisa. E sempre curtindo uma boa comida, que ele faz com esmero, com temperos especiais e saborosos. Sua superorganização é de fazer inveja a qualquer um.

E a chegada de Oliver Thomas, no dia 25 de junho, quase que nascendo no dia do meu aniversário real, segundo minha mãe, dia 27 (fui registrado pelo meu avô José Gembarowski no dia 25 de julho), aumentou mais ainda a alegria e a felicidade familiares. Clarissa e Sam foram para o Hospital de Walla-Walla, quase na divisa com o Estado de Washington, para o nascimento dele. E que menino lindo que chegou! Fiquei com as meninas e as levei para o Hospital duas horas após o seu nascimento. As fotos que tiramos e já mostramos dão alguma dimensão do que foi a vinda de Oliver. Toma leite bastante, chora quando precisa ser trocado, e já cresceu e aumentou de peso. Temos ainda a curiosidade de que cor são os seus olhos. Por enquanto, um acinzentado pode chegar à cor azulada.

Ganhei uma camiseta, presente da Jenny, uma das amigas da Clarissa e mãe da Kristen, menina da idade da Paula que buscamos nas últimos semanas na sua escola e a levamos às aulas de natação, devolvendo-a à escola ou ao local onde as crianças almoçam.

Conheci muita gente, sim, vizinhos, amigos diversos de minha filha e do meu genro. Conheci pessoalmente as famílias Bill e Shirley, com a filha; Larry e Dorothy Larson; e mais Bob e sua mulher, eles que foram responsáveis por acolherem Clarissa quando ela veio para Pendleton participar do Intercâmbio Internacional de Jovens de Rotary, vinte anos atrás.

Fui algumas vezes ao Rotary Club de Pendleton, um pessoal amável e animado, tendo oportunidade de conviver com seus sócios, líderes em suas profissões. Por algumas vezes sentei com o diretor geral do jornal East Oregonian, Murdoch, e com algumas de suas diretorias executivas, também companheiras rotarianas. Recebi do clube uma linda flâmula e deverei enviar do Brasil a flâmula do meu clube, o RC de Curitiba, que nesta gestão rotária do afilhado Fábio de Souza Neto está completando 75 anos.

Meu lado culinário teve que ser melhorado, pois cheguei a fazer arroz e feijão, espetinho, bolinhos de batata. Tentei um dia inventar uma receita com ervilhas, mas - embora por educação a Clarissa tivesse elogiado - não pegou bem. Vou ter que dar uma ajeitada nos ingredientes e no tempo de preparo. Na nova churrasqueira do Sam, assamos carnes diversas e cebolas, que foram bem apreciadas em muitas oportunidades.

Fiquei responsável pelo novo ajardinamento aqui. Fiz testes, semeei diversos tipos de flores, limpei os canteiros, revirei terra, reguei tudo todos os dias, plantamos abóbora, cenoura (só na segunda tentativa funcionou), espinafre, endro e tomates, dos quais já colhemos alguns frutos. Se não ficou uma brastemp, seguramente me deu noções de como plantar flores numa região super seca, onde você tem que irrigar duas vezes por dia os canteiros para ter algum sucesso. É impressionante como os moradores daqui cuidam dos seus jardins e de suas flores. São petúnias, dálias, orquídeas e dezenas de outros tipos de flores que 'afloram' e perfumam os jardins.

Bom, que mais? Já descrevi as diferenças e as semelhanças entre costumes e jeitos brasileiros e norte-americanos. Já abordei a vida de primeiro mundo que os friends têm, embora distantes uns dos outros. Abraços e aproximações maiores, como acontecem entre brasileiros, dificilmente ocorrem. Eles, entretanto, têm uma forma própria de comunicação, mais para a impessoalidade no meu ângulo de analisar. Cada um cuida de sua vida e se importa pouco com os outros. Mas sempre há pessoas, como o vizinho Dan, que nas horas necessárias estão prontos para ajudar. E os conhecidos se ligam e ficam à disposição para eventuais emergências e necessidades.

Sim, passar 100 dias fora do seu ninho, ou longe de suas coisas e cacoetes diários, pode parecer difícil nos primeiros momentos. Mas é super especial você poder se dar quase três meses para a família e curtir por várias vezes a culinária da Cristina, que veio em fins de junho e que fez pierogis e outros pratos aqui que mataram as saudades. E deixou um estoque montado para o pessoal daqui.

Voltaremos ao nosso reduto na próxima semana, claro que sempre com a sensação de que a vida é bela, se a gente puder e souber curtir.

4 comentários:

Cass Surek disse...

Boa descrição. :) Seja benvindo de volta - nós e a Luda estamos com saudades. :) []s Cass

Miecislau Surek disse...

Opa, que bom que alguém tem saudades, nem que seja a Luda também.

Anônimo disse...

Pai, estamos nas espera de novas msgs de blog, dessa vez para saber tua ótica ao voltar ao BR. Abração e saudades!

Miecislau Surek disse...

Verdade, eu idem. Mas devo restabelecer meus artigos neste final de semana, depois das viagens que fiz a SC e RS a trabalho.