domingo, 1 de julho de 2007

Nós, analfabetos digitais e virtuais

Considere-se uma pessoa privilegiada se, por acaso, você não se sentir excluído em conversas com pessoal mais jovem quando o assunto gira em torno de internet, computador, softwares, aplicativos, e-mails, web, etc. Esse isolamento pode não ser tão evidente se essas pessoas jovens do seu contato têm um certo discernimento, alguma relação mais próxima com você.

Eu, antes de me aposentar (fato acontecido em 91), ali pelos fins da década de 1980, olhava para alguns micro-computadores instalados numa só sala da então Assessoria de Relações Públicas da Copel como uns bichos de sete cabeças, uns monstros imaginários que - pensava - nunca entrariam na minha vida. Ainda mais quando estivesse aposentado, usufruindo das anunciadas benesses de um descanso dito merecido por ter trabalhado mais de 32 anos.

Pois um pouco antes de decidir me aposentar, tive que tomar contato direto com a computação gráfica, mercê de ter assumido, como mais dois sócios, o jornal chamado LUD (O Povo), que estava com dificuldades de se manter e continuar circulando em vista de seus custos de produção, pois era feito ainda com linotipagem.

Pois bem, com meus dois sócios e mais meu filho Cassiano, então com 14-15 anos, e com ajuda de um pessoal especializado da Copel, montamos um projeto em que o jornal saiu da linotipo e passou diretamente para a computação gráfica. E foi uma grande viagem. Primeiro, para imprimirmos em off-set, tínhamos que compor em linotipo os textos em ambas as línguas, português e polonês, tirávamos uma prova em papel branco e levávamos para o fotolitagem. E dali para a impressora, normalmente contratada na praça de Curitiba.

Mas, com o projeto de computação gráfica, o problema seria ter um programa que compusesse no idioma polonês. Descobrimos que em Chicago, o jornal diário polonês dali estava mudando seu sistema para a computação eletrônica. Fomos lá, eu e meu sócio Paulo, e trouxemos o programa WordPerfect. Cassiano, lendo o manual, soube como criar as letras polonesas em DOS e passamos a fazer o past-up a partir das tiras compostas pelo programa. Claro, tínhamos que aprender tudo para modernizar o jornal.

Podemos dizer que o LUD, que só perdia em idade para a Gazeta do Povo em alguns meses, nessa época, 1989 a 91, passou a ter custos menores e se tornou um veículo bastante atraente para a comunidade e para os leitores eventuais que apreciavam e apreciam a cultura polonesa e polônica.

Tivemos verdadeiras peripécias para eletronicar esse jornal: saímos da linotipo e do past-up para o windows. Trouxe eu de Varsóvia, em 1991, o windows polonês, com nosso pessoal tendo que sair e entrar nos sistemas quando fosse editar textos nas duas línguas. Continuamos usando o WordPerfect e entramos na montagem de páginas com o programa Ventura, usado pelos principais jornais na época. Depois, com a evolução eletrônica, isso menos de 15 anos atrás, usamos e abusamos dos novos sistemas, pois as composições pelo windows permitiam compatibilizações de idiomas. O PageMaker, então, foi uma coisa extraordinária pela facilidade gráfica que nos permitia fazer o jornal semanal em poucas horas.

Enfim, quando levanto algumas passagens vividas no campo gráfico, com o aprendizado forçado da chamada cibernética (que termo mais ultrapassado!) para assimilar uma nova forma de atividade, e esta foi bastante curiosa que devemos abordar mais qualquer dia destes, chego a me divertir quando alguns mais jovens comentam assuntos da informática dando-nos a impressão de que somente eles conhecem o tema...

4 comentários:

Cass Surek disse...

E dá-lhe Vu-Pê para fazer o polaco no computador! :)

Miecislau Surek disse...

Sim, embora isso fizesse parte de mais estórias da edição do LUD. Um dia, meu sócio e editor em polonês Jorge Morkis, uma grande figura como gente, jornalista, padre, pessoa na acepção da palavra, ligou para o digitador que nâo entendia a língua polonesa e ditou duas palavras para corrigir uma manchete do jornal. W e P. Como em polonês a pronúncia do W é vu, ele ditou assim como se fala. Ainda bem que vi antes de editar a manchete errada com a palavra por extenso vupê no jornal, parte polonesa. Foi uma risada que até hoje ecoa nas lembranças da vida de quem participava do empreendimento cultural...

Miecislau Surek disse...

Duas correções no meu comentárioÇ há ali um não com acento circunflexo e não era duas palavras e sim duas letras... Mania da gente tentar ou ser perfeccionista e pedir desculpas pelos erros cometidos!...

Miecislau Surek disse...

e chega de continuar corrigindo o que está feito...