segunda-feira, 25 de junho de 2007

Então, tá.

Há uma nova expressão jornalística, mais politica do que econômica, para deixar no final da notícia aquela insofismável certeza de que tudo está ou será aceito como normal ou insolúvel no reino da fantasia, em que o governante acha ser o rei e os habitantes eleitores seus vassalos. Reino deve ser entendido como governos municipal, estadual ou nacional.

- quando alguém explica que a Contribuição Provisória de Movimentação Financeira, há tanto tempo vigente como provisória, não pode acabar porque isso seria um baque no orçamento da União. Ninguém diz que a saúde, principal alvo de melhoria através da CPMF, está longe de melhorar e que os recursos são desviados para outros setores, nada essenciais à República. O consolo é: então, tá.

- quando alguém próximo ao Presidente, um irmão mais recentemente, é envolvido em denúncias, comprovadamente, eis que o irmão mais poderoso afirma que doa a quem doer, tudo deve ser apurado e se ele estiver envolvido, que seja punido. Na seqüência das investigações, o nome do irmão envolvido sai do processo, afinal ele é apenas um carneirinho pequeno, uma peça muito pequena no grosso calibre da corrupção nacional. Dito mais ou menos assim pelo irmão mais poderoso. A resposta diante disso: então, tá.

- por uma lei estadual, no Paraná, agora a colocação de aparelhos que separam o ar dos canos de água que abastecem casas, condomínios e outros usuários somente poderá ser feita pela empresa concessionária e se deduz que com modelos de equipamentos que apenas a empresa mais privada que estatal define. É que se jurava que a água encanada no Paraná não continha ar... Até um comunicado oficial da empresa foi publicado sobre isso, de que de forma alguma havia ar nos canos. Mas, agora só ela pode instalar equipamentos que separam o ar da água. Então, tá.

- um jornal americano, The New York Times, desta semana, revela um impasse entre dois distritos de Nova Jersey: aplicar ou não madeira do Brasil no cais local. Um grupo acha que usar ipê brasileiro, mesmo com certificação legal de retirada, seria incentivar o desmatamento da Amazônia. Outro grupo acha que uma coisa nada tem a ver com a outra. Enquanto isso, está sendo impedido o uso da madeira importada do Brasil, devidamente legalizada. Então, tá.

- um deputado estadual que já foi secretário ambiental, no Paraná, descobriu que o mau cheiro que estava circulando no recinto da Assembléia Legislativa não era proveniente das diversas bancadas partidárias ali lotadas e representadas, era dos esgotos, sim, do prédio que abriga o Legislativo, cujos dejetos iam direto para as águas do rio que passa por ali. Denúncias daqui, explicações dali, eis que o comando da Casa, depois de negar tudo, anuncia finalmente que está sendo concluída a reforma que corrige os problemas de esgotos da nossa Assembléia. Então, tá.

- na esfera do Município de Curitiba, a Câmara tem instalada uma comissão para averiguar invasões de áreas legalizadas, privadas ou de domínio comum público, e passa a convocar e convidar pessoas que estariam sendo visadas como mandantes dessas invasões ou apenas como sabedoras do que acontece no pedaço. Pois não é que um cidadão, que preside o partido que não conta com vereadores de sua legenda no Legislativo, provoca celeuma dizendo que ele não tem porque comparecer ali, não reconhece a legitimidade da comissão e nem dos vereadores. E o tema fica nesse vai-e-vem, gasta-se recursos e tempo para o debate, as invasões continuam e ninguém é responsabilizado. Então, tá.


E assim poderíamos viajar nessa sensação inconformável do Então, Tá. Mas nossos caminhos teriam que ter um cunho mais otimista. Então, tá.

Um comentário:

Jeea disse...

O Lula afirma que o país está na sua melhor fase dos últimos 100 anos, o qu ese lê contra é devaneio de jornalistas. Então tá!